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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

QUE PARVOS QUE SOMOS...


E DIZ O CONSELHO DA EUROPA, HIPOCRITAMENTE, QUE AS POLÍTICAS DE AUSTERIDADE ESTÃO A ATENTAR CONTRA OS DIREITOS HUMANOS!

 

Termina mais um ano. O que dizer? Todos sabem que foi terrível, com uma corja política, de dentro e de fora do País, a saquear os pobres portugueses. Curiosamente, um ano que cresceu o número de milionários. Do que para trás ficou apenas duas referências: a primeira, de tristeza por não termos Presidente da República, mas apenas um simulacro de quem deveria ser o fiel desta balança extremamente desequilibrada; a segunda, por não termos tido um governo que soubesse zelar pelo bem-estar mínimo da esmagadora maioria do nosso povo. Isto é, temos um presidente faz-de-conta, um governo insensível aos dramas da sociedade e uma maioria PSD/CDS na República autêntica correia de transmissão ideológica dos grande interesses da finança especuladora internacional. Todos juntos conjugaram, politicamente, os verbos espoliar, confiscar, roubar, esbulhar e saquear. Quase todos com o mesmo significado, sublinho. Foi isso que fizeram. Vai para três anos que mentem, enganam, empobrecem o País, apresentam orçamentos inconstitucionais, subordinando-nos à mais violenta austeridade. "Parva que sou" - Deolinda, explica, em parte, a engrenagem mafiosamente montada, como se alternativa não existisse. O ano que termina foi assim e 2014 será, não tenho qualquer dúvida, mais grave do que o anterior, por maiores que sejam os desejos de "bom ano" que, hoje, lá para o fim da noite, dedicaremos em palavras carinhosas uns aos outros. Não será melhor se em presença tivermos a carga fiscal que vem a caminho. O empobrecimento forçado vai continuar, como se todos nós, os pobres e os da classe média, sobretudo estes, tivessem alguma vez vivido acima das suas possibilidades. Injectaram-nos essa mensagem e, na base dela, atiraram-se à carteira como única saída possível para cobrir devaneios que o povo não aprovou.
Por aqui, nesta parcela portuguesa, a dupla austeridade continuará a sufocar a economia, as finanças e os sistemas educativo e de saúde. Continuaremos a pagar, em 2014, os erros cometidos durante trinta e tal anos por políticos de vão de escada, que levaram uma vida inteira a pensar na eleição seguinte, nos seus interesses e não nas gerações seguintes. Eles estão aí, os que esconderam facturas, os que falam de "obra feita" à custa de uma colossal dívida de 6.5 mil milhões, os que estão sob suspeita em processo na Justiça (que não anda...), os que se atrevem a responsabilizar outros pelos seus próprios erros, os que mantêm o Jornal da Madeira para a sua propaganda, os que sem vergonha na cara e noção que o seu tempo esgotou, lutam para continuarem no vértice estratégico e na linha hierárquica do poder. Em 2014 tentarão apagar a memória, numa tentativa de substituírem uns por outros com o mesmo pensamento estratégico lido e relido no livrinho oficial laranja. Ai se houvesse JUSTIÇA!
Apesar de tudo, que 2014, para todos os que por aqui passarem, desejo que seja de plena SAÚDE. Nada mais! E se tiverem possibilidades façam um brinde à recente vitória autárquica com o desejo que ela se repita no próximo acto eleitoral. Simplesmente pela razão que Eça de Queiroz apontou: "Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo".

domingo, 29 de dezembro de 2013

A NECESSIDADE DE EXPLICAR A CRISE


Há qualquer coisa que me escapa ou face ao meu olhar parece não bater certo. Por um lado, temos mais instituições de solidariedade social do que freguesias; pobreza face à qual assistimos, diariamente, a testemunhos arrepiantes; níveis de desemprego assustadores; números preocupantes de emigração; empresas aflitas; governo cheio de calotes; por outro, centros comerciais a abarrotar e uma corrida aos saldos como se os encargos de Natal não tivessem pesado na carteira; supermercados com filas intermináveis, logistas que dizem que não tem sido mau o negócio; crescimento do número de notas de € 500 euros em circulação; viagens pagas em dinheiro vivo; levantamentos em caixas de multibanco muito elevados; hotéis e outros espaços com muita procura face aos programas de fim-de-ano, circulação viária que parece indicadora de pujança da economia e, genericamente, um movimento citadino que também parece vivermos o melhor dos mundos! 


Julgo eu que bastam 10.000 pessoas para darem vida à cidade do Funchal e que elas rodam pelos espaços comuns. E isso corresponde a 10% dos habitantes do Funchal e a cerca de 4% da população da Região, fora, claro, os que estão em trânsito e, dentro destes, os emigrantes que se aventuraram e que, nesta época de reunião da família, regressam com saudades da terra. Poderá então deduzir-se que os outros estão arredados para as margens das carências sem fim e da luta pela sobrevivência. Sabe-se, também, que o subsídio de Natal proporciona algum desafogo e que prolifera por aí muita economia paralela e alguns esquemas financeiros marginais, mas tanto constrangimento sentido e divulgado, será que explica este movimento em contraponto ao discurso da crise? Não sei explicar e até posso estar a ser leviano nesta superficial análise. Há, com toda a certeza, outras e importantes variáveis a considerar que me escapam. Todavia, aparentemente, há qualquer coisa que parece, repito, não bater certo. Temo é que, perante as aparências, o governo, sorrateiramente, dispare mais austeridade, porque eles "aguentam, aguentam". 
Oxalá tudo isto fosse consistente e verdadeiro, mas não me parece. O que o nosso conhecimento e observação detecta merece uma análise muito mais profunda e fina para percebermos os fundamentos desta realidade. Afinal, o que se está a passar? Gostaria de ler para melhor compreender a realidade. Até porque 2014 começa dentro de horas e serão doze meses de nova e brutal carga fiscal. 
Ilustração: Google Imagens.     

sábado, 28 de dezembro de 2013

O PEDRO É UM HIPÓCRITA


Não sabes também Pedro que o “brutal” aumento de impostos a que nos sujeitaste destruiu muita coisa que não volta, como agora dizes, nas projeções económicas para 2014. Não apenas nos tiraste o dinheiro, os sonhos e as ambições. O que esta “poupança” está a fazer, e que tu não vês Pedro, é dar cabo de um país. E o país não é social-democrata, socialista ou comunista; o país são os portugueses. E olha que alguns dos melhores já se foram daqui embora. 


Estive tentado a escrever sobre a mensagem de Natal do Primeiro-Ministro. Considerei-a uma provocação e, sobretudo, um texto de enorme hipocrisia. No meio de tantas contradições, no final, desejar um "bom ano" aos portugueses, quando se sabe que este será, claramente, pior que o de 2013, não tem outra leitura senão a do cinismo transmitido com ar de "ternura" pelos portugueses. Hoje iria debruçar-me sobre o seu texto, mas li um outro do meu Amigo Dr. Luís Sena Lino, na página de opinião do DN-Madeira, que ultrapassa em muito o que eu desejava comentar. Deixo aqui esse texto, incisivo, honesto e realista, com os parabéns ao seu autor e a devida vénia ao DN. 
"Caro Pedro, 
Na resposta à mensagem de Natal que nos dirigiste, que li com atenção e na íntegra, aceita estas minhas palavras. Anotei a tua opinião de que «durante demasiado tempo toleraram-se em Portugal fortíssimas desigualdades, quase sem paralelo na Europa, e resignámo-nos à estagnação social». Estranho Mundo aquele em que vives, pois esse facto que agora assinalas tornou-se mais claro como quase nunca, no pós-25 de Abril, durante a tua governação: o país que tu vês crescer não existe, as esperanças que nos lanças não existem, como não existe no teu discurso e no teu pensamento político uma ideia que não passe por cortar nas despesas sociais do Estado, para atingir a percentagem que persegues do défice face ao PIB. 
Não sabes Pedro, porque não sabes mesmo, o que é chegares a velho e teres de viver com menos de 400 euros por mês (ou menos) de pensão. Não sabes Pedro o que é ter de tirar comida da mesa, pedir dinheiro emprestado, comprar roupa ou pneus em 2ª mão, roubar sonhos aos teus filhos mesmo com um sorriso na face, tentando ensinar-lhes que a igualdade um dia também lhes sorrirá. Não sabes Pedro o que é não conseguir emprego, mesmo quando és jovem e letrado. Temos uma das maiores taxas de desemprego jovem da Europa e o país que governas conhece por estes dias o maior êxodo (emigração) dos últimos 40 anos. 
Não sabes também Pedro que o “brutal” aumento de impostos a que nos sujeitaste destruiu muita coisa que não volta, como agora dizes, nas projeções económicas para 2014. Não apenas nos tiraste o dinheiro, os sonhos e as ambições. O que esta “poupança” está a fazer, e que tu não vês Pedro, é dar cabo de um país. E o país não é social-democrata, socialista ou comunista; o país são os portugueses. E olha que alguns dos melhores já se foram daqui embora. 
Não tinhas de nos prometer este Natal “sangue, suor e lágrimas” como Churchill fez em tempo de guerra, mas esperava que conseguisses entender que a política como carreira (aquela que um dia te dará a ti como deu ao Vitor Constâncio, ao Durão Barroso e ao Vitor Gaspar um confortável assento na Europa) não nos vale de muito a nós. Se não tiveres visão e não conseguires influenciar o pensamento político dominante em Berlim ou em Bruxelas, de muito pouco terá servido a tua passagem pela política. 
Por isso Pedro, quando me dizes que «(…) no Portugal em que todos se reveem, ninguém pode estar condenado à frustração dos seus sonhos simplesmente porque vive naquela região mais remota, neste bairro mais periférico ou porque nasceu em condições sociais e familiares mais adversas», nem sei bem o que te diga, sabendo porém que a realidade em que vives é paralela àquela em que nós existimos. Não é, de todo, a mesma".
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

