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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

SENHOR SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO, MENTIR É FEIO, MUITO FEIO!


Em Agosto, uma primeira página do DN-Madeira titulou: "Bons e Maus alunos em turmas separadas". Um assunto que levantou uma grande celeuma. Nas páginas interiores, a peça desenvolveu, com grande rigor, os resultados dos alunos. Com toda a certeza não foi o jornalista que os inventou. E no texto li, como facto consumado: "O próximo ano lectivo começa com projectos-piloto em pelo menos cinco escolas da Madeira, modelos experimentais com o objectivo de melhorar a prestação dos alunos e simultaneamente a das instituições de ensino. (...) Os directores e a Secretaria de Educação esperam que o tempo prove que poderá ser a resposta para inverter anos de maus resultados, conseguindo o melhor de cada aluno (...) Este ensino mais personalizado prevê, por exemplo, a possibilidade de mais de um professor por sala, sendo de esperar também um aumento na contratação com esta medida (...) A Secretaria de Educação definiu como objectivos a melhoria nas avaliações, a redução do abandono escolar e da indisciplina. Estes projectos-piloto vão neste sentido e foram ao que tudo indica aprovados pela tutela (...) Com estes projectos, os directores, com a Secretaria, querem identificar as dificuldades o mais cedo possível, actuar o quanto antes de forma a corrigir o percurso que de outra forma acaba em más avaliações e traumas (...) Ao que o DIÁRIO apurou, o secretário regional de Educação, Jorge Carvalho, vê com grande expectativa os resultados destas intervenções diferenciadas nas escolas (...)". Ontem, o mesmo secretário da Educação, depois de tanta voz que se colocou contra aquela posição, assumiu, em audição parlamentar: "Não há nenhuma diferenciação entre alunos maus e alunos bons (…) não existe nenhum projeto nesse sentido" (...) Esse "projeto não é da secretaria" Regional de Educação (...)".



Não tenho palavras para qualificar, politicamente, a desconformidade destas posições. Está completamente fora de qualquer hipótese ter sido o DIÁRIO responsável pela estratégia política, mas os dados e o interesse em fazer avançar aquilo que designaram por projecto-piloto, obviamente, que tem uma paternidade. Até porque não foi desmentida nos dias seguintes. 
Não vou aqui tecer considerações sobre esta questão no quadro pedagógico. Já o fiz em tempo oportuno. O que me preocupa é a mentira, ou melhor, sobre quem está a mentir dentro da própria secretaria, quem deu o seu aval a uma iniciativa (mesmo que fosse de escola) e mais do que isso, as razões científicas que conduziram a esse aval. Mentir é feio, muito feio! Mais ainda, quando só dois meses depois da notícia, na esteira do posicionamento até de investigadores da Universidade da Madeira, surja, laconicamente, a posição oficial que "não existe nenhum projecto nesse sentido". Fico com a ideia de alguém ter remado para terra depois da alta pressão a que foi sujeito. 
Doravante, questiono, quem irá acreditar em uma qualquer decisão da Secretaria Regional da Educação? Restará sempre a dúvida. Eu que defendo a autonomia dos estabelecimentos de educação e ensino e não uma autonomia mitigada e de sucessivos constrangimentos, sustento também que existem determinadas opções que não devem ficar ao livre arbítrio das escolas. No mínimo, a tutela tem o dever de equacionar, fazer pensar, recolher depoimentos de autores, investigadores e pensadores em matéria de sistema educativo, para depois então acautelar o seu aval a projectos que só, aparentemente, podem ser considerados necessários. Ontem, mais do que fugir à realidade publicada, o secretário tinha o dever de explicar aos deputados, no plano científico, as razões que o levaram, em Agosto, dizer que via esta iniciativa com grande expectativa. E por aqui fico.
Ilustração: DN-Madeira.

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