É o descaramento total. O governo pretende ir, novamente, à carteira dos pensionistas para “roubar”, em 2016, seiscentos milhões de euros. Há aqui uma atitude gangster, um esbulho próprio de uma cambada de políticos malfeitores. Foi a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), são, ainda, as taxas e sobretaxas, o aperto nos escalões do IRS, o aumento das contribuições para os sistemas de saúde, o IVA, o pavoroso e inexplicável IMI, onde se paga, escandalosamente, para viver numa casa que não pertence ao Estado, é o facto de há vários anos as pensões estarem congeladas, o que significa perda de poder compra, é a água, a energia, as comunicações, é a substancial redução dos direitos sociais, é a situação de pensionistas a aguentarem a vida dos filhos desempregados e, como se isto não bastasse, querem dar mais um golpe, uma cacetada, rasgando e mandando para o lixo contratos, baseados na Lei, assumidos de boa-fé, presumia-se, com os trabalhadores. Os que cumpriram, sem piar, quarenta e mais anos de descontos, concluem, uma vez mais, que o Estado português não é pessoa de bem. É rasca!
Condenam o BES e todos os outros banqueiros que geraram situações imperdoáveis, mas, afinal, comportam-se de forma idêntica. Uns foram literalmente enganados com a história do papel comercial com retribuição garantida, diziam; no caso dos pensionistas fazem tábua rasa dos contratos assumidos. Só o nome do “papel” é que muda porque os comportamentos são semelhantes.
Vivemos num Estado ladrão, armado até aos dentes, perante um povo indefeso. Um Estado que debita sem a nossa expressa autorização. Gentalha que não governa para o povo, mas para a cadeia de interesses faminta de dinheiro fresco. Quem governa não actua nas causas, junto dessa cáfila de especuladores do “deus mercado”; quem governa não mostra os dentes a essa Europa de vários discursos que, subtilmente, transfere com uma mão e esfola com a outra; quem governa apenas segue a liturgia do dinheiro, da ganância de uns à custa da pobreza de milhões. Não falam em melhorar as condições de vida das pessoas, mas na redução do preço do trabalho. Espantoso.
Talvez para alimentarem os “cofres cheios” (que ridículo), segundo a expressão da Ministra das Finanças. Não é de estranhar, por isso, que os pobres estejam cada vez mais pobres e a fugirem do país (os que podem), ao mesmo tempo que crescem as fortunas, muitas, mal explicadas. A classe média, essa, dia-a-dia está a ser dizimada em nome dos “mercados”. É tempo de acabar com esta pouca-vergonha, com a mentira, com a verdade conveniente atrelada à ameaça, por parte de partidos que são, apenas, correias de transmissão de outros execráveis poderes. A falta de vergonha é tal que nem recuam sabendo da óbvia inconstitucionalidade das propostas. E o Presidente da República… moita! Raios-os-partam.
Ilustração: Google Imagens.
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