"Já tenho a minha idade, uma grande mão-cheia de cabelos brancos e molhos de rugas. Mas com isto tudo não perdi, felizmente, a capacidade de me indignar. Com os factos mas, sobretudo, com a desfaçatez e o desplante com que são apresentados até porque tenho o hábito de, mais que às grandes discussões, dar atenção às pequenas coisas de aparência inocente, às vezes depois ‘justificadas’ como lapsos, mas sempre com uma fortíssima componente ideológica.
Já não suporto ouvir nem ver o primeiro-ministro. Não suporto que faça da mentira permanente o seu modo de vida político. O país está pior, nós estamos bem pior, a realidade é o oposto do que ele propagandeia – mas, como se todos fossemos uns idiotas estúpidos, ele finge explicar com um ar falsamente compungido, que tem muita pena mas não há alternativa, a tentar disfarçar o olhar cinzento, distante e frio.
E também já não se pode ver nem ouvir o resto do governo, a começar pelo seu vice “As mulheres sabem que têm que organizar a casa e pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos”. E este é mesmo o retrocesso civilizacional que ele quer. Mulheres tornadas novas fadas-do-lar, subservientes, que não trabalhem fora de casa, que não partilhem decisões, que não tenham intervenção política, que sejam civicamente amorfas. Ah! e já agora – que nem pensem decidir sobre uma dolorosa, mas necessária, interrupção de gravidez.
E depois vem o Crato, a Assunção, o Poiares, a Maria Luís, o Lomba, o Barreto Xavier, o…, o…, o… – numa infindável sucessão de gente que faz da arte de ‘bem nos levar à certa’ o seu mister! (...)"
NOTA
Excerto de um artigo de opinião da Drª Violante Saramago Matos, publicado na edição de ontem do DN-Madeira. Ler texto completo, aqui.
Ilustração: Google Imagens.
O DIA SEGUINTE
"Sejam quais forem os resultados, a política portuguesa muda muito no dia seguinte às eleições.
Se o PAF ganhar, haverá pela primeira vez em Portugal um forte reforço da direita política e ideológica, cimentada por uma poderosa coligação de interesses económicos. Na verdade, esse reforço já existe, mas devido à forma como correu a campanha de 2011, a sua legitimidade e liberdade de acção estavam coagidas. Pode não conseguir cumprir o seu programa não escrito e a sua agenda escondida, mas uma onda de arrogância política abrirá caminho para muitos ajustes de contas.
Os alvos serão os sociais-democratas do PSD, os democratas-cristãos do CDS, os socialistas de esquerda, os sindicatos, os reformados e pensionistas, os trabalhadores da função pública, os municípios que não sejam do PSD, os trabalhadores com direitos, os desempregados de longa duração, etc."
NOTA
Excerto de um artigo de opinião do Dr. José Pacheco Pereira, publicado na última edição da revista Sábado. Ler texto completo, aqui.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário