Passei os olhos pela generalidade dos principais órgãos de comunicação social e todos dão a vitória no debate ao candidato Dr. António Costa. Mesmo no online dos semanários a supremacia do candidato do PS não deixou dúvidas. Porém, relativamente a uns, fiquei com a sensação que tiveram dificuldade em aceitar tal facto, mas, de qualquer forma, assumindo que Passos Coelho não esteve bem. Até uma jornalista, julgo da Rádio Renascença, esta manhã, sublinhou que, agora, decisivo, decisivo, será o debate exclusivamente na rádio. Porque aí, disse, não se vêem os incómodos, a expressão e a empatia transmitida. Aí serão as palavras que contarão. Espantoso! Outros comentadores centraram as suas apreciações naquilo que gostariam que o debate tivesse sido e não aquilo que acabou por ser. Ora bem, qualquer debate deve ser analisado em função do que aconteceu, face às perguntas colocadas e às respostas obtidas e não por aquilo que o espectador, através das suas preocupações e posicionamentos particulares, repito, gostaria que tivesse sido. Por exemplo, eu, com particular interesse na política educativa, não tendo escutado uma palavra sobre esse importante sector, logo, a avaliar pelo que li e escutei de alguns comentadores, o debate não teria correspondido. Mas não vou por aí, porque o que está é causa é a apreciação global do debate.
Um debate, por maior entusiasmo e expectativa que possa gerar, sendo tantos os temas que a todos nós preocupam, acaba por ser imprevisível nos caminhos que toma. Há inúmeras variáveis que estão em causa, desde a pertinência das questões à atitude dos candidatos que, naturalmente, tendem a conduzi-lo para a sedução dos eleitores. Um debate nunca é aquilo que a expectativa pessoal gera, mas uma realidade construída em torno de objectivos eleitorais. E é neste quadro, defendo eu, que se deve analisar a prestação dos candidatos. Ah, leio, deveria ter sido mais propositivo, mais esclarecedor relativamente ao futuro e menos agarrado ao passado recente! Pois, entendo, mas também não seria lógico, neste debate, ignorar esse passado recente, não trazendo à colação a turbulência social que gerou. E quando um candidato, neste caso António Costa, tocou, sucessivamente, nas feridas que andam a sangrar, o que ele está a querer demonstrar é que a sua proposta política é diferente.
Obviamente que gostaria de ouvi-los sobre esta Europa, sobre o Euro, sobre a questão dos refugiados, a solução para a dívida, o grau de pobreza, as privatizações a eito, o sistema educativo, enfim, sobre temas que nos preocupam, mas regresso ao início, os debates não são aquilo que, individualmente, desejamos, mas aquilo que acabam por ser. Eu quero lá saber se Costa irá agradecer o apoio de Sócrates ou se Passos ou Costa, em caso de derrota, colocarão os seus lugares à disposição! Preferia tê-los ouvido sobre outras questões. Mas foram essas as perguntas dos jornalistas.
Finalmente, tenho como certo que para cerca de 3,4 milhões de espectadores, a maior audiência de sempre, muita coisa ficou esclarecida. E se a questão se resume a quem ganhou, a votação online, à hora que desliguei o televisor, era de 70% de vantagem para António Costa. Até a direita política se rendeu, com o comentador Marcelo Rebelo de Sousa, a assumir: ''Costa ganhou''.
Ilustração: Expresso, online.
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