Revisitei o programa da jornalista Conceição Lino - A nova geração e a política. Segui-o com serenidade, regressando várias vezes atrás para perceber melhor o alcance de certas declarações. Depois, com alguma paciência, extraí algumas passagens que ficaram a marcar o pensamento dos jovens que foram entrevistados. O que a seguir transcrevo dá que pensar.
"Há um conjunto de pessoas que já estão na política há muitos anos e que efectivamente já não dão resposta àquilo que a população procura (...) as pessoas não acreditam nos políticos e os casos que vemos leva a que fiquem com essa ideia (...) a maior parte dos meus amigos e colegas não têm interesse pela política, nem sabem reconhecer quem são os líderes partidários e quando os ouvem não conseguem perceber a mensagem (...) a última vez que ouvi falar de política foi na escola, no 9º ano, quando tinha História. A partir daí nunca mais tive uma disciplina que me explicasse o que eram partidos de direita, de esquerda e de centro. Foram os meus pais que me ajudaram (...) acho inacreditável que um jovem saia da escola sem capacidade de olhar para o espectro político e perceber o que a esquerda e a direita defendem e diferenciam (...) não sabemos o que a maioria da sociedade portuguesa pensa sobre quem deve liderar, estar no parlamento ou no governo (...) se eu não sei para que serve este voto, então, o que lá vou fazer? Daí o pensamento que são todos iguais (...) chocam-me os jovens não votarem, porque eles são o futuro. É desistir de algo pelo qual ainda não começámos a lutar (...) a descredibilização que temos na classe política é dos políticos (...) todos eles têm telhados de vidro... é esse o grande problema, não avançam, por exemplo, na luta contra a corrupção porque têm esqueletos no armário (...) pessoas que financiam projectos para se beneficiarem a si próprios (...) as pessoas olham para os políticos com ar um pouco suspeito o que tira valor à nossa Democracia (...) há muitos poleiros em Portugal (...) os partidos políticos estão a atrair um tipo de pessoa que muitas vezes não têm grandes aspirações profissionais, viram na política um ganha pão e esse tipo de pessoa chama esse tipo de pessoa (...) a política não é uma profissão, os políticos devem ter uma carreira independente da política (...) a partir do momento que há pessoas que estão há muitos anos num determinado cargo, faz com que confundam os interesses da população com os seus próprios interesses (...) ninguém me explicou na escola o que era a União Europeia (em profundidade) e a importância que tem na nossa vida (...) gostava que a minha geração fosse mais participativa (...) o populismo está a usar muito as redes sociais para difundir o discurso fácil (...) sem uma fundamentação (...) rápidos a passar (...) a defesa da democracia faz-se com cidadãos informados (...) as pessoas moderadas dos vários quadrantes políticos, estão a ser obrigadas por causa dos extremos, a ceder a esses discursos... e não deviam. Alguns democratas vão aceitar fazer acordos com partidos que não são democráticos e isto é perigoso... e é assim que tudo começa (...)"
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