Quando o "chefe" fala assim, quando os exemplos vindos de cima têm, infelizmente, o sentido da arruaça, não podemos esperar que, quem mais abaixo está não tenha deslizes daquela natureza. É uma consequência natural do ambiente político.
Já não me choca a forma e o conteúdo das palavras proferidas por certos políticos. Ontem, no decorrer de um debate na RTP (programa "Parlamento"), a Senhora Deputada Rafaela Fernandes, do PSD, considerou "idiotas" as propostas apresentadas pelos partidos da oposição. Ora, se as propostas têm um cunho "idiota", obviamente, quem as gerou são "idiotas". Não me parece existir outra interpretação. Deslize? Talvez! Concedo o benefício da dúvida, com muitas reticências. Simplesmente porque esta forma de actuação, este tipo de ofensa é normal, é corriqueiro e consequência de uma maioria que perdeu, há muito, a sensatez, o equilíbrio, o respeito pelos outros, porque está imbuída do espírito da maioria absolutíssima que se compagina com o quero, posso e mando. Quando o "chefe" fala assim, quando os exemplos vindos de cima têm, infelizmente, o sentido da arruaça, não podemos esperar que, quem mais abaixo está na hierarquia não tenha deslizes daquela natureza. É uma consequência natural do ambiente político. Eu diria, com todo o respeito pela Senhora Deputada, que esta situação corresponde um pouco ao que a sabedoria popular salienta: "diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és". São, de facto, os ambientes que provocam. Naquele momento de deslize emocional, teria ficado bonito e sobretudo respeitoso que a Deputada tivesse de imediato dito: "desculpem-me o meu deslize... não quis ofender os Senhores Deputados". E hoje, eu, não estaria aqui a desabafar.
O problema é que a situação tende a piorar, os mais antigos estão de saída e os mais novos transportam uma carga política que cega. Em Democracia o debate deve ser vigoroso, mas respeitoso; incisivo, mas não lesivo. Não me preocupam os decibéis, preocupa-me quando se ofende de forma subtil ou mesmo descaradamente. Ou, então, quando se mente para ludibriar e tirar vantagem. Isso acho ignóbil. Mas, enfim... trata-se apenas de um desabafo.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Meu caro André.
Seria uma pessoa com "ideias", quem proferio essas palavras? Não creio. Teria uma cabeça de lagosta?
Possívelmente. Mas como diz o ditado:- Coitado de quem as ouve, pois quem as diz fica aliviado.
Pode haver propostas infelizes, idiotas, boas, muito boas, demagógicas, má intencionadas.
Porque não?
Um idiota pode, num momento de lucidez fazer uma proposta interessante.
Um génio pode, num momento de menos inspiração, pode fazer uma proposta absurda.
Sr. deputado, concentre-se no que interessa, deixe os formalismos.
Obrigado, João, pelo seu comentário.
Quanto ao "Idiota", por favor, o meu texto, em jeito de desabafo e de normalização do debate político, penso que foi muito claro.
Concentrar-me no que interessa... desde há muitos anos!
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