NOITE DE NATAL



Sei que para muitas famílias esta não será a noite que desejavam. Sei que, em muitos lares, pais, crianças e avós vão sentir os constrangimentos da vida que nos estão a impor. Sei também que houve muitos gestos de solidaridade para esbater os dramas sentidos. Sei que muitas instituições de solidariedade social e paróquias lutaram, talvez como nunca, para resolver situações que a outros competiria solucionar. Sei de tudo isso, mas também sei que haverá muitas margens na solidão, encostados à parede da Vida, desesperados, porque o problema certamente não está entre o Natal e o Ano Novo, mas entre o Ano Novo e o Natal. Seja como for, com muito ou pouco, que tenhamos consciência do significado da palavra Natal e da Mensagem que Cristo deixou aos Homens.

Foto: Arquivo e imagem própria. À entrada do molhe da Pontinha, num fim de tarde, com vento e alguma nebulosidade. Entre as nuvens, curiosamente, a configuração da Ilha da Madeira. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

TEA PARTY À PORTUGUESA


É, no entanto, esse o fim do caminho que Passos Coelho, Maçães e camaradas defendem. Na perspectiva deles, o País estará muito melhor depois de tudo isso acontecer. Pensarão, com certeza, que a democracia - uma democracia sem classe média e em que a liberdade económica será tudo e as outras liberdades pouco ou nada - se aguentará. A vida vista desde um gabinete na faculdade, rodeado de grandes idealistas que nunca conheceram uma empresa, uma exploração agrícola, uma fábrica, um hospital, uma escola pública, uma família pobre ou sequer de classe média deve ser um mundo fantástico. Onde se mexe na folha de cálculo, se tira dali e põe acolá, e tudo bate certo. Onde se pensa que a liberdade pode existir sem igualdade e a igualdade é um conceito comunista. E o serviço nacional de saúde, a educação pública ou o salário mínimo instrumentos limitadores da liberdade individual. Um mundo dividido entre fortes e fracos, vencedores e derrotados, empreendedores e funcionários, velhos e novos, ricos e pobres.


Este artigo já tem algum tempo. Voltei a lê-lo e decidi aqui reproduzir. É que Pedro Marques Lopes dá-nos a perceber a porcaria na qual estamos envolvidos:
"Há quem tenha ficado muito revoltado, chocado até, com a posição assumida pelo secretário de Estado da Integração Europeia, Bruno Maçães, numa mesa redonda sobre "governância económica e crise europeia", em Atenas. Em termos muito simples, este cavalheiro, representando o Estado português, mostrou total alinhamento com as posições alemães e contra qualquer tipo de iniciativa, dos países mais afectados pela crise, para encontrar uma alternativa. Mais tarde, quando acusado de ser mais troikista que a troika, mais alemão que os alemães e fanático da velocidade do ajustamento, veio para uma rede social orgulhar-se de assim ser tratado.
Ora, eu acho que o ex-autor de discursos de Passos Coelho merece ser elogiado. Não pelas posições expressas, mas pela maneira clara e desassombrada como exprimiu a posição do Governo português e as convicções políticas e ideológicas de quem nos governa.
Bruno Maçães, um dos principais ideólogos do primeiro-ministro, fez cair todas as máscaras. Não é que já não suspeitássemos, mas agora ficou absolutamente claro que o Governo não negoceia com a troika. Ou melhor, negoceia mas dentro do espírito "tu dizes mata, e eu esfola". Hoje, estes liberais de badana devem estar a esconjurar Gaspar, esse traidor que não percebeu o sentido da História.
Espero que agora não exista mais discussão sobre o porquê do Governo ter aplicado o dobro da austeridade contratada no memorando. Nem sobre se o primeiro-ministro queria dizer outra coisa quando afirmou que este seria sempre o seu programa, mesmo sem memorando. Ficou cristalino que aquilo de ir para além da troika não foi um "erro de comunicação". Era mesmo assim. E às tantas até foi escrito pelo Maçães.
Afinal não se pediu nada. Nem mais prazo, nem menos esforços para a classe média, nem para ninguém: é preciso esmagar. "Drill, baby, drill": o Maçães é capaz de ter aproveitado este slogan desse movimento que tanto admira, o Tea Party americano - é um confesso admirador e apoiante de Sarah Pallin -, e sugerido aos nossos credores que o adaptassem aos portugueses: "Perfurem, rapazes, perfurem, que os meus concidadãos ainda não estão secos."
Como é do conhecimento de quem frequenta este espaço, não tenho dúvida nenhuma de que o caminho prosseguido pela Europa e caninamente seguido pelo Governo português está a levar a própria Europa, e ainda mais rapidamente Portugal, para uma situação que terminará em desagregação económica, social e, finalmente, política. Que no fim deste "reajustamento", não vai haver nada para reajustar: nem empresas, nem emprego, nem nada. Que o nosso incipiente Estado social se tornará uma gigantesca sopa de pobres. Que o fim acelerado da classe média destruirá a democracia.
É, no entanto, esse o fim do caminho que Passos Coelho, Maçães e camaradas defendem. Na perspectiva deles, o País estará muito melhor depois de tudo isso acontecer. Pensarão, com certeza, que a democracia - uma democracia sem classe média e em que a liberdade económica será tudo e as outras liberdades pouco ou nada - se aguentará. A vida vista desde um gabinete na faculdade, rodeado de grandes idealistas que nunca conheceram uma empresa, uma exploração agrícola, uma fábrica, um hospital, uma escola pública, uma família pobre ou sequer de classe média deve ser um mundo fantástico. Onde se mexe na folha de cálculo, se tira dali e põe acolá, e tudo bate certo. Onde se pensa que a liberdade pode existir sem igualdade e a igualdade é um conceito comunista.
E o serviço nacional de saúde, a educação pública ou o salário mínimo instrumentos limitadores da liberdade individual. Um mundo dividido entre fortes e fracos, vencedores e derrotados, empreendedores e funcionários, velhos e novos, ricos e pobres.
Muito se podia rir a esquerda, se não tivesse em grande parte também entregue a patetas parecidos com estes. Gente que pensa que os direitos crescem nas árvores e que o dinheiro é uma coisa que se produz numa máquina. Visionários que dão como garantido que não há altos e baixos na vida da comunidade e que os filhos ficarão sempre melhor que os pais. Tipos que julgam que as dívidas são uns papéis sem valor. Lunáticos que acham que o Estado social é um dado adquirido e que não exige um constante esforço de adaptação aos tempos, às condições económicas e à realidade social.
Neste momento estamos nas mãos do Tea Party à portuguesa e de indivíduos como o Bruno "Pallin" Maçães. Os irmãos americanos destes inconscientes estão a destruir o Partido Republicano e a direita americana. Estes estão apenas a destruir a direita e o centro-direita português - sob o olhar de quem apenas critica pela calada e espera pela "melhor oportunidade" para os parar.
Nos Estados Unidos, esta gente não conseguiu levar os seus planos para a frente. Tinha de nos calhar a nós, desgraçados portugueses, sermos o laboratório deste bando de loucos furiosos".
Ilustração: Google Imagens.

UM FELIZ NATAL PARA TODOS


Esta aí o Natal. A Festa! Uma quadra única em que os sentimentos mais profundos da beleza humana explodem. Para todos, amigos mais próximos e todos os outros da nossa comunidade, gostaria que este meu voto de FELIZ NATAL encontrasse eco na Palavra de Cristo, o Homem que foi exemplo de Vida. Perante tanta maldade, tanto ódio, tanta perseguição, tanto aviltamento da dignidade, tanta pobreza por ambições desmedidas e ganância, tanta morte sem sentido, tanto sofrimento de crianças a idosos, tanta politiquice de vão de escada, tanto bater no peito por hipocrisia, tanto Te-Deum que nada exprime, todos nós tivéssemos presente o significado mais profundo do Natal e da necessidade de lutarmos por uma sociedade onde o Homem seja o centro de todas as preocupações. Feliz Natal.

sábado, 21 de dezembro de 2013

AO PONTO QUE CHEGOU A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA MADEIRA


Os funcionários da Assembleia Legislativa da Madeira não são polícias, depois, não são empregados do PSD ou da presidência da Assembleia. Mais, ainda, não podem ser chamados para actuar, com violência, junto dos Deputados. Eles são funcionários do primeiro órgão de governo próprio para servir a Assembleia, desde os Deputados até aos diversos serviços de apoio. A sua função não é, pois, actuar contra os deputados ao jeito de "stuart's" do futebol. A Assembleia é um espaço dos eleitos, não é propriedade privada do PSD.

