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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

FOGO 2020/21 - LUZ, ARDOR E PAIXÃO


Fujo das palavras de circunstância, das "passas" e desejos que nada dizem, porque logo são esquecidos, da superstição de partir uma peça de loiça ou, ainda, daquela ideia de apertar ouro em uma das mãos, subir a um plano superior e acreditar que 2021 trará tudo o que desejamos. Respeito quem tenha essas crenças, mas, de todo, não é por aí que entendo ser possível almejar um certo grau de felicidade.



Aquele fogo a que vamos assistir, para além da luz, da combinação das cores e dos desenhos momentâneos que extasiam, entendo-o, premonitoriamente, como ardor e paixão. Ardor no sentido de uma sensação interior, que parecendo incómoda, tal como uma campainha de alarme, nos impele no sentido de uma luta com resultados a prazo. O que se mistura com a palavra paixão, isto é, com o sentimento de alterarmos, profundamente, os comportamentos, as atitudes com emoção e de forma impetuosa. 

Não é o champanhe que fará alguma coisa mudar nas nossas vidas, ou as promessas de circunstância que a partir de Janeiro, agora sim, tudo será diferente. Esse não é o caminho. Eu nunca o segui porque sempre entendi que mais vale um compromisso que parta das entranhas do que palrar sons que são, isso mesmo, apenas palavras que nascem e morrem naquele instante. 

Ardor e paixão, por nós, pelos outros e pela comunidade, valem mais que os abraços não sentidos, os cumprimentos egoístas e falsos, os laçarotes para a fotografia, os desnudados vestidos de noite ou quando prevalecem gentes de smoking e lapela de cetim mas descalços até ao pescoço; ardor e paixão valem mais que corações empedrenidos, ausência de capacidade de compreender a vida, compreender o sentido da tolerância, o respeito e a bondade. As "passas" nada resolvem por mais que, pacientemente, as mastiguemos! Não resolvem o amor no sentido mais puro, não resolvem a violência subtil, descarada ou criminosa, não resolvem essa capacidade marcadamente humana de estender a mão e pedir desculpa. Não resolvem os dramáticos problemas sociais, a fome e a miséria social. "Passas", sim, de um ano para o outro e nada mais!


O que resolve, no mínimo atenua, é a existência de homens e de mulheres de coração transbordante, desde logo os que exercendo funções políticas, sabem demonstrar sentido de responsabilidade, equilíbrio nas decisões, capacidade humanista, visão de futuro, competência prospectiva, capazes de entenderem que o exercício da política constitui um serviço à comunidade e nunca um emprego para a vida. 

Apesar de todos os constrangimentos e mortes, de todas as aflições porque passam empresários, trabalhadores e famílias em geral, comemoremos, pois, por mais um ano de vida, de vivência e de convivência, um terrível ano para muitos, sublinho, mas brindemos ao novo ano, onde todos possamos, como vulgarmente se diz, arregaçar as mangas e com a luz que guia, com ardor e paixão fintar o invisível e perigoso que anda por aí à solta, fintar com consistência os dramas das nossas vidas, fugir à tentação da dependência escrava e que a SAÚDE não atraiçoe. Só isso, porque o restante, com trabalho e muito, muito empenho, é capaz de vir por acréscimo.

Um Bom Ano para todos.

NOTA
A esta fotografia, da minha autoria, designei-a por "Abraço de Anjo". Uma foto do espectáculo de fim-de-ano de 2018, que já publiquei em um outro momento, mas que tem um significado muito especial (o fogo gerou duas pessoas abraçadas) porque pode exprimir o meu abraço (alto aí que não sou nenhum anjo) a todos os meus Amigos que por aqui passam, esses sim anjos, por fazerem o favor de lerem estes meus mal alinhavados textos.

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