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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

POLÍTICAS DE FUMO

De derrota em derrota até ao estoiro final.
Nada mais natural do que a necessidade do governo regional apresentar um Orçamento Rectificativo, não só na sequência da nova Lei das Finanças Regionais, mas pelo facto do orçamento em vigor mostrar-se absolutamente desadequado da realidade. Tem razão o Deputado Dr. Carlos Pereira quando, esta manhã, salientou a propósito: "(...) tendo em conta que nós temos, agora, uma nova Lei de Finanças Regionais, um novo enquadramento em termos de receitas e de estarmos convencidos que a dívida da região é, de facto, muito superior a que o PSD anda a dizer e que ascende, hoje, a mais de 5.500 milhões de euros, só há um caminho a seguir para que haja, do ponto de vista técnico e político, transparência e responsabilidade na gestão orçamental que é a apresentação de um orçamento rectificativo".
Certamente que o governo regional, como em tantas outras ocasiões, não compreenderá esta proposta e, portanto, rejeitá-la-á em sede de debate parlamentar. O costume. É o comportamento típico do fidalgo que está cheio de problemas até ao pescoço, dívidas por todos os cantos, mas continua a arrotar fidalguia por todos os poros. Continua a manter o Rolls Royce mas sem dinheiro para o combustível. Mantém o smoking mas anda descalço.
Ora, sendo o momento dramático, porque o cofre está vazio, quando todos os sectores clamam, em voz ainda que baixinha, mais e melhores apoios para poderem dar resposta às necessidades, quando a listagem das dívidas é enorme e envolve muitos milhões, quando se sabe que o último orçamento aprovado na Assembleia constituiu um monumental embuste, quando ainda vamos em Fevereiro e a tendência é para a agudização da situação económico-financeira, quando há uma absoluta necessidade de ir ao encontro dos empresários, quando muitos especialistas dizem que há que frenar em determinados investimentos e direccionar as políticas para sectores que possam ajudar a esbater a situação de grave crise, quando tudo isto acontece, mandaria o bom senso que a Assembleia se constituísse num centro de debate onde o governo pudesse recolher e assumir as melhores propostas. A Democracia deveria ser assim, por aqui! Não é, todavia.
E porque não é, o governo continuará na sua espiral para dentro, fechar-se-á cada vez mais, atirando para os outros responsabilidades próprias. De derrota em derrota até ao estoiro final. Se a Democracia funcionasse em toda a sua plenitude, o Presidente do Governo há muito que se tinha explicado aos parlamentares. É assim em qualquer parlamento democrático. Na Assembleia da República, por exemplo, o primeiro-ministro, quinzenalmente, debate os assuntos de oportunidade política, na frente dos parlamentares e aos olhos de todo o povo. Por aqui, o presidente do governo só fala uma vez por ano no Parlamento e a solo, isto é, sem possibilidades de ser questionado e daí responder aos Deputados. Curiosamente, o presidente do governo depende do Parlamento! Triste e envergonhada Democracia que permite tanta política de fumo!
É óbvio que estamos metidos num grande sarilho.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Oportunista disse...

A nova LFR pouco ou nada acrescentou (por "culpa" do PS). Daí que, mesmo o pouco que se possa ter acrescentado não se deve ao PS. Está agora o PS preocupado sobre como aplicar os poucos milhões que se alocaram à RAM?
É de rir.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Neste caso não parece que seja de rir, mas de chorar. É que o momento é muito complexo e está muito para além da fatia proveniente da LFR. O drama é saber como pagar os mais de cinco mil milhões em dívida. O problema é esse.