Duas notas:
Primeira - Os funcionários da Assembleia Legislativa da Madeira. Desde logo, não são polícias, depois, não são empregados do PSD ou da presidência da Assembleia. Mais ainda, não podem ser chamados para actuar, com violência, junto dos Deputados. Eles são funcionários do primeiro órgão de governo próprio para servir a Assembleia, desde os Deputados até aos diversos serviços de apoio. A sua função não é, pois, actuar a pedido do Presidente contra os deputados ao jeito de "stuart's" do futebol. Aquele é o espaço de todos os eleitos que, em circunstância alguma, pode ser confundido com um espaço privado em que o "proprietário" chama os "capangas" para expulsar alguém. Aquilo não é uma discoteca com um "gorila" à porta. Os funcionários da Assembleia têm a sua dignidade profissional, não são, repito, empregados do PSD, e daí que tenham de ser respeitados. Deveriam ter-se recusado a cumprir aquela abstrusa ordem, mas sei que a pressão em que vivem a isso os obrigou. Lamento. Aliás, já não é a primeira vez. Um assunto que eles próprios devem repensar.
Doravante, a questão que se coloca é a da relação desses três funcionários com o Deputado Hélder Spínola (e outros). Normal, obviamente, que nunca será. Está, portanto, criado um problema com eventuais repercussões futuras. Numa próxima ronda eleitoral (2015) outra poderá vir a ser a distribuição das cadeiras na Assembleia e outra a maioria. E depois, pergunto, como será? As situações já vividas poderão, repito, poderão ser complexas para os funcionários em causa. É que nem todos os eleitos dão a outra face! Nem todos perdoam e mesmo que perdoem não esquecem! E tudo porquê? Porque o PSD considera-se "dono", desde a cave ao 2º andar. O ambiente é de medo e de submissão. Eu sei o que os funcionários pensam, pessoas com quem mantive relações de grande cordialidade. Eles sentem-se desconfortáveis, porque são usados. Metam isto na cabeça: os funcionários da Assembleia não são funcionários do PSD.

Segunda - O Orçamento Regional e o chumbo a todas as propostas da oposição. Qualquer pessoa inteligente, mesmo que partidária, sabe que não tem toda a razão. Ela é sempre relativa. Mais. Quando se trata de um Plano e Orçamento de natureza política, o debate na especialidade visa, exactamente, recolher os contributos dos vários partidos no sentido de melhorar o documento final. Foi para isso que o povo elegeu os seus representantes. Ora, quando o PSD-M chumba todas as propostas da oposição (cerca de 150, do PS, CDS e PCP) denuncia que é portador da verdade absoluta e que se está a marimbar para o Povo. 
Não é que este governo em funções tenha de governar com o Plano e Orçamento da oposição, mas é difícil acreditar e aceitar que, nas 150 propostas, nem uma era merecedora de reflexão e acolhimento. Isto significa mais um passo no desprestígio da Assembleia que segue a sua rota de vergonha em vergonha até o colapso final. Significa também que continuam a confundir maioria absoluta com poder absoluto. Lamentável. Que triste figura faz esta maioria que, estou certo, já não corresponde ao sentido de voto da maioria dos madeirenses e portosantenses? Como alguém me dizia: "que vão gozando a guerra, porque quando houver paz será muito difícil para eles"! Preparem-se para a Democracia.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PRAZO DE VALIDADE ESGOTADO


Olho para aquele naipe de governantes da Madeira e fico arrepiado. Como é possível, quase quarenta anos depois, olhar, escutar e concluir que não conseguem alterar uma vírgula a um discurso com barbas maiores que as do "Pai Natal". Como é possível repetir o discurso de 2013, igual ao de 2012, este igual ao de 2011 e por adiante. O essencial é sempre o mesmo. Espreme-se e conclui-se o mesmo. A receita é sempre igual para problemas e contextos diferentes. Aldrabam com tez séria e compenetrada, ofendem a oposição que tem de ser, na sua concepção da democracia, dócil e submissa, atiram para Lisboa os erros estratégicos da responsabilidade de quem governou a Madeira, falam de um roubo que vem desde o Gonçalves Zarco e seus sucessores, para justificar o colapso financeiro pela "obrite aguda" dos últimos trinta e tal anos, fantasiam com os grupos económicos históricos da "Madeira Velha" e esquecem-se, propositadamente, dos grupos económicos que vivem à mesa do orçamento da "Madeira Nova", fazem discursos ocos, hilariantes, descontextualizados como se toda a plateia regional fosse inculta e incapaz de observar o que se está a passar, enfim, pergunto, como é possível aturar esta gentinha que faz do exercício da política as suas profissões?


Qualquer eleitor ouve-os e fica, se não estiver preparado e contextualizado, no mínimo, na dúvida, se não terão razão, tal a desfaçatez, a lábia e o tom dos discursos! Falam com uma tamanha superioridade e arrogância, quando aquela maioria está pregada com cuspo, face à expressão numérica da maioria face à oposição. Mas falam, apontam o dedo, tal como os senhorios no tempo da colonia. Não aprenderam nada com as eleições de 29 de Setembro, nas quais, de uma assentada, perderam sete das onze câmaras. Fazem-me lembrar um meu velho Amigo e distinto Colega de profissão, já falecido, que me dizia que estes sujeitos parecem "fidalgos, cheios de porcaria até ao pescoço, mas continuam a arrotar fidalguia, nobreza e sobranceria relativamente aos outros". Manifestam-se vestidos de smoking mas estão descalços. Continuam a pensar, e estes últimos dias no Parlamento assim demonstrou, que os meios mais abstrusos justificam os fins que se confinam na perpetuação no poder e na distribuição das benesses. 
Aceito a existência de muitos eleitores que continuam a acreditar que aquele naipe é a solução e não o problema. Respeito-os. Porém, o indicador das últimas autárquicas leva-me a prognosticar que em 2015 serão, implacavelmente, varridos, mesmo que aumentem para o dobro a edição diária do Jornal da Madeira, mesmo que o Senhor D. António Carrilho continue a falar de fé e a fazer de conta que nada se passa, mesmo que o Senhor Representante da República escolha no seu GPS político uma navegação segura e rente à costa. O discurso da ilusão, a astúcia e a manha têm os dias contados, porque, por mais que se esforcem, tudo tem um prazo de validade. Este já esgotou, a lata está aberta há muito tempo e cheira muito mal.  
O Orçamento foi aprovado na generalidade, as propostas de alteração na especialidade, como é habitual, serão, genericamente, chumbadas, passará uma ou outra inócua, enquanto excepção que confirma a regra. Entretanto, meter-se-á o Natal e o fim de ano, a faustosidade de uns (que não invejo) terá como contraponto a miséria de milhares (que me deixa irritado) e em Janeiro logo se verá! Mas que vai começar a dar coisa feia, penso que poucas dúvidas subsistem.
NOTA

Entretanto, a sessão de ontem ficou marcada pelo desprestígio da Assembleia. Tornou-se na Assembleia da Vergonha. Podem o Presidente da Assembleia e o Presidente do Governo argumentarem como quiserem e entenderem, mas o uso da força nada resolve. Os funcionários não são polícias, nem podem nem devem sujeitar-se a situações como aquelas que ofendem a sua própria dignidade. É sempre preferível suspender a sessão, convocar uma reunião de líderes, dialogar com os restantes partidos com deputado único, solicitar bom senso e retomar os trabalhos. Mesmo que a sessão tivesse de ser adiada para o dia seguinte. 
Aliás, diz-nos a história que as provocações rasteiras e as humilhações que não são do domínio público mas que ali se passam, têm um peso muito grande do lado da maioria política que se sente "dona" da Assembleia. Esse ambiente respira-se por todo o lado, desde o hemiciclo ao 2º andar. A Assembleia é dos eleitos pela Madeira e pelo Porto Santo e a quem, legitimamente, a preside compete anular as tensões, por um lado, porque é apenas um deputado igual a todos os outros, por outro, porque a defesa da imagem do primeiro órgão de governo próprio deverá estar sempre presente. Tanto assim é que, na oposição, todos ou quase todos repudiaram aquela atitude. 
Não comento a habitual e deselegante saída do governo quando alguns deputados falam (questão de democracia vs ditadura), como não comento a situação que daí derivou. Comento sim e lamento a imagem pública que uma vez mais foi dada em directo!
Ilustração: Google Imagens e Arquivo próprio.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

ÀS 61 PROPOSTAS DO SENHOR ROBERTO SILVA, DEVERÁ ACRESCENTAR MAIS UMA: REPOR A PALMEIRA EXACTAMENTE COM A MESMA INCLINAÇÃO!


