Eu sei como se mobiliza gente de um lado para outro, a fim de parecerem muitos a demonstrar uma força que, na prática, é duvidosa. Sei o que são mega-jantares e como a mobilização é feita. Lembro-me, em uma das últimas campanhas eleitorais, um repórter ter entrevistado um sujeito que tinha ido a vários jantares de várias forças políticas. Porventura, esse até nem votou. Sei lá! Daí que, quando assisto às reportagens eleitorais não me deixo influenciar pelos designados "banhos de multidão".
Outra coisa, porém, é considerar sem significado certas concentrações. Há centenas que comparecem por absoluta convicção política e partidária. O que me causa espanto e daí as minhas reservas, é a existência de alguma euforia a favor de Passos Coelho e de Paulo Portas, transversal a jornalistas e comentadores, como se essa dupla (PSD/CDS) não tivesse qualquer responsabilidade na legislatura que agora termina. Há uma amnésia que impede ver as indignidades políticas cometidas ao ao longo de quatro anos. E tantas que foram. Que lhes impede constatar que, apesar dos sacrifícios, estamos piores do que há quatro anos. Basta atentar na dívida que aumentou trinta mil milhões. Mas isso pouco interessa. Se têm ou não programa logo se verá, importante é discutir e menosprezar o programa dos outros, ao mesmo tempo que tais senhores geram o medo por qualquer mudança. Como se a verdade fosse única e como se não existissem outros caminhos políticos capazes de fazer de Portugal um país onde valha a pena viver. Tanto colocam alguém no topo, como fazem descer aos mais baixos níveis de credibilidade. A propósito, Ben Baddikiam, citado por Jorge de Campos (A Caixa Negra, 1994, pág. 106), relativamente ao comportamento dos emissores, salienta: "os senhores da aldeia global têm a sua própria agenda política e resistem a quaisquer mudanças económicas e sociais que não se ajustem aos seus interesses financeiros. Juntos eles exercem um poder homogeneizante sobre as ideias, a cultura e comércio que afectam as maiores populações de que se tem conhecimento desde sempre. Nem César, nem Hitler, nem Roosevelt, nem qualquer Papa tiveram tanto poder como eles para moldar a informação da qual tantas pessoas dependem para tomar decisões sobre as mais variadas matérias: desde em quem votar até ao que comer". Na verdade, os gestores dos media criam, processam, refinam e presidem à circulação de imagens e informações que determinam as crenças e atitudes e, em última instância, o comportamento. Quando produzem, deliberadamente, mensagens que não correspondem à realidade da existência social, os gestores dos media acabam por se tornar gestores das mentes. (Shiller, H. The mind managers, 1972). Aguardemos por Domingo.
Ilustração: Google Imagens.
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