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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

"A Deputada é uma mulher"

 

A Senhora é Deputada do PAN, mas as críticas que sobre si e o seu partido recaem não são pelo facto de ser mulher. O problema, muito grave, é outro. Fundamentalmente, o de desconhecer a História da Madeira, o que tantos andaram "para aqui chegar". Se errou, em parceria com a líder do PAN ao nível nacional, foi por uma clara ausência de conhecimento, do antes, do depois da Revolução contra a ditadura e, finalmente, do estudo sobre os 47 anos de "democracia" de trela na mão.



Não é pelo facto de ser mulher. Quantas mulheres de mão cheia por aí participam em lugares de notável importância, não apenas no exercício da política, mas de uma activa cidadania. Perante essas mulheres curvo-me pela capacidade de visão, humildade e pela doação aos outros que demonstram ter. 

O seu problema, Drª Mónica Freitas, não é por ter nascido em 1995, quando a tal "Democracia" já tinha 21 anos. O seu problema é o de ter abdicado de grandes bandeiras que o PAN defende e, de olhos vendados, sucumbir ao primeiro convite que tem muito de venenoso. Se tivesse estudado, com independência, se tivesse escutado os "homens e mulheres grandes desta tabanca" (expressão que escutei no mato da Guiné, no tempo da guerra colonial) provavelmente teria dito, não, obrigado! Porque a ética jamais pode sucumbir. Saiba, Drª Mónica Freitas, que há gente que faz da política a sua profissão e, portanto, como se diz na vulgaridade das expressões, têm "muitos anos a virar frangos". Há gente que aquilo que apresenta na montra não está em conformidade com o que guardam no armazém. Então, na política... Olhe para a declaração do Dr. Miguel Albuquerque, para a sua "irrevogável" decisão de se demitir se não obtivesse uma maioria absoluta. O que aconteceu, Drª Mónica Freitas? Acabou por remar para terra! Terá tempo de ver todo o tipo de contorcionismos nesta "sui generis" Assembleia. O Dr. Jardim apelidou-a de "casa de loucos". Lembra-se? Talvez não.

Portanto, não é por ser mulher que a crítica ao seu acto cúmplice de uma velha política está, irremediavelmente, a envolvê-la. É por não ter estudado todo o processo. Inclusive, os dossiês do processo de governação, as promessas, os incumprimentos, as obras megalómanas, a colossal dívida. Mas considero que ainda vai a tempo. Isto ainda nem começou, nem saiu ao adro. Se se agarrar às verdadeiras bandeiras do PAN, se for MULHER de fibra e consciência à prova de bala, não lhe dou um ano para retirar este apoio a quem ganhou as eleições em minoria. Presumo isto, porque sentir-se-á, umas vezes subtilmente, outras, descaradamente, ultrapassada naquelas importantes bandeiras que são a essência do PAN. Eles dir-lhe-ão que já está no "programa de governo". 

Se assim não fizer, em 2027, estou convicto que não haverá PAN na Madeira. Passe os olhos pelo Youtube e tenha a paciência de escutar o que diziam, por exemplo, os deputados do CDS/PP antes da coligação e o que defendem hoje. Foram, infelizmente, absorvidos e, politicamente, aculturados. Por vezes, falam com mais convicção e em mais altos decibéis que os deputados do PSD. Até vi, na RTP-Madeira, na noite eleitoral, o líder do CDS cantar: "queremos Miguel a presidente", quando a sua postura devia ser comprometida (parceiro de uma coligação) mas discreta, de respeito pela importância histórica da Democracia-Cristã.  

Não é por ser mulher, repito. E isso compreenderá, brevemente, após a lua-de-mel, quando violarem os seus princípios e valores programáticos. Aí, restar-lhe-á salvar o PAN de ser engolido por uma máquina que, como vulgarmente se diz, "não brinca em serviço". E salvar o PAN corresponderá ao que o povo ditou nas urnas: não quer maioria absoluta nos próximos quatro anos.

Para além disso, a História deste processo, tarde ou cedo, será do conhecimento de todos. Por exemplo, o que esteve na origem na substituição das listas. Isto está muito mal explicado. Que interferências existiram, se existiram? Será que as negociações já vêm de algum tempo? Enquanto cidadão eleitor é legítimo que me passe isto pela cabeça, quando o líder do partido vencedor assumiu que em 24/48 horas estaria tudo resolvido. Não sei. Um dia se saberá.

Ilustração: Google Imagens / Dnotícias

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