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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CAVACO... CAVAQUINHO!


"Estou aqui com aqueles com quem quero estar, não estão aqui representantes da alta finança nem dos grandes interesses que querem dominar o poder democrático". Emocionado, MANUEL ALEGRE explicou o que está em causa em 23 de Janeiro: "Estão em confronto dois projectos – um projecto progressista, democrático, baseado nos valores da justiça social e da Constituição da República e um projecto conservador e que tem características restauracionistas."

O que o País, neste momento, não precisa é de uma crise política. O bom senso apela para um quadro de tranquilidade gerador de confiança que possibilite a recuperação económica. O País necessita, face a todos os constrangimentos, que a "gula" pelo poder a qualquer preço saia da preocupação partidária e que todos, na conjugação das diferenças de posicionamento ideológico, consigam levar este barquinho a bom porto. Essa via é determinante nos planos interno e externo. O que o País não precisa, face à contínua desconfiança  dos mercados é ter um candidato, ainda Presidente da República, que me parece de calendário na mão, fazendo contas sobre a data que, em caso de vitória, poderá dissolver a Assembleia da República. Quando o candidato Cavaco Silva sublinha, com todas as letras: “(...) Não podemos excluir que aconteça uma crise grave, não só económica e social, mas também política” ele o que quer dizer é que na sua consciência está consolidada essa ideia. Penso que face às circunstâncias que o País atravessa, esta atitude é de uma enorme irresponsabilidade.
Decidadamente, este ainda Presidente não serve o País e apresenta-se como uma peça de um xadrez de interesses partidários, estes umbicalmente ligados a um xadrez de grandes interesses internacionais. É a direita política a querer tomar de assalto todo o poder, para colocar em causa direitos conquistados com muito suor, muito esforço político e muito sangue ao longo de décadas. Falo da escola pública, falo da saúde pública, falo segurança social, falo do direito ao trabalho que jamais poderá confinar-se a essa treta de "nada mais certo no futuro que o emprego incerto". Isso tem muito que se lhe diga e os trabalhadores, aos poucos, começam a interiorizar que há frases interessantes que escondem, por detrás, a riqueza de uns à custa da miséria dos demais.
O Professor Cavaco é um desses que segue e canta as lógicas neo-liberais. Só por essa via se explica aquela declaração dita hoje e que deu o mote a este texto. E ao contrário da sua acusação, que Alegre é um ignorante da política externa, obviamente que Manuel Alegre conhece toda a trama internacional e todo o jogo escondido que Cavaco interpreta. Num diálogo que tive com Manuel Alegre, aquando da sua primeira visita à Madeira, este mesmo assunto serviu de troca de impressões enquanto almoçávamos ali para os lados de Câmara de Lobos. Manuel Alegre conhece e bem quem são os reis, as torres e os cavalos deste jogo viciado. 
Disse Manuel Alegre num almoço com mais de 500 sindicalistas e activistas do mundo laboral: "Desta vez não há lugar à indiferença, não há lugar a baixar os braços, não há lugar à abstenção" (...)  "Estou aqui com aqueles com quem quero estar, não estão aqui representantes da alta finança nem dos grandes interesses que querem dominar o poder democrático". Emocionado, explicou o que está em causa em 23 de Janeiro: "Estão em confronto dois projectos – um projecto progressista, democrático, baseado nos valores da justiça social e da Constituição da República e um projecto conservador e que tem características restauracionistas."
Manuel Alegre tem razão quando sublinha que "uma nação não é um manual de Finanças" e de que o País não precisa de lições de economia. Concordo e trago à colação, parafraseando, o distinto médico e investigador Abel Salazar quando disse: "o médico que só sabe de medicina nem de medicina sabe". Parece ser o caso de Cavaco Silva. 

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