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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MANUEL ALEGRE - A MINHA ESCOLHA


Portugal não precisa de quem diz mata quando outro diz esfola. Encontramo-nos em um momento de absoluta necessidade de gerar novos equilíbrios através do diálogo, de alguém com passado, com história, com vida e vivência política, com leitura do País e do Mundo.

Sempre tive uma grande admiração por Manuel Alegre. Desde o tempo das ondas da rádio vindas da Argélia, onde esteve exilado e de onde partiu o programa "Voz da Liberdade". Era eu muito jovem e lembro-me do meu pai sintonizar, em um velhinho RCA (que ainda o conservo), muito baixinho e quase com o ouvido colado à saída de som. Mais tarde percebi as razões de uma audição em reduzido volume de som, como também a mensagem que a telefonia irradiava. A minha consideração por Alegre vem daí, desse tempo, desses dez anos a emitir do exterior a necessidade de instauração da Democracia em Portugal.
Em 2008, quando Alegre revisitou as instalações da "Voz da Liberdade", lembro-me ter dito: "Não podemos separar a história da revolução portuguesa do papel desempenhado pela Argélia, que ajudou Portugal a instaurar a democracia e ajudou outros movimentos de libertação, sem pedir nada em troca, apenas com solidariedade para aqueles que se batiam pela liberdade". Foram tempos de resistência à ditadura e o que, para mim, constitui referência e motivo de grande consideração é que Alegre, de 1974 para cá, ao contrário de muito boa gente, não vendeu a sua consciência, os princípios e os valores que o animam. Apesar de estar COM o PS, em vários momentos, ele soube estar CONTRA. Naquilo que é essencial, Alegre funcionou muitas vezes como o contraponto, o abanar da consciência partidária interna, o alerta para os erros de percurso. E eu sei quão difícil é percorrer esse caminho dentro de um partido. Mas fê-lo com os riscos que as tomadas de posição implicam e face aos olhos enviesados que crescem em redor. Não se vendeu e não se deixou corromper pelas teorias económicas balofas de uma sociedade que caminha para a sua auto-destruição. A sua posição de intransigência contra esta maré de desvinculação e destruição dos direitos laborais, essa onda contra a escola pública, contra a mercantilização da saúde, essa subtil e paulatina destruição do estado social, entre muitos outros aspectos, leva-me cada vez mais a considerá-lo como o Homem que Portugal precisa na Presidência da República.
Portugal precisa, urgentemente, com este ou qualquer outro governo de uma figura que faça o necessário contraponto. Portugal não precisa de quem diz mata quando outro diz esfola. Encontramo-nos em um momento de absoluta necessidade de gerar novos equilíbrios através do diálogo, de alguém com passado, com história, com vida e vivência política, com leitura do País e do Mundo. Portugal dispensa o bem vestido mas oco, por dentro, nas concepções que defende. Pelo contrário, Alegre o que expõe na "montra" é o que tem no "armazém" da sua consciência política.
Existem outros candidatos, pois é evidente que sim. Não é isso que está em causa. Esta é a minha opção com o respeito pelas restantes candidaturas. O que me parece defensável é, neste quadro sociológico, perceber qual o melhor caminho para romper com uma candidatura da direita que, ao longo dos últimos cinco anos, com tanta sabedoria económica enunciada, não se lhe reconhece qualquer atitude pública no sentido de esbater as consequências da crise internacional. Mais, ainda. Tenho presente o que foi o candidato Cavaco Silva, enquanto Primeiro-Ministro. Hoje, fala como se tivesse na mão a solução de todos os problemas, mas não esqueço que, durante dez anos, não soube lançar as bases de um futuro promissor para Portugal. Se, há 25 anos, com tanta sabedoria apregoada, o tivesse feito, hoje, Portugal, certamente, seria diferente em todos os sectores e áreas da governação. Não o fez, portanto, considero que é um candidato que Portugal pode dispensar. Eu votarei Manuel Alegre. Votarei na esquerda por um Portugal moderno e solidário.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

José Luís Rodrigues disse...

Desejo profundamente que passe à segunda volta... Seria o melhor para representar o nosso país, basta saber um pouco de quem é Manuel Alegre. E como sabia bem ver os Cavacos todos saltarem para o Bairro da Coelha.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Porque acredito que a pobreza não é uma fatalidade; porque acredito no estado social; porque acredito no direito das pessoas à felicidade, e por aí fora, a minha escolha filia-se, precisamente, em quem defende uma sociedade mais justa e fraterna. Como dizia o Presidente de Câmara de Paris, uma vitória de Manuel Alegre é muito importante para a Europa. Oxalá.

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Ao longo da minha vida profissional aprendi a detectar alguns dos sinais identificadores do carácter das pessoas.
O tempo,na maior parte dos casos,encarregou-se de revelar que a minha apriorística avaliação não se afastava da realidade.
Sem menosprezo pelas candidaturas de Lopes,Nobre ou Moura,e,até,pela excêntrica de Coelho,relevo as que melhor indiciam posicionar-se eleitoralmente: as de Manuel Alegre e de Cavaco Silva.
Assim:
Á Frontalidade de Alegre, contrapõe-se a renitente Opacidade de Cavaco;
Á Seriedade de Alegre,contrapõe-se um manancial de duvidosas irregularidades que as declarações de rigor e de honestidade não eliminam;
Á Humanidade latente em Alegre, contrapõe-se a pose de Cavaco, estudada e fabricada, do tecno-burocrata,insensível às carências sociais.
Mais haveria a pesar, designadamente os passados, longínquos e recentes,de um e de outro,e,aí,a balança não manifestaria,nem manifesta,o menor equilíbrio democrático.
Há cinco anos,Cavaco Silva, prometeu uma estranha, e invasiva, "Cooperação Estratégica",cujos resultados,os portugueses,ora eleitores,sentem tão penosamente nas suas vidas.
Manuel Alegre É,e sempre Foi,um Homem Livre,um Lutador pela Dignificação do seu País,um Democrata sem concessões ao fascismo salazarista.
Que dizer de Cavaco Silva,que em proveito próprio,se declarou integrado na ordem do Estado Novo?
Nesse caso,não houve silêncios nem contidas reservas.
Quem merece a Dignidade da Presidência?
Por mim, não tenho a menor dúvida!
Esperemos que,finalmente,este Povo tenha o Presidente que deve merecer.

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Esperemos que o bom senso prevaleça e Manuel Alegre possa participar e derrotar Cavaco Silva na 2ª volta.
É inadmissível voltar à Presidência da República um personagem que,de todo em todo,deu,e dá,contínuas provas de não respeitar os mais elementares princípios de transparência democrática.
Para além disto,Manuel Alegre teria dado a conveniente resposta ao Presidente da República Checa, coisa que, mais que a ofensa, a atitude de Cavaco nos deslustra e envergonha.