O problema é político, claramente político, pois não convém ao poder regional ter aqui um Banco Alimentar pois isso significaria assumir os números da pobreza que o próprio governo nega. O problema reside aqui, o resto é blá... blá...
Assisti, hoje, a uma Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Madeira, onde foi discutida um proposta do PCP que visava a recomendação ao governo regional, no sentido da criação das condições necessárias à existência, na Madeira, do "Banco Alimentar Contra a Fome". A proposta foi chumbada pelo PSD, alegando, fantasiosamente, que se trata de uma instituição não governamental, uma instituição particular de solidariedade nacional, que os problemas de fome, na Madeira, estavam controlados a partir de uma série de instituições e que o problema que se colocava era o da existência de um espaço, no Funchal, para o respectivo armazém. Conversa e mais conversa, enfim, um "música" intragável (já que falo de géneros alimentícios) quando se sabe que o problema não é de espaço. O problema é político, claramente político, pois não convém ao poder regional ter aqui um Banco Alimentar, pois isso significaria assumir os números da pobreza que o próprio governo nega. O problema reside aqui, o resto é blá... blá... Quisesse o governo regional assumir esta necessidade e espaços não faltariam por aí, desde escolas desactivadas, facilmente adaptáveis, até aos parques empresariais que estão "às moscas".
Se houvesse interesse teria o próprio governo estabelecido contactos com a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome e, protocolarmente, a situação já estaria resolvida. Mas não, esta recorrente intenção esbarra na ausência de sentimento humanista e de resposta necessária mas provisória, porque "toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda aos serviços sociais necessários" (Excerto do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos do Homem).
Em Portugal, Açores incluído, o BACF apoia mais de 1700 instituições. Só a Madeira não tem o seu Banco Alimentar. Como se não houvesse carências, como se a fome pudesse esperar, como se fosse possível esconder a pobreza e a falta de recursos, como se as instituições existentes fossem suficientes para colmatar a fragilidade económico-social.
Saí desta reunião, como se costuma dizer, com os braços caídos. Quando não interessa criam-se mil e uma situações para justificar o injustificável. Ao ponto de ter ouvido qualquer coisa como isto: caso haja algum benemérito que ofereça o espaço... ao que retorqui, que se entrarmos por aí, o que tenho a dizer é que o governo tem sido benemérito de muito boa gente, e de instituições que não são prioritárias, agora, brincar com a fome não tem explicação possível.
Por favor, metam mãos à obra e deixem-se de histórias que, aliás, a todos nos envergonha, porque essa cantilena de remeter todos assuntos para a Segurança Social não pega.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Caro amigo André.
O seu sentimento é profundo.
Então há falta de Espaço para o Banco Alimentar?
Onde estão os milhões de € dados para os estádios de Futebol? Para a compra de areia em Marrocos?
Para as grandes passeatas dos vários membros do G.R.?
Valha-nos N.S. dos esquecidos. Não tenho a menor dúvida que esse povo está mesmo votado ao abandono.
Eu a pensar que não eram só os " cubanos " que tinham bancos alimentares.
Há! Como tenho andado arredado da minha querida terra...
Obrigado pelo seu comentário.
De facto, é ininteligível esta recorrente posição do PSD e do governo, sobretudo quando há dinheiro para tanta coisa, por exemplo, para enterrar 4 milhões de euros anuais no Jornal da Madeira, com a finalidade de propaganda.
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