A equipa vencedora nas eleições autárquicas no Porto Santo, dos quatro anos que tem pela frente, ainda não está a governar há dois meses. Mas para o Senhor Roberto Silva (PSD), que teve responsabilidades na liderança do município durante vários anos, dois meses são mais do que suficientes para colocar em prática tudo o que ele próprio não fez ou não quis fazer, nesse período onde foi "rei e senhor" na ilha do Porto Santo. E zás, apresentou, segundo o DIÁRIO, uma lista de 61 propostas que espera ter acolhimento no orçamento municipal para 2014. Este homem é, politicamente, espantoso. Viveu durante vários anos à custa das obras da sociedade de desenvolvimento, deixou o município com dívidas, segundo depreendi, até as despesas com o(s) seu(s) advogado(os) quis que fosse a Câmara a pagar, pouco se ralou com o desemprego e com a situação das empresas, refugiou-se na Assembleia Legislativa, foi considerado culpado e punido pela queda de uma palmeira que vitimou duas pessoas, não obstante todo este quadro, tem a lata de exigir 61 propostas a quem anda às voltas com o cofre vazio e com os dramas sociais. Às 61 propostas, Senhor Roberto Silva, acrescente mais uma: repor a palmeira, exactamente com a mesma inclinação, a tal que vitimou duas pessoas.    


Quem não viu a inclinação da palmeira,
mesmo depois de ser notícia,
estará em condições de ver outras situações?

As declarações do Senhor Roberto Silva são politicamente hilariantes. Certamente que a consciência política dita terem valor as propostas apresentadas em campanha eleitoral pelo Dr. Filipe Menezes de Oliveira e vai daí toca a lembrá-las e a exigir cumprimento imediato. Não as realizou, mas exige que os outros cumpram. Uma vez mais ficou muito mal na fotografia! Um político que assim se comporta não tem as condições mínimas para ser político. O julgamento do povo, Senhor Roberto, será em 2017, não em 2014. Daqui por quatro anos a luta política exigirá que se apresente as "continhas do mandato", isto é, a verificação do saldo entre o que foi prometido e o que os responsáveis realizaram. Manda o bom senso que assim seja. Isto não significa que o PSD do Porto Santo não apresente propostas, mas não no tom e com a preocupação evidenciadas, quando se sabe que à esmagadora maioria delas o PSD não teve nem engenho nem arte para as concretizar ao longo dos seus mandatos. E mais o Senhor Roberto sabe, ou então pense lá um bocadinho, sobre quantas propostas da oposição foram chumbadas quando foi presidente! E também sabe, agora que é Deputado, o inevitável chumbo que levarão todas as propostas da oposição na Assembleia Legislativa da Madeira, face ao pior orçamento de sempre da Região apresentado pelo seu partido. E o Senhor Roberto vai ajudar a chumbá-las levantando-se ou sentando-se conforme estabelecido pela sua hierarquia política. Tenha a coragem e vote segundo a sua consciência. Quem se arvora em arauto e defensor da sua terra, quem apresenta propostas que não soube desenhar e desenvolver enquanto teve responsabilidades, para ser CREDÍVEL, repito, credível, terá então de votar, não digo todas, mas muitas das propostas da oposição na Assembleia onde está sentado. Se não o fizer, obviamente que não passará de um político, tipo pau-mandado, que apenas obedece ao "dono". Talvez porque esteja em causa um lugarzinho na lista de 2015!
Deixe a Câmara do Porto Santo trabalhar, senhor Deputado! Fiscalize ou mande fiscalizar a Câmara do Porto Santo, seja oposição decente e consistente, mas deixe-se de números circenses, embora a época seja propícia a circos com contorcionistas, equilibristas e palhaços!
Ilustração: Google Imagens.     

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

SENHOR MINISTRO DA EDUCAÇÃO, O SENHOR ENVERGONHA A CLASSE A QUE DIZ PERTENCER.



Sob o título "A culpa será nossa e só nossa", o Professor Santana Castilho, a propósito do famigerado exame a que muitos professores se subordinaram no dia de hoje, escreveu na edição do PÚBLICO um artigo que todos os professores deveriam ler. Este Ministro Nuno Crato está a mais. Ele envergonha a classe a que diz pertencer. Deveria demitir-se. Deixo aqui o texto merecedor de reflexão.

"Entretanto, a nossa querida terra está cheia de manhosos, de manhosos e de manhosos, e de mais manhosos. E numa terra de manhosos não se pode chegar senão a falsos prestígios. É o que há mais agora por aí em Portugal: os falsos prestígios. E vai-se dizer de quem é a culpa de haver manhosos e falsos prestígios: a culpa é nossa e só nossa!"
José de Almada Negreiros 

1. Depois de rios de tinta corridos sobre a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades e de tudo dito sobre a ignomínia que representa, noticiou a comunicação social que a UGT havia proposto ao Governo negociações e que, na sequência dessa iniciativa, o MEC decidira dela dispensar os professores contratados com mais de 5 anos de serviço. Porém, o Aviso n.º 14962-A/2013, publicado a 5 de Dezembro, veio dizer que não havia ninguém automaticamente dispensado. Apenas os professores naquelas condições, que informassem o MEC de que não pretendiam realizar a prova, o seriam. Mais vexame, mais burocracia, mais trapalhada. Sim, trapalhada. Porque um aviso não constitui sede legal suficiente para operacionalizar esta decisão arbitrária. Por outro lado, sobraram de imediato perguntas, que só o ministro trapalhão não alcançou: sem fundamento legal, como “informariam” o MEC aqueles que o viessem a fazer? Se outros, com menos anos de serviço, resolvessem igualmente “informar”, com que fundamento legal lhes responderia Crato? Remetê-los-ia para um qualquer recorte de jornal? Para o entendimento com a UGT? Com base em que normativo teriam os eventuais dispensados a garantia de poderem concorrer a lugares de docência, futuramente? E como seriam contados os 5 anos de serviço? Valeria, por exemplo, o eventual desempenho nos ensinos superior ou particular? 
Escrevo este artigo na véspera da realização da prova e na véspera da greve decretada por alguns sindicatos, para impedir que ela venha a consumar-se. No dia em que este artigo for dado à estampa, os professores, particularmente os do quadro, terão nas suas mãos uma oportunidade de derrotar o ministro e uma oportunidade de dizer ao país que não há professores de primeira e professores de segunda mas, tão-só, professores. Terão a oportunidade de dizer não a uma vergonhosa monstruosidade para segregar ilegalmente do exercício da actividade docente cidadãos legalmente habilitados, porque detentores de uma licença e de um título profissionais, obtidos e regulados pelo regime jurídico da habilitação profissional para a docência na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário (DL nº 43/2007) e sindicados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (DL nº 369/2007). Se o não fizerem, a culpa será nossa e só nossa. Nossa, como classe. Porque a questão abalroa a dignidade e a seriedade de uma profissão. 
2. Como repetidas vezes aqui tenho escrito, sou reservado quanto ao significado das conclusões do PISA. Mas no quadro de relativização e de prudência com que o leio, não cabe a desonestidade intelectual que Nuno Crato manifestou quando, depois de uma semana de ensurdecedor silêncio, falou finalmente dos resultados de Portugal. De forma enviesada e escandalosamente contrastante com os tempos em que tinha o PISA como o indicador máximo da qualidade do sistema de ensino, Nuno Crato desvalorizou o que antes endeusava. Porque os nossos resultados derrotam a credibilidade de tudo o que tem dito. Porque os resultados de outros, que servem de modelo à sua política de desastre e de reconfiguração das responsabilidades do Estado, caíram na proporção inversa do nosso progresso. Com efeito, a Suécia, abundantemente referida como exemplo por via da propalada “livre escolha” e do cheque-ensino, foi ultrapassada por Portugal nas três áreas de referência (matemática, leitura e ciências). Sem que possamos atribuir a uma só causa o desaire sueco, a verdade é que, depois da reforma que Crato está a copiar, a Suécia caiu 20 posições na leitura, 14 na matemática e 17 nas ciências. 
3. Penso que apenas duas vezes estive, pessoalmente, com Nuno Crato. Uma porque fomos co-apresentadores de um livro de Gabriel Mithá Ribeiro. Outra porque me convidou para uma sessão que organizou com o seu ídolo Eric Hanushek, no Tagus Park. Pouco se lhe conhece sobre ideias publicadas em matéria de Educação. No livro que lhe deu fama, citou-me. Mas foi precisamente esse livro que me mostrou a ignorância atrevida de Crato. Porque expõe a tendência precoce do autor para falar do que não conhece e ceder facilmente a preconceitos ideológicos, manhosamente apresentados como certezas. E daí para cá, tenho-me ocupado a procurar uma razão para a incoerência, para a tergiversação, para o retrocesso. A prova, o PISA e Almada Negreiros explicam: manhosice. Manhosice sem réstia de sofisticação. Porque quanto mais degradar a imagem social dos professores e mais os dividir, mais fácil será transferir milhões do público para o privado. Se não o entendermos, a culpa será nossa e só nossa. 
* Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)
Ilustração: Google Imagens.

A MARGEM DO ORÇAMENTO... O DESRESPEITO PELOS EMIGRANTES


O secretário regional do Plano e Finanças até fala de "lucro" em 2014. Qualquer coisa como sete milhões de euros! Fantástico. Tudo na ruína, dívidas superiores a 6.5 mil milhões, empresários em agonia, pobreza por todos os cantos, sistemas de educação e saúde em colapso, e o secretário entra em delírio "contabilístico" sublinhando que a Região terá resultados positivos no próximo ano. Um conselho: peça, rapidamente, o discurso do Deputado Carlos Pereira (PS), leve-o para casa e faça um serão de leitura e meditação sobre o seu conteúdo. Talvez aprenda alguma coisa. Sobretudo a não mentir no exercício da política. 


