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domingo, 29 de maio de 2016

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS - DEIXEM O POVO AVALIAR E DECIDIR


Paleio político é uma coisa; realidade política é outra. Um entretém os confrades e destina-se ao consumo externo; a outra é sentida pelos cidadãos no seu dia-a-dia. Qualquer pessoa sabe diferenciá-los, mais que não seja pela vivência de quarenta anos de democracia. Quer também isto dizer que uma coisa é o legítimo desejo de ganhar eleições; outra, olhar para a história de todo o processo ao longo dos anos e tentar mascarar o passado, dizendo que “alguns concelhos estão uma autêntica vergonha” onde nem as funções de “limpar os passeios ou as ervas” são executadas. É apenas “conversa fiada e execução zero”, leio no DN-Madeira.


Ora, o presidente do governo da Região da Madeira ao assumir aquelas declarações encaixa-se, exactamente, no quadro do paleio político de entretenimento das hostes. Porque ele domina, enquanto ex-autarca que foi com funções de presidente da Câmara do Funchal, vários desastres que provocaram, sobretudo, o desequilíbrio financeiro da autarquia. Não escrevo partidariamente, mas enquanto cidadão. E o que se sabe, porque é público, é que o Funchal, por exemplo, distante de qualquer "conversa fiada" está a liquidar uma dívida de mais de cem milhões, mas apresenta-se genericamente limpo e com um conjunto de iniciativas que estão a deixar uma marca. O mesmo se passa em Santana, em Machico, em Santa Cruz, Porto Santo ou no Porto Moniz. 
Reconheço ao Dr. Miguel Albuquerque essa legitimidade partidária de querer vencer, mas, de todo, não tem um passado político imaculado. As palavras não podem ser aquelas. Não apenas pela dívida que permitiu, mas pela desestruturação de todo o espaço territorial, pelos desequilíbrios urbanísticos que gerou e pelos silêncios cúmplices relativamente ao todo regional. Que aconteceram, ao longo de vinte anos de sucessivos mandatos, importantes iniciativas (mal seria que não tivessem acontecido), obviamente que sim, mas isso não o legitima para falar de "ervas", de "conversa fiada" e de "vergonha" administrativa e gestionária relativamente aos actuais dignitários autárquicos. Porque isso é, apenas, desonestidade e paleio políticos. 
O que dizer, por exemplo, do seu actual mandado regional, onde o desemprego e a pobreza tornaram-se paisagem?
Ilustração: Google Imagens.

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