Nas eleições presidenciais de 2015, votei no Professor Doutor Sampaio da Nóvoa, personalidade que viria a perder com 22,88%, isto é, menos de metade dos votos do Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa (52%). Votei respeitando convicções gerais e pelo seu passado no sensível e importante sector da Educação. Não votei por qualquer proximidade ideológica. Votei na pessoa a partir do que dele li ao longo dos anos.
Ora bem, mas Marcelo se ontem não foi o meu candidato, hoje, decididamente, não será o meu. O quadro político que se apresenta nos próximos anos é muito complexo e tudo leva a crer que a presente coabitação tendencialmente azedará. Dependerá de vários factores. De resto, guio-me por princípios que intui ao longo da vida e por valores que defini como fundamentais. Na política, também. Respeito os princípios e valores de todos os outros meus concidadãos, o que significa, no plano democrático, a reciprocidade, porque a Democracia constrói-se na diferença e no respeito.
Isto para dizer que aprecio a postura da Senhora Diplomata Ana Gomes. Uma Mulher que não procura o politicamente correcto, antes enfrenta as situações com honestidade: "(...) Quando tenho elementos não só falo deles como os carreio para a justiça", disse. Podem, muitos, nas teias partidárias, não gostar dos seus posicionamentos sobre diversas matérias, mas ela é assim, estuda e toca nas feridas. É frontal. Por isso gosto. Não é isenta de erros (?), obviamente que sim, mas quem não erra, pergunto? Se é consensual, não é, simplesmente porque não entra no jogo político que obriga a se vergar. Do partido onde é militante, assumiu: "alguns socialistas até é melhor que não estejam comigo". É, portanto, segundo o meu ponto de vista uma Mulher que faz jus à imagem da liberdade, da democracia e do diálogo com todos: "como diplomata estou preparada para falar com o diabo (...)", sublinhou, recentemente. A este propósito, tenho presente a sua inteligente negociação aquando de Timor-Leste. Os portugueses lembram-se, certamente.
Entregarei o meu voto a Ana Gomes, por aquilo que é e pela sua experiência internacional, como Diplomada e ex-Deputada no Parlamento Europeu (15 anos). Mas que fique claro, não tenho grande esperança que a sua candidatura imponha ao actual presidente uma segunda volta. Mas acredito que, nas presidenciais de 2026, se ela assim entender, poderá vir a ser a primeira mulher Presidente da República.
Ilustração: Google Imagens.
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