Bom, mas sobre a cantilena do PSD dou de barato o que se passou na manhã de ontem. O que já não aceito, enquanto cidadão, é que um Deputado do PSD, o sr. Jaime Ramos, se dirija ao Deputado Roberto Rodrigues (CDS) da seguinte forma: "(...) Não posso estar a ser interrompido por um simples emigrante que veio para aqui" (DN-Madeira). Pois, senhor deputado, enquanto uns tiveram de emigrar, por vezes famílias inteiras, passando as dificuldades inerentes de quem sai à procura de futuro, outros por aqui ficaram a esmifrar o povo, através de colagens políticas, de canais e de  informações privilegiadas; uns passaram dificuldades, outros, nascidos em berço de ouro, alcandoraram-se a posições geradoras de significativa riqueza e não largam o osso com receio de perder privilégios. Como é óbvio, nada, rigorosamente nada disto tem a ver, com o senhor Jaime Ramos, exemplo máximo, como todos sabemos, de um político exemplar, com quase quarenta anos de total doação ao povo da Madeira, expoente inquestionável de virtudes e de distanciamento da politiquice regional. Tratou-se, apenas, de mais um "lapsus linguae", uma "jaimite" absolutamente desculpável no calor do debate!
Ora, aos emigrantes devemos o máximo respeito. Saem porque a terra foi madrasta e muitos regressam por amor à sua terra. Muitos conseguem sobreviver e amealhar, enquanto outros continuam pobres. Uns conseguem atingir bons níveis de riqueza, enquanto outros saem para serem assassinados ou raptados. E esse respeito deve ser tanto maior quando se fala de casos de fortunas mal explicadas, de gentinha que vive e convive à mesa do orçamento, que joga com mil e um interesses instalados, que desfrutam de "bons telefones" e acessos rápidos aos corredores do poder. A palavra emigrante, para mim, arrasta consigo um sentimento, primeiro, de dor, depois, transporta-me aos idos anos 50/60 de triste memória. Ontem partiam quase ou mesmo analfabetos, hoje partem para a roleta da vida com um "canudo" nas mãos! Partem, porventura, muitos dos melhores, aqui ficam outros, alguns dos quais que aprenderam rápido as leis da subserviência laranja (a tal máfia boazinha) na esperança que alguma coisa caia dos pratos faustosos dos "companhon de route". Aquele "lapsus linguae", aquela "jaimite" esqueceu-se também que há muitos que labutam lá fora para enviar algum dinheiro para os que aqui ficam, naturalmente, pais e avós que comem o pão que o diabo amassou. Coisa que talvez não fosse necessária se outro fosse o governo desta Região. 
Finalmente, com esse tal supervait de sete milhões em 2014, Senhor Secretário, coloque a mão na consciência e distribua pelos pensionistas pobres da Região. Ainda está a  tempo de o fazer, incluindo no Orçamento essa possibilidade. 
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

UM ORÇAMENTO VERGONHOSO QUE MATA A ECONOMIA E COLOCA OS MADEIRENSES A PÃO E ÁGUA

MENTIROSOS


"Portugal é um País que honra os seus contratos", então, é legítimo, à luz dos comportamentos políticos, perguntar a estas figuras o que significam as palavras: contrato, respeito, compromisso, confiança, expectativa, decência, verticalidade, honradez, honestidade, dignidade, enfim... estas e muitas outras. Não sabem!


"Portugal é um País que honra os seus contratos", afirmou, ontem, o Vice Primeiro-Ministro Paulo Portas (CDS/PP) ao longo de uma conferência de imprensa sobre as "avaliações da troika". De facto, submete-se às imposições externas, até tem sido "mais papista que o Papa", ao ponto de ser exemplar no substancial aumento de milionários, todavia, no plano interno, por exemplo, os portugueses aposentados que o digam: não respeita os contratos, antes rasga-os. Aquele que constitui mais um ataque (esbulho) aos pensionistas e reformados será decidido, na próxima Sexta-feira pelo Tribunal Constitucional. Este é apenas um exemplo. Aliás, há dias, ouvi o Primeiro-Ministro dizer que não há nada na Constituição que impeça a redução das pensões! Está tudo dito: subserviência no plano externo e ausência de um pingo de solidariedade no plano interno. Os patrões e a generalidade dos parceiros sociais não se opõem ao aumento do salário mínimo nacional, porém o governo considera que esse aumento prejudica a empregabilidade. Espantoso. Ainda ontem, Eugénio Fonseca, presidente nacional da Cáritas, sublinhou: "(...) Não percebo como é que aumentando o salário se possa criar mais pobreza". De facto, ninguém percebe, mas o governo entende que prejudica.
"Portugal é um País que honra os seus contratos", então, é legítimo, à luz dos comportamentos políticos, perguntar se estas figuras o que significam as palavras: contrato, respeito, compromisso, confiança, expectativa, decência, verticalidade, honradez, honestidade, dignidade, enfim... estas e muitas outras. Não sabem! Rasgam os contratos e violam a confiança depositada e sempre sobre os mesmos. Uma vergonha.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

QUEM ESTÁ DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA NÃO DEVE TEMER AUDITORIAS


O Dr. Pedro Calado ficou incomodado. Eu, no seu lugar, de consciência tranquila, não faria quaisquer considerações, apenas diria, esse ser um direito de quem inicia uma governação, pelo que avancem e concluam rapidamente essa verificação das zonas que consideram não ser totalmente transparentes. Não teria a menor dúvida. Aliás, tratou-se de um compromisso eleitoral. Mas, politicamente, o Dr. Calado reagiu, quis parecer-me com algum azedume quando assumiu, através de ataque, que tal decisão "só pode ser entendida como manifesto desconhecimento do que é gestão pública ou de como funcionam as instituições públicas de natureza local" e porque (...) "nunca, nas vereações anteriores, foram levantadas questões referentes à gestão de antigas equipas, para justificar a incapacidade governativa de futuro, o que parece estar a acontecer (...)". Pois, Dr. Calado, até sabermos, de facto, a realidade das contas da Região, em sede de Assembleia Legislativa, a dimensão da dívida da Região sempre foi negada. Depois, até foram descobertos milhões que não tinham sido facturados e/ou reportados às instâncias devidas. Certo? E, no caso da Câmara Municipal do Funchal, é óbvio que, tendo sido sempre de maioria PSD, não teria sido lógico que uma equipa PSD solicitasse uma auditoria a uma outra equipa do PSD e com o mesmo presidente nos últimos vinte anos. Certo? Portanto, não há nada para estranhar, inclusive, quando é o próprio presidente da Câmara Dr. Paulo Cafôfo a dizer, muito claramente: "(...) Nunca me ouvirão um discurso de vítima, assumimos a Câmara Municipal do Funchal, temos um compromisso para com os funchalenses, temos uma herança difícil mas, apesar disso, vamos assumir o que prometemos para quatro anos. E essa herança é de mais de € 90.000.000,00 de Euros!


O ex-Vereador do PSD-M, Dr. Pedro Calado, parece ter ficado incomodado com o facto do novo Executivo da Câmara Municipal do Funchal, apesar de todas as auditorias do Tribunal de Contas (por razões óbvias, passo ao lado das outras auditorias), ter manifestado o desejo de analisar pontos que devem ser esclarecidos. Segundo o DN-Madeira, em primeiro lugar, "identificar se a generalidade das saídas de verbas da Câmara Municipal do Funchal estão legalmente suportadas"; "identificar a plenitude das receitas próprias" da autarquia; "calcular o imposto de juros de mora com efeitos retroactivos a 2010, nas contas do município"; depois, apurar a "eventual necessidade de provisão de verbas para cobrir processos a decorrer em tribunal contra o município"; finalmente, o último ponto a merecer atenção: "identificar todas as compras, serviços e obras realizados para a Câmara até Setembro de 2013 que ainda não foram facturados e, logo, não reflectidos nas contas". A vice-presidente conta ter este trabalho pronto dentro de dois meses. E, perante este anúncio, absolutamente transparente, o Dr. Pedro Calado, repito, ficou incomodado. Eu, no seu lugar, de consciência tranquila, não faria quaisquer considerações, apenas diria, esse ser um direito de quem inicia uma governação, pelo que avancem e concluam rapidamente essa verificação das zonas que consideram não ser totalmente transparentes. Não teria a menor dúvida. Aliás, tratou-se de um compromisso eleitoral. Mas, politicamente, o Dr. Calado reagiu, quis parecer-me com algum azedume quando assumiu, através de ataque, que tal decisão "só pode ser entendida como manifesto desconhecimento do que é gestão pública ou de como funcionam as instituições públicas de natureza local" e porque (...) "nunca, nas vereações anteriores, foram levantadas questões referentes à gestão de antigas equipas, para justificar a incapacidade governativa de futuro, o que parece estar a acontecer (...)". Pois, Dr. Calado, até sabermos, de facto, a realidade das contas da Região, em sede de Assembleia Legislativa, a dimensão da dívida da Região sempre foi negada. Depois, até foram descobertos milhões que não tinham sido facturados e/ou reportados às instâncias devidas. Certo? E, no caso da Câmara Municipal do Funchal, é óbvio que, tendo sido sempre de maioria PSD, não teria sido lógico que uma equipa PSD solicitasse uma auditoria a uma outra equipa do PSD e com o mesmo presidente nos últimos vinte anos. Certo? Portanto, não há nada para estranhar, inclusive, quando é o próprio presidente da Câmara Dr. Paulo Cafôfo a dizer, muito claramente: "(...) Nunca me ouvirão um discurso de vítima, assumimos a Câmara Municipal do Funchal, temos um compromisso para com os funchalenses, temos uma herança difícil mas, apesar disso, vamos assumir o que prometemos para quatro anos. Este ano já temos a comparticipação de medicamentos, o fundo de emergência social, a loja do munícipe, entre outras acções. 
E essa herança é de mais de € 90.000.000,00 de Euros! Coisa que os actuais vereadores do PSD, dois dos quais tiveram responsabilidades nessas equipas de maioria absoluta, deveriam ter em consideração quando tudo fazem para bloquear a acção da equipa que hoje lidera o município. Deveriam ser mais comedidos. Quem não deve não teme, daí que, considere espantoso que o Dr. Pedro Calado se posicione de uma forma que deixa transparecer esse tal incómodo para não designar de outra maneira. Eu estou a escrever no plano político. E, no plano político, parece-me também óbvio que se um dia o seu "compagnon de route", Dr. Miguel Albuquerque, ex-presidente da Câmara, liderar o PSD, quase aposto que fará o mesmo, desde logo a toda a vidinha interna do PSD! E não falo no plano de eventuais responsabilidades externas, porque a população já deu indicações que não os quer por perto. Mas se isso viesse a acontecer... ai, ai, ai!
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 15 de dezembro de 2013

