"Se não tivesse entulhado tinha passado tudo".
Não foi Jacques de la Palice (ou de la Palisse) que disse aquela frase que marca a tragédia. Acabo de seguir uma entrevista do Senhor Presidente do Governo Regional concedida a Judite de Sousa, Jornalista da RTP 1. Quando a questão foi colocada ao que se passou na ribeira frente ao Dolce Vita, o Presidente foi claro: "Se não tivesse entulhado, tinha passado tudo". Nem mais. E disse uma outra lapidar: "Há doutores a mais neste País". Obviamente, referia-se aos tais que estudam, investigam, aconselham, colocam o seu saber ao dispor dos políticos e, depois, são considerados "miseráveis" por reflectirem e, teimosamente, alertarem para os erros de planeamento do território. Trinta e seis anos depois, ouvi, também, que a culpa vem do tempo do Estado Novo, o que significa que a Madeira Nova nada tem a ver com o desastre. No meio disto tudo, nada será mudado e, quanto ao Pinto de Sousa, passou a Engenheiro e já é um amigo.
4 comentários:
Quando é que o "Renascimento" chega à Madeira? Parece que estamos na idade das trevas e da inquisição!
Quem pode mudar tudo isto somos nós madeirenses!!!
Aquela da destruição ser o "da Madeira Velha" e ter ficado as obras da Madeira Nova",tá mesmo com piada.O "único importante,sou eu" (o Albertinho),continua igual a si próprio e até o temporal veio dar-lhe uma mãozinha para saír da crise em que estava mergulhado.Logo que este tenha o dinheiro na mão,veremos que porá o Socrates e o governo da Republica "abaixo de cachorro".Cumprimentos
Caro amigo
Vi a entrevista com interesse. Apesar da compostura e do fato com gravata, nada mudou. Quem não concordar com o Presidente do GR continua a ser insultado e enxovalhado.
No fundo, esta tragédia também serviu de desculpa para calar tudo e todos. A tão propalada união não passa de uma tentativa de subjugar toda e qualquer oposição. Foi assim com Salazar e a guerra colonial, é assim aqui e agora.
E será que este namoro com Pinto de Sousa vai durar muito?
Caro André Escórcio,
Essa foi uma entrevista lamentável, onde até a Judite Sousa esteve muito mal. Mas será que aquele senhor intimida toda a gente? A realidade é que o Presidente do Governo continua a assobiar para o lado, como se nada fosse consigo, pois parece que agora a culpa é do Salazar (apetece dizer “Com que então…!). A culpa não pode ser só da chuva. É certo que em qualquer sítio e com aqueles índices de pluviosidade era inevitável não haver destruição. Mas também é certo e por demais evidente, que têm sido cometidos erros de planeamento territorial. Passo a transcrever:
_"A Madeira não pode ser a mesma depois de 20 de Fevereiro. Tem que ser estrategicamente planeada para fazer face a este tipo de catástrofes".
"O perigo é continuar o estilo e o método de trabalho da Madeira "nova" e não querer parar para pensar."
Eng. Danilo Matos, ex-director do gabinete de planeamento da Câmara do Funchal
_ "Além disso, para minimizar os efeitos das cheias, diz ser necessária uma gestão cuidada dos canais de escoamento e políticas urbanas que impeçam a instalação de explorações agrícolas, habitações e armazéns nos leitos de cheia. Até porque "parte do que agora aconteceu é o resultado de 33 anos de Madeira "nova" - uma Madeira sem modelo, sem planeamento e governada para ganhar eleições."
Raimundo Quintal
_ "A cheia é um fenómeno intrinsecamente natural. O que aconteceu é um problema de desordenamento do território - e de incúria."
Engenheira civil Manuela Portela, professora do Instituto Superior Técnico e uma das autoras do Plano Regional da Água da Madeira-PRAN
São estes alguns dos “abutres” e “miseráveis” , os tais “doutores a mais neste país” que técnica e cientificamente têm chamado a atenção para questões que os políticos do poder têm feito “ouvidos de mercador”.
O que mais me preocupa é que nada se tenha aprendido, nem à custa de dezenas de mortes, centenas de desalojados e milhares de afectados pelas intempéries. E assim vamos e assim continuaremos num ciclo que se prevê de chegada de muitos milhões, muitas inaugurações e votos aos trambolhões.
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