E o que mais me constrange é ver a atitude deprimente de uma série de pessoas, com idade para terem juizinho, servindo de cenário, a abanarem a cabeça ao que o "chefe" diz. Não se importam de serem levados na torrente do egoísmo, da loucura, da falta de planeamento, do oportunismo, eu sei lá, da lógica de um poder que há muito deixou de ter qualquer credibilidade.
"A solução é ir a votos", disse hoje o Presidente do Governo Regional da Madeira, a propósito da situação portuguesa. O mesmo diria eu, " a solução é ir a votos", na Madeira, onde o mesmo que critica a situação no Continente, arrastou a Região para um quadro de falência a todos os níveis de análise.
Só que este homem, este governante, este político que há trinta e tal anos está enclausurado numa quinta, perdeu o senso da realidade e, faltando-lhe os argumentos, não encontra outra argumentação e outro alvo que não seja a República. Nada se passa por aqui. O selo da sua governação não existe. A pobreza e o desemprego são mentiras da oposição. A monumental dívida que bloqueia a esperança dos jovens é outra obra de ficção da oposição. Em nada ele tem qualquer responsabilidade política. O problema continua a ser sempre dos outros, numa cantilena que já não há pachorra para aturar. E o que mais me constrange é ver a atitude deprimente de uma série de pessoas, com idade para terem juizinho, servindo de cenário, a abanarem a cabeça ao que o "chefe" diz. Não se importam de serem levados na torrente do egoísmo, da loucura, da falta de planeamento, do oportunismo, eu sei lá, da lógica de um poder que há muito deixou de ter qualquer credibilidade.
"A solução é ir a votos", pois claro que sim, mas antes jogando com as mesmas cartas da oposição. Não com cartas viciadas. Ir a votos, mas antes submeter-se aos debates parlamentares, aos debates na rádio e na televisão aos olhos de todos os madeirenses e porto-santenses. Ir a votos, claro que sim, mas sem um Jornal da Madeira que potencia a propaganda do governo e do PSD. Vamos a isso. Porque lá, o debate existe, a crítica existe, a comunicação social é livre e para todos os gostos. Aqui, é aquilo que se conhece. Vamos a votos mas com mãos limpas, sem truques e sem ajudas. E aí, veremos para que lado o Povo opta.
Ilustração: Google Imagens.
9 comentários:
Lá dis o velho refrão:-
Coitado de quem ouve, pois quem diz fica aliviado
A sorte do "único importante" é que a oposição é frouxa. As pessoas nem a ouvem e interrogam-se como podem ter confiança num partido que anda constantemente a debater-se com lutas internas. Se não se entendem dentro de portas como poderão transmitir um mínimo de credibilidade ? Quanto às regras viciadas compreendo perfeitamente a argumentação mas o que é facto, é que depois de várias tentativas o JM lá continua a ser impingido à borla. Talvez tenham de tentar também formas "viciadas" porque com jogo limpo, está visto que não levam a "carta a Garcia". A falta de respeito pelo parlamento da parte de AJJ é evidente, indigna e provocatória. Os tempos para intervenções atribuídos a certos partidos também são ridículos. Não sei se não seria boa ideia deixar a maioria laranja na Assembleia a falar só uma vez que na prática fazem o que querem e nem deixam falar. Pode ser que daí saísse alguma consequência. Nos moldes actuais, a caravana passa e nada !
Obrigado pelo seu comentário.
Permita-me, mas discordo de uma passagem. A Oposição não é frouxa. O que seria desta Região se não fossem as oposições e os movimentos cívicos, estes, sobretudo nos últimos tempos?
Aliás, o caso do JM que refere é paradigmático.
Sabe, pelo menos no que à minha pessoa toca, não tenho jeito para jogar com cartas viciadas, mas compreendo o alcance das suas palavras.
Quanto às "lutas" internas, neste momento, sinceramente, não as sinto. Se se refere à candidatura a SG, no quadro da Moção de Estratégia Global, penso que é salutar. Sou contra os unanimismos podres e, por isso, há momentos para, no espaço próprio (Congresso) debater as grandes questões que preocupam os portugueses em geral e os madeirenses em particular.