"EU FICO COM OS ESTALEIROS NAVAIS DE VIANA DO CASTELO"


"Pode perguntar o Sr. Ministro o que é que eu entendo de construção naval. Respondo com todo o gosto, até lhe agradeço a pergunta. Sei tanto quanto a Martifer, andámos a estudar o tema no mesmo sítio. Onde? Em lado nenhum Sr. Ministro, não entendemos mesmo nada de construção naval mas isso certamente não será impeditivo para que eu fique com os estaleiros, se para eles não é, mutatis muntandis, para mim também não pode ser".

"Branco" no estaleiro!

Uma carta muito interessante escrita por Jacinto Furtado, no Notícias online.

"Exmo. Sr. Ministro da Defesa, Digníssimo Sr. Dr. Aguiar Branco,
Se Vexa Sr. Ministro não se importar eu fico com os Estaleiro Navais de Viana do Castelo. Bem sei que já estou a chegar um pouco atrasado em relação ao suposto concurso mas não sabia que o negócio era para ser feito dessa forma. Sendo assim, também quero!
Eu já tinha ouvido comentar de outros negócios que o seu governo tem promovido de igual forma muito interessantes. Muito interessantes para quem fica com as coisas, entenda-se, não para Portugal e para os Portugueses. Ora como eu também sou portador do mesmo espírito de sacrifício que esses beneméritos que têm feito o favor de ficar com o património dos Portugueses desta vez dou eu o passo em frente e repito, se Vexa não levar a mal, eu fico com os estaleiros.
Pode perguntar o Sr. Ministro o que é que eu entendo de construção naval. Respondo com todo o gosto, até lhe agradeço a pergunta. Sei tanto quanto a Martifer, andámos a estudar o tema no mesmo sítio. Onde? Em lado nenhum Sr. Ministro, não entendemos mesmo nada de construção naval mas isso certamente não será impeditivo para que eu fique com os estaleiros, se para eles não é, mutatis muntandis, para mim também não pode ser.
Vamos então aos números Sr. Ministro, vamos ver como estão as contas dos candidatos. A Martifer tem um passivo que ultrapassa os 378 milhões de Euros, o meu é francamente inferior. A não ser que o seu critério seja eleger o maior devedor aqui ganho eu, devo muito menos.
O Sr. Ministro quer que quem fique com os estaleiros lhe pague 7 milhões até 2031, qualquer coisa como 415 mil Euro por ano ou, para ser picuinhas, uma renda mensal de 32.000 Euro. Está certo, aceito estes valores e até lhe faço um agrado que mais adiante explicarei.
O Sr. Ministro fica com os ossos do estaleiro ou seja paga do seu bolso, salvo seja, paga do bolso dos otários dos Portugueses os 450 milhões de euros que os estaleiros têm de passivo, resolve aquela questão chata do navio Atlântida e da dívida que todos os dias aumenta por estar a ocupar uma doca no alfeite. É simpático da sua parte resolver estes problemas. Pessoalmente fico muito agradecido por me livrar dessas dores de cabeça que só me iam incomodar e preocupar.
Os trabalhadores que actualmente estão ao serviço dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo fará o Sr. Ministro o favor de os despedir e pagar o que houver a pagar, não é verdade? Parece que Vexa está a contar estoirar mais uns 30 milhões nisso. Uma vez mais muito lhe agradeço a gentileza e retribuo de imediato.
Diz a Martifer que depois do Sr. Ministro despedir 600 trabalhadores eles contratam 400. Pois olhe Sr. Ministro, eu sempre achei que não vale a pena ser mesquinho e que a sua gentileza deve ser compensada. Assim sendo, digo-lhe já que pode chamar a comunicação social e informar que eu contrato 450 trabalhadores, pode dizer que a sua intervenção permitiu um acréscimo de 50 postos de trabalho em relação aos 400 prometidos pela Martifer. Portanto um total de 450 postos de trabalho novos, nas suas palavras.
O Sr. Ministro deve ter-se rido à brava com essa piada não foi? Então o Sr. atira para o desemprego 600 pessoas e depois vem dizer que o seu negócio gerou postos de trabalho? Ehehehe essa foi de mestre!
Mas Sr. Ministro, em relação aos postos de trabalhos que vou criar, vou pagar a todos o salário mínimo nacional, independentemente do nível profissional ou salarial que tinham anteriormente, levam com o mínimo e já vão com sorte. Aliás se o Sr. e os seus colegas do governo fizerem o favor de baixar esse valor, como andam com vontade de fazer, fico, uma vez mais, agradecido.
Quase a terminar quero agradecer o facto de o Sr. Ministro deixar o vencedor desta espécie de concurso ficar com as encomendas já realizadas e, para não ir mais longe aquela da Venezuela no valor de 128 milhões. Calculando assim por alto uma margem de 20%… Já sei o Sr. Ministro quer ser mais modesto e falar de 10%. Olhe partimos ao meio, pode ser? Falemos de 15%. A encomenda da Venezuela vai deixar um lucro estimado de 20 milhões.
Lembra-se de eu ter mencionado que mais adiante voltava a falar dos 7 milhões de renda que o Sr. Ministro quer que sejam pagos em 18 anos? Pois bem, fique a saber que eu gosto de ser simpático e proponho pagar esses 7 milhões na totalidade assim que receber o dinheiro dos Venezuelanos. Parece-lhe bem? Assim evitamos andar com pagamentos todos os meses e o Sr. fica logo com o dinheiro, pode-lhe dar jeito para contratar para si, ou para algum dos seus colegas, mais uns assessores.
Não posso deixar de reconhecer como ficaria satisfeito com o facto de ganhar este concurso. Já reparou que assim de repente já tenho um lucro de 13 milhões? Bem melhor que jogar no euromilhões, não gasto os 2 euros, e ainda recebo mais, é que se no jogo me saírem os 15 milhões a Lady Swap palma-me logo 3, fico só com 12… Prefiro mesmo apostar em ficar com os estaleiros.
Recapitulemos as razões que me deixam em vantagem em relação à Martifer:
1. Eu não entendo nada de construção naval. Eles também não;
2. Eles têm um passivo brutal. O meu é bem mais modesto;
3. Eles aceitam que o Estado fique com os ossos todos. Também não me oponho;
4. Estamos todos de acordo que o Estado é que vai tratar de despedir os trabalhadores;
5. A Martifer diz que vai criar 400 postos de trabalho. Eu garanto 450;
6. A Martifer paga a renda em 18 anos. Eu pago a totalidade assim que receber o pagamento da encomenda em carteira.
Parece-me Sr. Ministro que a minha candidatura é bem mais séria e forte que a da Martifer. Seguramente Vexa não vai ter nenhuma dúvida na escolha.
Diga lá, se faz favor, quando é que posso tomar posse dos estaleiros?"
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 14 de dezembro de 2013

O CDS QUER A RAPOSA DENTRO DA CAPOEIRA


A questão é outra e designa-se, na minha opinião, por rompimento total com o modelo criado que gerou um monstro indomável. A solução não está em fazer uma "feijoada a três" porque, tendencialmente, de bons odores não será! A receita do PSD está escarrapachada na sua práxis política de muitos anos, na forma como tratou todos os outros partidos da oposição, nos chumbos a todas as propostas legislativas fundamentais e comissões de inquérito, na ocultação da dívida, nas ofensas feitas a todos os líderes da oposição (ou o líder do CDS/PP já se esqueceu das atitudes contra a sua pessoa?), na histórica arrogância e impreparação para viver em democracia, portanto, do PSD nada há a esperar, nem deste grupo que o lidera há quase quarenta anos, nem dessas figuras que se perfilam, uma vez que todos leram a mesma cartilha e todos andaram na mesma escola política. Até alguns que eram oposição lá se acoitaram. Os princípios e os valores são os mesmos, embora pintados de fresco! Por isso, perguntar-se-á, como é possível o CDS/PP pretender acordos com aqueles que nos trouxeram à desgraça, portanto, a toda aquela caracterização que o partido fez? Do meu ponto de vista, sem conhecer outros meandros que a política muitas vezes esconde dos eleitores, eu diria que se trata de uma proposta só possível no Natal, com o Pai Natal de permeio ou, então, salvo as devidas proporções e âmbitos, um toque de Mandela, o Homem do eterno perdão, na semana em que partiu.



