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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

AO PONTO A QUE SE CHEGOU!



Para quê instrumentos de planeamento? Para quê a existência de técnicos? Para que o sentido do ordenamento do território? Para quê? Basta um homem, portador da sua única e exclusiva verdade e pronto, o caminho fica aberto ao cumprimento da sua vontade! Conjugue-se, agora, a questão do "aterro" junto ao cais com esta alteração aprovada na Assembleia e verifiquemos se tudo isto não bate certinho? Isto acaba mal, acaba, pois!

 

Se ainda existisse alguma máscara, hoje, ela, definitivamente, caiu, através de um diploma aprovado na Assembleia e de umas declarações públicas do Presidente do Governo. Estes dois momentos, conjugados, determinam que estamos face à mais descarada afronta ao povo, ao mais imbecil ataque à Democracia e à mais desavergonhada utilização do poder. 
Os dois momentos conjugados, politicamente, demonstram quantos e quão fortes são os interesses que se manifestam por detrás das atitudes. Acreditem os meus leitores que não estou aqui a escrever com as vestes partidárias. Escrevo enquanto cidadão que ama a sua cidade, que defende a sua terra e que não admite, em circunstância alguma, que um qualquer poder discricionário, venha de onde vier, espezinhe o povo, lá porque esse povo atribuiu-lhes um mandato para governar. Um mandato que não pode servir para impor uma vontade, até porque poder absoluto não significa razão absoluta.
Ora, hoje, sobre o famigerado aterro ao lado do cais da cidade, o presidente do governo regional, face a uma série de pessoas que se manifestaram com grandes reservas sobre o "projecto" que já é público, disse que "podem gritar" pois será concretizado "para alavancar a Economia e Emprego". Estudos, onde estão eles? Pareceres técnicos e assinados por quem, ninguém os conhece. Tudo se resume à voz do presidente: "podem gritar", porque eu quero, eu posso e eu mando.
Mas este poder absoluto não fica por aqui. Esta manhã foi passado um "cheque em branco" ao governo e, particularmente ao Secretário do Equipamento Social.
"Quero, posso e mando "
Até um dia...
A maioria aprovou umas alterações ao "(...) regime jurídico da urbanização", em cujo diploma introduziram, por exemplo, o Artigo 9º A que diz o seguinte: "quando a Direcção Regional de Informação Geográfica e Ordenamento do Território não adopte posição favorável a uma operação urbanística, por esta ser desconforme com instrumento de gestão territorial, pode o membro do governo regional, com a tutela do ordenamento do território, quando a operação se revista de especial relevância regional ou local, por sua iniciativa, ou por solicitação do município, respectivamente, propor ao governo a aprovação em resolução do Conselho do Governo da alteração, suspensão ou ratificação, total ou parcial, de plano da sua competência relativamente ao qual a desconformidade se verifique".
Para quê instrumentos de planeamento? Para quê a existência de técnicos? Para que o sentido do ordenamento do território? Para quê? Basta um homem, portador da sua única e exclusiva verdade e pronto, o caminho fica aberto ao cumprimento da sua vontade!
Conjugue-se, agora, a questão do "aterro" junto ao cais com esta alteração aprovada na Assembleia e verifiquemos se tudo isto não bate certinho? Isto acaba mal, acaba, pois!
Ilustração: Google Imagens.

3 comentários:

José Luís Rodrigues disse...

Não tarda nada vão rolar cabeças... Mas, impressiona até onde isto chegou. O poder absoluto cegou esta gente. Mas, até um dia... Porque muitos estão a despertar, felizmente.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
O poder cega.
Poucos assumem o princípio que os lugares de natureza política devem ser entendidos como um serviço à comunidade. O exercício da política não pode enquadrar-se no sentido de uma profissão para a vida, tampouco na lógica da razão absoluta.
Há, de facto, ventos de mudança. Oxalá, o Povo desperte.

Anónimo disse...

Há dias, alguém enviou-me um e-mail sugerindo que acrescentasse o meu nome à petição "Acabem com o aterro do Funchal, devolvam a praia". Como gosto de pensar com a minha cabeça e estar bem com a minha consciência, resolvi inteirar-me melhor da situação para poder juntar ou não o meu nome a essa petição. Quando se começou a discutir o destino do Aterro eu estava muito indeciso ! Então desloquei-me ao local, que fotografei, para ter uma noção mais nítida da realidade ali existente e simultaneamente poder visualizar o que poderiam ser no futuro as diferentes opções em análise. Também, em repetição, fiz questão de ver o debate acontecido na RTP-Madeira alguns dias antes sobre o assunto. Agora não tenho dúvidas em juntar o meu nome àquela petição. Só de imaginar um navio com uma data de andares estacionado ali mesmo em cima da entrada da cidade, era suficiente para estar contra o plano pretendido pelo Governo Regional. A opção que defendo e acho de maior bom senso e racionalidade, foi a defendida no debate da RTP-Madeira pelo Eng. Duarte Gomes que sugere que se prolongue a Pontinha e que se use o material do aterro nessa obra. Assim quando o prolongamento da Pontinha terminasse, o aterro teria desaparecido e a praia estaria restituída. Segundo as previsões, o prolongamento da Pontinha, dentro de alguns anos, será uma inevitabilidade dado o crescimento que se verifica no mercado dos Cruzeiros. Se por razões financeiras não nos é possível aumentar a Pontinha em 300 metros, então, de momento, aumente-se o que for possível (até dar cabo do aterro), na certeza pórem de que devagar se vai ao longe dentro de uma linha que "de grão em grão", teríamos no futuro um porto adequado aos navios de Cruzeiro tão necessários à economia da Região.