O "trabalho feito" arrepia, quando vemos milhões e milhões desperdiçados em obras sem retorno económico e social, quando vemos as prioridades invertidas, quando vemos o crescimento da pobreza e do desemprego, quando vemos desperdício por todo o lado. Este foi o "trabalho feito" que secundarizou a Educação, gerou gravíssimos problemas ao nível do direito à saúde, que passou ao lado dos princípios orientadores de um ordenamento do território sustentável.
“Se isto estivesse fácil eu não era recandidato, eu ia me embora, porque já tenho que dê para mim, não no sentido material mas no sentido do trabalho feito, pois já me sinto realizado. Acho que era muito feio fugir numa época que é bastante difícil. E isto vai ser muito, muito duro. Não haja ilusões.”
Palavras de quem? Obviamente do ainda Presidente do Governo Regional da Madeira. Qualquer outra pessoa com um mínimo de bom senso POLÍTICO, repito, político, não assumiria aquela declaração. E porquê? Simplesmente pelas contradições que o discurso encerra e pela intencional ocultação da realidade. Vou por partes. Não foi o UI (único importante) que disse, numa qualquer campanha passada, "ajudei, ajudem-me", enfim, para manter-se no poder? Não foi o UI que assumiu que, com a ajuda do Povo, resolveria todos problemas da Madeira, ao jeito de Liedson, resolve? Ora bem, não só não os resolveu como os agravou substancialmente. Daqui se conclui que a sua presença, pela práxis política de vários anos, é que ele há muito deixou de ser a solução para ser parte integrante do problema. Mais. O "trabalho feito", segundo a sua expressão, arrepia, quando vemos milhões e milhões desperdiçados em obras sem retorno económico e social, quando vemos as prioridades invertidas, quando vemos o crescimento da pobreza e do desemprego, quando vemos desperdício por todo o lado. Este foi o "trabalho feito" que secundarizou a Educação, gerou gravíssimos problemas ao nível do direito à saúde, que passou ao lado dos princípios orientadores de um ordenamento do território sustentável. Quem assim procedeu, quem nunca manifestou qualquer preocupação com o equilíbrio entre o crescimento e o desenvolvimento, quem nunca olhou para o HOMEM como o centro de todas as políticas, só pode acrescentar, no futuro, mais caos ao caótico sistema social. Se antes havia dinheiro a rodos, e quando ele existe, empreiteiros não faltam, hoje, com o cofre vazio e cheio de dívidas, só por se encontrar refém de muitos interesses políticos, quer continuar, porque não tem a mínima noção que a sua capacidade de negociação está esgotada, a sua credibilidade política pela via da amargura, inclusive no plano interno, a sua notoriedade resvala a olhos vistos. É a teimosia levada ao extremo, é o amor ao poder a castrar o pensamento racional, é a conjuntura dos interesses que o empurra, é, enfim, uma incomensurável vontade de querer ficar na História.
Será duro, o próximo futuro, diz ele. Há muito que se sabe! Não é novidade nenhuma. O que ele deveria dizer e não assume, é que há um único culpado (UC) na situação a que chegámos. Foi ele que esteve, ininterruptamente, 32 anos no poder absoluto, foi ele que montou esta absurda "estratégia", foi ele que implementou a "política do eucalipto", que secou tudo à sua volta, foi ele que esmagou, controlou e tornou submissa toda a sociedade. Não se trata, por isso, de "fugir" às responsabilidades, mas de libertar esta sociedade para que ela possa ser dona do seu futuro, no pleno respeito pela Democracia. Que maior "ilusão" do que aquela que ele gerou?
Ilustração: Google Imagens.
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