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sábado, 1 de agosto de 2015

DESEMPREGO: A MENTIRA CONTINUA. "PORTUGAL DEU A VOLTA", DIZ O GOVERNO!


Gostaria de saber como é que a estatística do desemprego é elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística. Obviamente que segue regras europeias e, portanto, não há possibilidade de apresentar taxas que não correspondam a tais regras. Parto desse princípio. A questão é saber se as regras estão engendradas no sentido de não se conseguir saber a realidade. Julgo que aí reside a desconfiança entre a verdade e as taxas apresentadas. Soube-se que a taxa de desemprego se tinha mantido inalterada (12.4%) que corresponde a cerca de 636,4 mil pessoas, face a uma estimativa (provisória) da população empregada de 4.492,7 mil pessoas. Será mesmo assim, quando as filas à porta dos centros de emprego impressionam? Tenho sérias dúvidas. Vejamos as contas e posições de dois partidos.


O PS considerou que relevante é o facto de, ao longo de quatro anos os “empregos destruídos” terem sido de 203.000 e que “a maioria dos desempregados não está reflectida” nos números anunciados. Aos desempregados contabilizados pelo INE há que acrescentar “todos aqueles que foram obrigados a emigrar”, os desempregados que deixaram de procurar emprego e os desempregados que frequentam programas ocupacionais que não contam para a estatística. E sendo assim, somando estes desempregados aos números do INE, a taxa de desemprego dispara para lá dos 20%, aproximando-se mesmo dos 25%. Por seu turno, o Bloco de Esquerda (BE), na mesma linha de pensamento, salienta que as estatísticas oficiais do desemprego “não traduzem toda a realidade”, que a taxa se aproxima dos 25% porque “há três ou quatro realidades, nomeadamente estágios, formações, pessoas que desistiram de procurar emprego porque não conseguiam, ou a emigração, que fazem com que estas pessoas saiam das estatísticas”.
Se os deputados na República assim o dizem, aspectos, aliás, há muito conhecidos, a questão que se coloca é que, pelo governo nada se sabendo, talvez devesse corresponder ao próprio INE o esclarecimento. Temos o direito a uma informação clara através do cruzamento de dados susceptíveis de possibilitarem uma aproximação à taxa real em contraponto com a taxa consequente da aplicação das regras. É evidente que quem emigra ou desiste de procurar emprego não conta, tal como aqueles que se encontram em formação e estágios, beneficiando de alguns programas precários sem a expectativa de continuidade. Mas a verdade é que a maioria procurou e não encontrou e muitos dos que se encontram em formação ou a frequentar um qualquer estágio não têm, à partida, emprego garantido e muito menos estável. Certo?
Diz o Ministro Mota Soares que "Portugal deu a volta". Eu diria que em tempo de Volta a Portugal em Bicicleta, mesmo de "mota", ele deveria dar a volta ao país e escutar a realidade. Talvez ficasse a conhecê-la. Depois, que nos venha dizer quantos estão em formação, em estágios, em programas ocupacionais e quantos emigraram. E que nos fale, também, sobre a “degradação da qualidade do emprego, dos salários e da protecção social”.
Senhor Ministro, 12,4% de desemprego? Era bom, ora se era, quando o próprio FMI diz que precisamos de 20 anos para chegar aos 7%! Na Região da Madeira, só entre jovens, o desemprego assume valores preocupantes: "a mais alta taxa de desemprego do país (27,8%) em 2014, agravado pelo facto de entre esta população com 15 a 34 anos, quase 23% nem sequer estava a cumprir a normal formação escolar ou mesmo uma formação profissional passada a fase da escolaridade obrigatória". (fonte DN-Madeira)
Ilustração: Google Imagens.

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