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terça-feira, 27 de outubro de 2015

PRESIDENCIAIS. PORTUGAL PRECISA DE UM PRESIDENTE DISTANTE DO SUBTERRÂNEO DA POLÍTICA


Marcelo Rebelo de Sousa é, no plano político, um produto da comunicação social. Não o conheço, pessoalmente, daí que possa estar a incorrer em um qualquer erro de apreciação. Mas por aquilo que vou seguindo, desde a história (lamentável, mas caracterizadora) da tal vichyssoise servida em Belém (aqui), do Professor Marcelo tenho a ideia de ser, repito, politicamente, uma pessoa que passa os olhos por toda a comunicação social, tem uma boa lista de contactos telefónicos que o informam em detalhe e um razoável poder de verbalização das suas sínteses. Pouco mais do que isso. Foi presidente do PSD sem sucesso e tem andado por aí, nos últimos anos, como comentador de assuntos de natureza política. Deu notas semanais (!) e apresentou centenas de livros, transmitindo uma imagem de uma vastíssima cultura (?).

Professor Doutor Sampaio da Nóvoa

Nele não acredito. E o que me incomoda enquanto cidadão é que alguns querem levá-lo ao colo até Belém. Não tenho presente uma única iniciativa sua que tivesse marcado um tempo. Ademais, a minha posição é cada vez mais clara: precisamos de um Presidente político e jamais partidário. Precisamos de alguém que prime pela novidade, que não tivesse andado nem ande pelos corredores e pelo bas-fond dos partidos. Precisamos de um Presidente que seja o contrário do que tem sido o Professor Cavaco Silva, um político que nunca conseguiu despir a sua capa partidária, demonstrou arrogância e algum indisfarçável ódio por quem o combateu. O momento que atravessamos exige alguém com bom senso, que seja socialmente respeitado, que tenha idoneidade académica, uma grande sensibilidade pelas causas sociais, seja capaz de ouvir e de não ter língua travada neste mundo extremamente conturbado, alguém que não fique deslumbrado e que se venda aos primeiros com quem tiver de tropeçar. A Presidência no Portugal de hoje dispensa, permitam-me a expressão, toda a rataria interesseira que se move no quadro das correias de transmissão dos inúmeros poderes nacionais e externos. É, por tudo isto, que não acredito no Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Considero-o demasiado plástico, ou melhor, feito de uma plasticina que não me agrada. Prefiro a independência de alguém que brota da sociedade, em cujo currículo não exista percursos politicamente duvidosos. 
Há muito que defini a minha posição. Estou com o candidato Professor Sampaio da Nóvoa, por quatro essenciais motivos: provém da academia onde tem um trabalho reconhecido pelos seus pares; sabe e já o denunciou em inúmeras oportunidades, que a Educação e a Ciência são o melhor caminho para Portugal crescer e desenvolver-se; é humilde, sabe ouvir e tem uma enorme sensibilidade social; finalmente, porque aprecio a sua independência. Não é que encontre mal algum nos candidatos que emergem dos partidos, respeito-os, só que, no momento que atravessamos, extremamente complexo, o distanciamento e a capacidade de abrangência parecem-me relevantes. Enfim, se Marcelo, "o humilde servo de Salazar", pensa que tem isto no papo logo à primeira volta, desengane-se! Quero lá saber que prescinda de algumas ditas "mordomias" atribuídas aos Presidentes da República após deixarem o cargo! Essa é das balelas populistas que não colhem. Aliás, sustento que um Presidente, após ter desempenhado a sua função, deve usufruir da dignidade inerente à mais alta Magistratura desempenhada, até porque continuará a ter tarefas de relevância no plano interno e externo. Até por aí, Marcelo não convence.
Ilustração: Google Imagens.   

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