Esta pré-campanha está muito serena para o meu gosto. Há importantíssimos assuntos que deveriam estar a ser dirimidos entre as forças concorrentes. Parece-me que os principais líderes nacionais optaram por se fazerem de "mortos" por motivos estranhamente semelhantes. O mês de Agosto, o sol e o calor não justificam tanta serenidade. A discussão anda por aí nos fait-divers dos cartazes, se são apelativos ou não e se os protagonistas pertencem a um banco de dados ou não. As mensagens lá inscritas, essas, que constituem o fulcro das nossas preocupações, parece pouco ou nada contarem. Mas quero eu lá saber se a figura x ou y pertence a um banco de dados! Desejo é saber o que pensam os partidos sobre o emprego, sobre a pobreza, sobre os impostos, sobre as políticas educativas e de saúde, sobre a dívida pública portuguesa e, em geral, sobre esta desgraçada Europa subjugada à Alemanha. Grandes temas que impõem grandes soluções e posições.
Por aqui, como se isto fosse uma campanha autárquica, há quem fale de um porto de pesca, da separação dos alunos entre bons e maus, da violência, enfim, de situações que, não me levarão a mal, são menores relativamente ao que está em causa em umas LEGISLATIVAS NACIONAIS. Não assisto a uma discussão séria e frontal no que concerne à estrangulante dívida pública regional e os compromissos a assumir no quadro da República ("perdão" de uma parte da dívida, que não dispensa a respectiva investigação sobre quem a gerou); nada se fala da quase "morte" do Estatuto Político-Administrativo e concomitante Autonomia que hoje só existe no papel (Lei quê, de valor reforçado?); nada se fala da Constituição da República no que concerne ao elenco das matérias de "reserva absoluta de competência legislativa" e "reserva relativa de competência legislativa" da Assembleia da República (Artigos 164º e 165º); não se assiste a um debate profundo sobre a Madeira enquanto Região Ultraperiférica. E andamos nisto. Pelas figuras dos cartazes, pelas promessas muito localizadas e completamente desfocadas do que está em causa.
Entretanto, ficam os "mitos urbanos" de Passos Coelho sobre os quais julgo que se impõe uma discussão.
Ilustração: Google Imagens.
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