Apesar de considerar excessiva a exposição pública, mas ele é assim, o Senhor Presidente da República tem-me surpreendido pela positiva. Até ver. Inevitavelmente, o desgaste acontecerá, até porque o nosso sistema político não tem cunho presidencialista. Mas isso é para depois. Para já, o Doutor Marcelo Rebelo de Sousa tem desempenhado o cargo com significativo agrado da população. O índice de popularidade disso nos dá inequívoca conta.
A visita que está a realizar à Alemanha, obviamente que a compreendo. Somos muito pequeninos no contexto europeu, temos uma voz muito trémula nas diversas instituições, daí a ronda, quase com uma corda no pescoço, para pedir que não nos sancionem por défice excessivo. Logo junto da Chanceler Merkel, aquela que tem como ministro das Finanças um tal Wolfgang Schäuble, impiedoso e intencionalmente esquecido dos anos consecutivos que a Alemanha apresentou défice acima dos 3%. Neste quadro, custa-me, sinceramente, enquanto português, sentir que todos nós fomos (e somos) implacavelmente martirizados com uma estúpida austeridade, condenada por tantos economistas, inclusive, Prémios Nobel, e apesar disso, tenhamos de pedir à Alemanha, "pela influência que tem no seio da União Europeia, que compreenda os esforços e os sacrifícios feitos por Portugal para cumprir os compromissos europeus, reiterando que a aplicação de sanções devido ao défice excessivo seria "injusta", sublinhou o Presidente da República.
Mais, ainda, embora em contextos diferentes, mas para quem não tem memória curta, deve saber que a "27 de Fevereiro de 1953, se celebrou em Londres, com representantes de 26 países, um acordo que concedeu o PERDÃO de metade da dívida da Alemanha pós-guerra. Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estavam a Espanha, Grécia e Irlanda. A dívida total foi avaliada em 32 mil milhões de marcos representando cerca de 150% das exportações da Alemanha em 1950". E hoje oiço o Senhor Presidente da República, após reunião com a Chanceler, dizer que a Senhora manifestou uma grande "compreensão" pelo pedido português. Repito, custa-me aceitar esta subserviência quando se sabe que foi a própria Alemanha que muito lucrou com esta crise "fabricada" externamente. Que cada um retire as suas conclusões, porque, sendo óbvio que teremos de pagar a dívida que assumimos, não nos deveríamos prestar a situações como a de hoje.
Ilustração: Google Imagens.
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