A Senhora é Deputada do PAN, mas as críticas que sobre si e o seu partido recaem não são pelo facto de ser mulher. O problema, muito grave, é outro. Fundamentalmente, o de desconhecer a História da Madeira, o que tantos andaram "para aqui chegar". Se errou, em parceria com a líder do PAN ao nível nacional, foi por uma clara ausência de conhecimento, do antes, do depois da Revolução contra a ditadura e, finalmente, do estudo sobre os 47 anos de "democracia" de trela na mão.
O seu problema, Drª Mónica Freitas, não é por ter nascido em 1995, quando a tal "Democracia" já tinha 21 anos. O seu problema é o de ter abdicado de grandes bandeiras que o PAN defende e, de olhos vendados, sucumbir ao primeiro convite que tem muito de venenoso. Se tivesse estudado, com independência, se tivesse escutado os "homens e mulheres grandes desta tabanca" (expressão que escutei no mato da Guiné, no tempo da guerra colonial) provavelmente teria dito, não, obrigado! Porque a ética jamais pode sucumbir. Saiba, Drª Mónica Freitas, que há gente que faz da política a sua profissão e, portanto, como se diz na vulgaridade das expressões, têm "muitos anos a virar frangos". Há gente que aquilo que apresenta na montra não está em conformidade com o que guardam no armazém. Então, na política... Olhe para a declaração do Dr. Miguel Albuquerque, para a sua "irrevogável" decisão de se demitir se não obtivesse uma maioria absoluta. O que aconteceu, Drª Mónica Freitas? Acabou por remar para terra! Terá tempo de ver todo o tipo de contorcionismos nesta "sui generis" Assembleia. O Dr. Jardim apelidou-a de "casa de loucos". Lembra-se? Talvez não.
Portanto, não é por ser mulher que a crítica ao seu acto cúmplice de uma velha política está, irremediavelmente, a envolvê-la. É por não ter estudado todo o processo. Inclusive, os dossiês do processo de governação, as promessas, os incumprimentos, as obras megalómanas, a colossal dívida. Mas considero que ainda vai a tempo. Isto ainda nem começou, nem saiu ao adro. Se se agarrar às verdadeiras bandeiras do PAN, se for MULHER de fibra e consciência à prova de bala, não lhe dou um ano para retirar este apoio a quem ganhou as eleições em minoria. Presumo isto, porque sentir-se-á, umas vezes subtilmente, outras, descaradamente, ultrapassada naquelas importantes bandeiras que são a essência do PAN. Eles dir-lhe-ão que já está no "programa de governo".
Se assim não fizer, em 2027, estou convicto que não haverá PAN na Madeira. Passe os olhos pelo Youtube e tenha a paciência de escutar o que diziam, por exemplo, os deputados do CDS/PP antes da coligação e o que defendem hoje. Foram, infelizmente, absorvidos e, politicamente, aculturados. Por vezes, falam com mais convicção e em mais altos decibéis que os deputados do PSD. Até vi, na RTP-Madeira, na noite eleitoral, o líder do CDS cantar: "queremos Miguel a presidente", quando a sua postura devia ser comprometida (parceiro de uma coligação) mas discreta, de respeito pela importância histórica da Democracia-Cristã.
Não é por ser mulher, repito. E isso compreenderá, brevemente, após a lua-de-mel, quando violarem os seus princípios e valores programáticos. Aí, restar-lhe-á salvar o PAN de ser engolido por uma máquina que, como vulgarmente se diz, "não brinca em serviço". E salvar o PAN corresponderá ao que o povo ditou nas urnas: não quer maioria absoluta nos próximos quatro anos.
Para além disso, a História deste processo, tarde ou cedo, será do conhecimento de todos. Por exemplo, o que esteve na origem na substituição das listas. Isto está muito mal explicado. Que interferências existiram, se existiram? Será que as negociações já vêm de algum tempo? Enquanto cidadão eleitor é legítimo que me passe isto pela cabeça, quando o líder do partido vencedor assumiu que em 24/48 horas estaria tudo resolvido. Não sei. Um dia se saberá.
Ilustração: Google Imagens / Dnotícias
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