O Director do DIÁRIO, Dr. Ricardo Oliveira, manifestamente ofendido, acabou por escrever um texto doce, explicativo e não justificativo, directo mas não ressabiado, que li e reli, mastigando palavra a palavra, trazendo em memória a longa história inscrita na matriz genética de quem por aí anda, há quarenta anos, fazendo de conta que bem governa. Daí que não estranhe a repetição dos actos, a mal formação congénita, onde não há "renovação" que assista e quebre. É assim. Em uma das passagens do artigo, salienta o director do DN: "(...) Temos dado notícia da aselhice constante. Daí que alguns prefiram insultar o “pulha do director” do DIÁRIO do que honrar os compromissos que assumiram. Nem todos temos estudos ao nível da malta do Gabinete mas sabemos que não é relegando para segundo plano os mais capazes que a meritocracia se instala, que não é dispensando os visionários que se legitimam fantochadas, que não é na adega que se faz vinho! Um mandato vive de obras e um Presidente de inaugurações. Mesmo em tempo de vacas magras, não são os olhos azuis que ganham eleições. São os favores e as cunhas que a família social-democrata instituiu e dos quais ainda é refém. Não estou à espera de desculpas por parte de quem o poder foi oferecido à conta de estatutos que não resultam do sufrágio livre. Nunca 300 valeram tão pouco. Só que enquanto este "pulha" dá a cara, os honestos e íntegros refugiam-se no anonimato cobarde. (...)"
Não conheço a profundidade do que se passa nem quero saber. Detesto a bisbilhotice. Só que este texto tem muito que se lhe diga. Foram tantos, ao longo de anos, insultados e ofendidos, até perseguidos, oposicionistas que chamando a atenção e intervindo democraticamente foram encostados à parede com vilipêndios de caixão à cova e ameaças na Justiça. Pois é, pergunto, alguém poderia esperar alguma coisa diferente, quando a máquina é a mesma, o óleo é de idêntica marca e as peças substituídas foram conseguidas sabe Deus como? Para mim, mero observador, o que durante anos fizeram aos outros está a rebentar nas próprias mãos, no sarilho de uma unidade inexistente, nos silêncios que dizem tudo e nas pinturas externas com tintas de baixíssima qualidade. As paredes apresentam fissuras e parece não haver bombeiros que cheguem para tanta ignição. Há mais maquilhagem que governo. Qualquer pessoa atenta sabia que o futuro seria assim. Mas houve quem os levasse ao colo até à Vigia do povo, pois agora é que era, a tal "renovação" que se ficou pela mudança de casaco! Ganharam pela diferença mínima, mais por demérito de quem deveria ter construído uma alternativa de sucesso do que por mérito das propostas que, se as houve, não dei por elas! Mas ganharam pelo que têm o dever de governar. Mas governar sem atropelos, sem ofensas a ninguém, deixando os vícios legislativos de lado, os do chumbo pelo chumbo. Deve ser difícil para quem sempre andou politicamente drogado, estrábico relativamente à democracia e à coisa pública. Pode ser complicado, talvez, só que os tempos são outros, os olhos abriram-se, a democracia começa a evidenciar outros contornos e exigências, pelo que "pulha", "canalha" e palavrinhas afins devem ser banidas. A minha solidariedade ao Dr. Ricardo Oliveira.
Ilustração: Google Imagens.
Texto integral em:
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/547103-gabinetes-sem-estudos#comment-658532
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