Relativamente à última parte da sua posição, essa é uma velha questão que tem muito que se diga. Em abstracto estou de acordo, mas na prática é muito complicado, pois sem dinheiro não se pode, nos dias de hoje, fazer oposição.
Uma vez mais obrigado pela sua mensagem.
Vamos todos a votos. No País e na Madeira.
Na Madeira quando está marcado.
No País, quando estiver bem vincado a incompetência do PS e a bancarrota a que nos levou o socialismo.
Qualquer análise séria demonstra que na Madeira, só o JM rema com o Poder.
No País, todos remaram com Sócrates. Apenas agora, revelado todo o falhanço socialista é que vão aparecendo alguns fogachos tardios. Por muito que você vá contestando, assim é.
Meu Caro "Eleitor".
Apenas uma pergunta: que razões o levam a preocupar-se tanto com a República?
Não será a Madeira AUTONÓNOMA, com Assembleia e Governo próprio e com um Orçamento próprio?
Que razões o levam a chutar para longe uma situação que arde nas suas próprias mãos? Nas mãos de todos os madeirenses?
Foi o Sócrates o responsável pela dívida de 6 mil milhões, 16.000 desempregados e pela pobreza que por aí anda. É o Sócrates o responsável pelas altas taxas de insucesso escolar?
Meu Caro "Eleitor", tive, há pouco tempo, uma conversa semelhante a esta com um membro deste governo regional. Percebi que está formatado e incapaz de ter uma leitura séria sobre estes problemas. Mas, enfim... cada um responde por si.
Claro que sim.
Temos apenas Autonomia no "como" fazer o que está legislado e mais do que isso, na Constituição.
Vivemos neste País rumo ao socialismo. E somos penalizados por isso. E essa é a base de tudo. A razão de tudo.
Obrigado pelo seu comentário.
Vivi o fascismo e vivo a Democracia. Sou uma pessoa preocupada com os outros, com a felicidade dos outros. E isso implica o respeito pelas pessoas, pela sua dignidade, só compaginável com um grande sentido SOCIAL.
Sabe, a direita política apregoa alguns valores, mas acaba por ter uma prática contrária. É a História que nos ensina.
Fascismo é uma palavra que bani do meu dicionário. Acho que chamar àquilo fascismo é um exagero. Ditadura branda concordo. Para se considerar ditadura basta a existência de censura, presos políticos, as eleições não serem para todos, etc. Há coisas e exageros que depois do 25 de Abril foram exploradas pelos vencedores e pelos partidos de esquerda de uma forma exagerada e tendênciosa e depois pegou moda. Um aspecto que me levou a não usar o termo "fascismo" em relação ao antigo regime, por exemplo, tem a ver com o facto de ter andado na Mocidade Portuguesa e nunca lá ter visto política, pelo menos ao nível onde eu tinha acesso. Acho até que era uma organização com muito de positivo para a juventude, uma forma de criar hábitos de disciplina e camaradagem, desembaraço e o cultivar de certas virtudes. Lembro-me de há meia dúzia de anos um militar do quadro permanente (Coronel) dizer que tudo o que havia aprendido de disciplina, tinha sido na MP e não no Exército. Acho que não ficaria bem comigo próprio usar aquele termo em relação a uma organização que só me ofereceu coisas positivas e que guardo em boa memória. Bem sei que agora os tempos são outros e que dispomos de valores inegociáveis como é o caso da liberdade para se dizer abertamente o que se pensa e outras coisas positivas que o 25 de Abril nos permitiu como por exemplo a entrada na União Europeia. Mas devo dizer que por vezes também tenho uma grande revolta com muitas coisas negativas que a democracia permite. Antigamente o sistema era fedorento mas pelo menos sabíamos com o que contar. Hoje a anarquia, a falta de respeito, o salve-se quem puder,o neoliberalismo desenfreado, os salários e reformas obscenos,a corrupção, o compadrio, a distorção e a forma como contornam as leis, enfim comportamentos que levam ainda alguns a se interrogar se o 25 de Abril valeu a pena. Valer, valeu mas que tem sido dolorosa, lá isso tem...e parece que ainda aqui vamos...
Obrigado pela sua excelente reflexão.
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