Esta gentinha da Coligação PSD/CDS parece-me desesperada. Estamos a viver uma campanha eleitoral em que certos sinais são evidentes. Mas se olharmos bem outra coisa não seria expectável. A Coligação, depois destes quatro anos de enormes sacrifícios para a população portuguesa, tem de vender o seu produto, como um recomendável, ignorando todos os efeitos nefastos que produziram e continuam a produzir. E, então, qual bengalinha, ou melhor, qual bode expiatório, lá vem, directa ou indirectamente, o anterior governo e José Sócrates. Desonestamente, quatro anos depois de tanta promessa, ignoram que a crise foi externa e que se espalhou por toda a Europa, ignoram que o mesmo ex-primeiro-ministro, no primeiro mandato, trouxe a dívida pública de mais de 6% para menos de 3% do PIB, ignoram o combate à pobreza, o reforço dos direitos sociais, o 12º ano, as energias renováveis, a abertura aos mercados externos de que hoje Portugal beneficia, a baixa do preço dos medicamentos, as novas possibilidades à investigação científica, as ligações ao interior do país, e muito mais. Agarram-se, apenas, ao lado negativo (erros de governação todos têm e José Sócrates e os seus governos, não estão imunes), para no mais sórdido dos ataques, produzirem declarações cujos efeitos assemelham-se aos que atiram pedras tendo telhados de vidro. Lamentável.
Li em: https://vaievem.wordpress.com/
"Paulo Rangel, deputado europeu e figura proeminente do PSD, fez na universidade de verão do seu partido um ataque descabelado à justiça. Querendo atingir António Costa e o PS, porém saiu-lhe o tiro pela culatra. Ao perguntar aos jovens que o escutavam se “Alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um primeiro-ministro sob investigação?”, Rangel disse várias coisas ao mesmo tempo:
- que José Sócrates foi investigado e está preso porque o PSD (e o CDS) estão no governo. Logo, dá razão à tese do próprio Sócrates de que é um preso político;
- que a justiça é controlada pelos governos e só investiga políticos quando os partidos a que pertencem não estão no governo;
- que Passos Coelho não foi investigado nos casos Tecnoforma e dívidas à Segurança Social porque o PSD está no governo;
- que Paulo Portas não foi investigado no “caso submarinos” porque o CDS está no governo;
- que Miguel Macedo, ex-ministro do PSD, não foi ainda constituído arguido no caso “vistos gold” porque o PSD está no governo;
- que Marco António Costa não foi ainda constituído arguido no caso Câmara de Gaia porque o PSD está no governo.
Conclusões que podem ser extraídas das declarações de Paulo Rangel:
quando o PSD não estiver no governo Passos Coelho será investigado sobre os casos acima citados;
idem para Miguel Macedo; idem para Marco António Costa; quando o CDS deixar de estar no governo Portas será´investigado no “caso submarinos”.
E assim, de uma penada, Paulo Rangel faz de procuradores e juízes meros paus-mandados do governo que estiver em funções.
O que é que Passos Coelho tem a dizer à “lição” dada pelo seu ex-rival aos futuros quadros do PSD?"
O leitor que retire as suas conclusões. Mas antes, leia Ricardo Costa, no Expresso:
"As declarações que Paulo Rangel fez no sábado sobre a justiça são erradas. Mas não foram feitas ao acaso. Foram um erro propositado. Paulo Rangel recorreu a um truque retórico clássico: o de se dizer uma coisa sabendo que toda a gente vai entender outra. É certo que assim pode defender-se com o que disse e que, palavra por palavra, mais não é que uma ligeira insinuação. Mas o objetivo pretendido é inaceitável. Porque ao tentar ganhar votos, não lança apenas uma suspeita sobre o PS, mas uma perigosa dúvida sobre a Justiça que, aos seus olhos, se deixa domesticar."
Ilustração: Google Imagens.
Ilustração: Google Imagens.
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