Ininteligível a proposta do CDS/PP da Madeira de querer juntar à mesma mesa o PSD e o PS para um compromisso de resgate e aprofundamento da Autonomia, flexibilização do Plano de Ajustamento Financeiro, defesa de um novo quadro de relacionamento entre a Região e o Estado, no sentido de assegurar o cumprimento do princípio da continuidade territorial, e dos direitos fundamentais dos portugueses das ilhas e reestruturação da dívida regional com o apoio da República - sustentou o líder do CDS/PP José Manuel Rodrigues. O tal estúpido "arco da governação" que ainda anteontem aqui escrevi. Isto é o que se chama querer abrir a porta à raposa para que se instale dentro da capoeira. Desconheço se esta proposta configura um isco, porventura se traz alguma outra preocupação ou objectivo não denunciado. Não sei, mas pressuponho que exista, porque não faz sentido, mesmo num quadro de proximidade política ao PSD-M, juntar estruturas de pensamento político que uma história de quase quarenta anos nos diz ser de impossível conciliação. 
Que a situação da Madeira é "insustentável", que "exige a máxima responsabilidade", que o Plano de Ajustamento Económico e Financeiro está "a deixar em agonia a economia regional e a sociedade madeirense" e que "a Região permanecerá sem sustentabilidade nas finanças públicas", bom, tudo isso é verdade e há que anos é denunciado de forma clara e inequívoca, sobretudo pelo deputado Carlos Pereira do PS-Madeira. Foi ele, a partir de 2007, quando ninguém sequer estimava a dívida, através dos seus estudos, concluiu e apontou para um dívida entre os 5.5 e 6.5 mil milhões. Foi criticado, eu diria, bombardeado, mas a verdade veio pouco tempo depois. Portanto, não existe qualquer novidade naquela caracterização. 
Ora, assim sendo, a questão é outra e designa-se, na minha opinião, por rompimento total com o modelo criado que gerou um monstro indomável. A solução não está em fazer uma "feijoada a três" porque, tendencialmente, de bons odores não será! A receita do PSD está escarrapachada na sua práxis política de muitos anos, na forma como tratou todos os outros partidos da oposição, nos chumbos a todas as propostas legislativas fundamentais e comissões de inquérito, na ocultação da dívida, nas ofensas feitas a todos os líderes da oposição (ou o líder do CDS/PP já se esqueceu das atitudes contra a sua pessoa?), na histórica arrogância e impreparação para viver em democracia, portanto, do PSD nada há a esperar, nem deste grupo que o lidera há quase quarenta anos, nem dessas figuras que se perfilam, uma vez que todos leram a mesma cartilha e todos andaram na mesma escola política. Até alguns que eram oposição lá se acoitaram. Os princípios e os valores são os mesmos, embora pintados de fresco! Por isso, perguntar-se-á, como é possível o CDS/PP pretender acordos com aqueles que nos trouxeram à desgraça, portanto, a toda aquela caracterização que o partido fez? Do meu ponto de vista, sem conhecer outros meandros que a política muitas vezes esconde dos eleitores, eu diria que se trata de uma proposta só possível no Natal, com o Pai Natal de permeio ou, então, salvo as devidas proporções e âmbitos, um toque de Mandela, o Homem do eterno perdão, na semana em que partiu.
Meu Caro José Manuel Rodrigues, a questão da Madeira é, de facto, muito complexa. Os eleitores disseram, em Setembro, que não querem o PSD por perto. De uma assentada lá foram sete municípios. Isto pode significar que o Povo está farto não apenas de um homem, mas de uma política. E sendo este um facto, embora as legislativas tenham um outro enquadramento, pressuponho que essa tendência irá continuar como forma de libertação de um baile pesado e de uma música que já não há paciência para ouvi-la. Pense nisso, Amigo José Manuel Rodrigues.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A FÚRIA DO GOVERNO CONTRA OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


Posso ser suspeito porque fui, pelo exercício da docência, funcionário público, mas é absolutamente clara uma fúria contra todos quantos foram ou são funcionários públicos. Já não bastava o esbulho de que são vítimas os aposentados e pensionistas, a vergonha de um Estado que não se respeita a si próprio quando rasga contratos legalmente assumidos, quando, descaradamente, torna legal o confisco e o empobrecimento compulsivo, ontem, um tal Hélder Rosalino, "secretário do estado a que isto chegou", na Assembleia da  República, de braço dado com uma maioria política politicamente demente, deu mais um apertão no debate parlamentar no quadro da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas. Ouviu, das galerias para baixo, aquilo que há muito anda a pedir: chamaram-lhe "mentiroso"...


... e manifestaram-se contra este sujeito que Maria de Lourdes dos Anjos, professora e poetisa, escreveu e que no dia 06 de Dezembro aqui transcrevi: "(...) O Rosalino, quase careca, mal-encarado, mentiroso, e desonesto quanto baste, não conheço, não sei de onde veio nem para onde vai mas eu, eu sei que não vou na cantiga dele. Faz parte de uma pandilha que se esqueceu que os servidores do estado eram isso mesmo, servidores. Tinham vencimentos de miséria eram obrigados a assinar a declaração vinte e sete mil e três, estavam proibidos de fazer perguntas ou reclamar. Tinham uma coisa rara para o tempo, que era um diploma de habilitações escolares e, se eram uns sortudos a quem a vida dera um curso, ganhavam quatro vezes menos no público do que no privado. Qualquer cidadão que fosse porteiro num banco ou numa companhia de seguros ganhava muito mais que um professor. (...) Agora aparece nas varandas engalanadas da TV, um tal Rosalino, quase careca, mal-encarado, mentiroso e desonesto quanto baste, tentando transformar em salteadores os servidores desse Estado que já não é nosso, tentando guerras intestinas entre velhos e novos, desempregados e trabalhadores, públicos e privados, enfim, entre gente da mesma terra mas com tempos tão distantes e realidades tão diferentes. (...) Sabia estas coisas, senhor Rosalino!? Sabe o que é trabalhar senhor Rosalino!? (...)". 
Somos governados por uma máfia política, um bando político que se apoderou do Estado. Ainda ontem recebi uma mensagem sobre este Hélder Rosalino que aqui publico parte e com exclusão de todas as palavras ofensivas que constam do texto: "(...) Só mesmo a tiro! Este grandessíssimo filho (...) sabe que a sua futura pensão não será atingida pelos cortes que defende de forma intelectualmente desonesta. (...) Terá uma pensão por conta de um fundo de pensões do Banco de Portugal, instituição onde se acolhe uma corja de malfeitores que impõe aos outros o que sabem não os atingir. (...) É intelectualmente desonesto quando fala da situação financeira da CGA, pois sabe, mas esconde, que não há entradas novas no sistema e que o governo não paga à CGA o que as entidades patronais são obrigadas a pagar para o regime da Segurança Social. (...) sabe que isso nunca acontecerá com a corja privilegiada do Banco de Portugal em cujas tetas mama. (...) Declaração de interesses: não sou beneficiário da CGA (...)". 
Para quê mais palavras? Os leitores que passem os olhos sobre o texto da Drª Maria de Lourdes dos Anjos, compaginem com esta mensagem e tenham presente o que aquele Secretário de Estado, em nome do governo PSD/CDS está a  fazer aos funcionários públicos como se fosse possível equiparar as funções, muitas delas específicas, relativamente à generalidade do sector privado. 

Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O GOVERNO ESTÁ PARALISADO E ESQUECEU OS MADEIRENSES

OS PARTIDOS DO "ARCO DA GOVERNAÇÃO". QUE DESIGNAÇÃO TÃO ESTÚPIDA!


Sempre me perturbou a designação que por aí se ouve, desde políticos a jornalistas, passando por comentadores e eleitores em geral: "os partidos do arco da governação". Com o devido respeito pelas pessoas que utilizam, recorrentemente, aquela expressão, sublinho que a considero estúpida e sem qualquer sentido. É evidente que percebo o que querem exprimir, mas quando a utilizam estão, obviamente, a circunscrever a democracia a dois ou três partidos, passando todas as restantes correntes de pensamento a meros enfeites do processo democrático. É que a expressão induz no erro e influencia os comportamentos eleitorais. De tanto a repetirem, o eleitor pode ser levado a pensar que só A ou B podem ser poder político e que C ou D podem servir de bengalinha na lógica de que os "ovos não devem ser colocados todos no mesmo cesto". E isto tem conduzido, não podemos ignorar, a um pensamento político quase unanimista por toda a Europa, onde muitas vezes não se percebe onde terminam os princípios e valores de um partido político e começa o outro. 


Li, em Shiller, H., in The Mind Managers: "(…) Os gestores dos media criam, processam, refinam e presidem à circulação de imagens e informações que determinam as crenças e atitudes e, em última instância, o comportamento". De facto, quando produzem, deliberadamente, mensagens que não correspondem à realidade da existência social, os gestores dos media acabam por se tornar gestores das mentes. Quando falam do "arco da governação" estão, pois, a afunilar o pensamento quase único. 
Jorge de Campos, in A Caixa Negra, cita Jacques Piveteau: "(...) o espectacular transformou-se numa droga cujos efeitos não podem acalmar-se senão através do consumo sempre acrescido de doses cada vez maiores". Se o espectacular assim é, também o é a repetição do pensamento. De múltiplas formas fazem promover uma e só uma verdade. E a este propósito, K. Popper e J. Condry, no livro Televisão – um perigo para a democracia, alertam, por exemplo, para o facto da televisão ser, hoje, "incapaz de ensinar o que é necessário à sua evolução" (desenvolvimento), talvez porque transmitem a verdade conveniente! Por seu turno, Umberto Eco, in Apocalípticos e Integrados, adverte que a "civilização democrática salvar-se-á se da linguagem da imagem se fizer um estímulo à reflexão crítica e não um convite à hipnose". O que porém acontece é que, na linha de pensamento de Aor da Cunha, servem para "moldar, esticar ou comprimir imagens com textos que reproduzam a vida política, social, cultural e económica à sua maneira, conforme os critérios ideológicos e particulares do momento não só dos jornalistas, mas também segundo os "proprietários" dos emissores (…)". Há como que uma lógica ditatorial do pensamento único. Daí o "arco da governação". E os outros pensamentos? Ora, temos a Europa e uma grande parte do Mundo que temos porque há gente que "não conta". Que apenas compõem o ramalhete. 
Eu não aceito este quadro. E dou um exemplo, mesmo que ínfimo: ainda ontem assisti à parte final do programa "Parlamento" da RTP-Madeira. O pivot parecia estar a contar segundos, evidenciava interesse em terminar o programa (ver aqui os 60'' finais) e não se pôs com tolerâncias, exactamente no momento em que falava um deputado do PAN cortou-lhe a palavra de uma forma abusiva e indelicada para com o convidado e para com os espectadores. No entanto, à Deputada do PSD, houve momentos que mais lhe parecia estar a dar corda. Enfim, talvez porque pertença ao tal "arco da governação". 
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A CORRUPÇÃO NA EDUCAÇÃO. ELES ESTÃO A FAZER TUDO PARA ACABAR COM A ESCOLA PÚBLICA.


Ana Leal foi a jornalista que ousou fazer uma reportagem na TVI mostrando a opção do governo pelo ensino privado, acompanhado do desmantelamento da escola pública. Trata-se de uma reportagem que demonstra, inequivocamente, a corrupção na Educação e o que este Ministro Nuno Crato faz para acabar com a escola pública. Ele pode dizer que não é bem assim, mas os factos demonstram o que lhe vai na cabeça. Esta reportagem já tem algum tempo, mas continua actual. Eu julgo que todos os professores deveriam segui-la e retirar as conclusões. Aqui deixo o convite. Quanto à jornalista, por esta e outras situações foi suspensa. Por divulgar a verdade inconveniente.

 

Violência

A Educação nacional está a ser confrontada com caminhos que desprezam a sua natureza axiológica e procuram impor-lhe o modelo de mercado. Trata-se de apresentar a Educação como um simples serviço, circunscrito a objectivos utilitários e instrumentais e regulado apenas por normas de eficiência e eficácia. Trata-se de impor um acto educativo transformado em produto e a escola transformada em empresa de serviços. Trata-se de impor uma ideologia marcada pela sede de desinstitucionalizar e pela pressa de privatizar.


O Professor Doutor Santana Castilho, escreveu, no PÚBLICO, no dia 04 de Dezembro corrente, um artigo que, do meu ponto de vista, clarifica o vídeo que aqui deixei. Vale a pena ler.
"A arrogância, o ódio aos professores, a ignorância sobre a realidade do sistema educativo e das escolas e a impreparação política e técnica são os eixos identificadores daquilo que poderemos designar por bloco central de governo da Educação da última década. Se apelarmos à memória, salta à vista a convergência ideológica entre Maria de Lurdes Rodrigues e Nuno Crato, relativamente ao papel dos professores. Uma ou outra divergência quanto a processos não apaga o essencial. Do outro lado da barricada, a classe dos professores não interiorizou, enquanto tal, a dimensão política da sua profissão. E, em momentos vitais das lutas a que tem ido, soçobrou por isso.
As mudanças sociais e económicas que varrem a vida dos portugueses colocam à Educação problemas novos e emprestam uma dimensão maior aos problemas de sempre. Mas o maior de todos é político e como tal ideológico e intencional. A Educação nacional está a ser confrontada com caminhos que desprezam a sua natureza axiológica e procuram impor-lhe o modelo de mercado. Trata-se de apresentar a Educação como um simples serviço, circunscrito a objectivos utilitários e instrumentais e regulado apenas por normas de eficiência e eficácia. Trata-se de impor um acto educativo transformado em produto e a escola transformada em empresa de serviços. Trata-se de impor uma ideologia marcada pela sede de desinstitucionalizar e pela pressa de privatizar. De entre tantas mudanças que aqui não cabem, recordemos as duas que melhor servem tal desígnio: a criação da Parque Escolar e o regime jurídico de gestão das escolas. Com a primeira, passou-se para o domínio empresarial a propriedade de mais de metade das escolas secundárias do país. São milhares e milhares de metros quadrados urbanizados nas zonas mais nobres das maiores cidades. Se o BPN foi nacionalizado e a SLN ficou de fora, por que não considerar que a Parque Escolar pode vir a ser vendida ao grupo GPS ou à empresária Isabel dos Santos? Com a segunda, escancararam-se as portas à possível gestão privada das escolas públicas. Porquê? Porque o órgão de gestão das escolas passou a ser escolhido por uma espécie de assembleia de accionistas das empresas (Conselho Geral, onde a maioria dos membros não pertencem à Escola); porque o director assim escolhido também pode, ele próprio, ser estranho à própria Escola ou mesmo, no momento, a qualquer escola, um simples contratado por alguém, que cumpra os requisitos legais. Muitos não pensaram nisto, nem no como pode ser atraente para outros juntar as duas peças, sob a bênção da ideologia de Passos e Crato. Aos primeiros recordo Sun Tzu:
“… Se conheces o inimigo e te conheces a ti mesmo, não precisas temer o resultado de cem batalhas. Se te conheces mas não conheces o inimigo, por cada vitória sofrerás uma derrota. Se não te conheces nem a ti próprio nem ao inimigo, perderás todas as batalhas. …”
A distorção nas representações sobre as condições de exercício da profissão docente, ardilosamente passada pelo Governo para a sociedade em geral, atingiu o limite do suportável e ameaça hoje a própria integridade profissional dos professores, que não se têm afirmado suficientemente vigorosos para destruir estereótipos desvalorizantes. Com tristeza o digo, mas a classe dos professores manifesta-se cada vez mais como classe de dependências. E quem assim se deixa aculturar, dificilmente compreenderá o valor da independência e aceitará pagar o seu custo. É neste contexto que devemos olhar para a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, criada por Maria de Lurdes Rodrigues, importa não esquecer, e então fortemente contestada pelo PSD, importa recordar. Não é coisa de alguns. É coisa de todos. Pese embora tudo o que se possa dizer, o carácter facilitista da prova serve para esvaziar a sua contestação. O “Público” evidenciou o grotesco da prova quando mostrou que adolescentes dos 8º e 9º anos a resolvem com facilidade e rapidamente. Mas, recordemos, há uma segunda prova, sobre conhecimentos específicos, que … pode ser bem diferente. Enquanto chamarmos básica, ridícula, elementar, insultuosa, apatetada, desadequada, absurda, a uma prova que é tudo isso, não nos ocupamos de uma política, que vem de longe, que a utiliza para descredibilizar os docentes da escola pública e para os apontar como responsáveis pela degradação da Educação, etapa importante para o que virá a seguir. A todos aqueles vocábulos há que acrescentar a palavra que falta: violência. É o que esta prova é: uma violência.
Dizem os dicionários que a violência é a qualidade de tudo aquilo que opera com ímpeto, que se exerce com força, que se opõe ao direito ou à justiça. Porque há vários tipos de força, o conceito de violência é, de forma mais lata, aplicado comummente a todo o tipo de comportamento que, com intencionalidade, agride ou intimida. Não só do ponto de vista físico, mas, também, do ponto de vista psíquico e moral. O rompimento abrupto das normas e dos princípios constitutivos da moral social vigente é, no meu entendimento, sempre, uma violência. Quantas vezes mais bárbara que a que se exerce de bastão na mão.
Ilustração: Google Imagens.