Diz o Presidente da República: "(...) Trata-se de um ensinamento elementar da política de estabilização, que eu próprio várias vezes tenho referido (...)". Ora, se tem referido não sei, não me ocorre. O que sei é que dos encontros semanais com o Primeiro-Ministro não tem resultado outra coisa se não a continuação das políticas de austeridade sobre outras já implementadas. E se agora se posicionou foi porque Christine Lagarde (FMI), estendendo a mão à palmatória, curvou-se perante a dura realidade dos povos e perante a possibilidade de, tarde ou cedo, o caminho da austeridade conduzir ao incumprimento da dívida. Dir-se-á, então, que a posição do Presidente vem tarde e a reboque, quando, muito antes até do próprio FMI, tantos analistas, baseados em indicadores económicos e financeiros, terem referido que o caminho da Troika seria o do desastre.
Porque é o Presidente da República, independentemente dos gravíssimos erros políticos do passado, não gostaria de ter uma leitura tão negativa do cidadão Aníbal Cavaco Silva, investido em tão altas funções do Estado. Mas tenho. Estou farto dele, do seu cinzentismo e, certamente, alguns milhões de portugueses. Há muito que tenho o sentimento de um político frouxo, que se refugia na "prudência" (expressão do próprio) para passar ao lado das suas responsabilidades enquanto fiel da balança política. Depois, sempre tarde demais, vem com a lengalenga, "eu avisei", "eu disse", como se isso resolvesse alguma coisa. Em tempo real, está aos olhos de todos, que assobia para o lado, é incapaz de chamar os bois pelo nome, de actuar e defender os portugueses. Actua através do facebook, lança as suas mensagens por aí, como se isso resolvesse alguma coisa. Há dias escreveu: "Durante a reunião anual do FMI, em Tokyo, a Srª Lagarde, Directora-Geral da instituição, e o seu economista chefe, Sr. Blanchard, a propósito dos processos de consolidação orçamental na zona Euro enunciaram uma orientação que ontem fez notícia na imprensa internacional e que, vindo de quem vem, esperemos que chegue aos ouvidos dos políticos europeus dos chamados países credores e de outras organizações internacionais. Trata-se de um ensinamento elementar da política de estabilização, que eu próprio várias vezes tenho referido, e que, em linguagem simples, se pode traduzir do seguinte modo: nas presentes circunstâncias, não é correto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objetivo de défice público fixado em termos nominais.
Devem ser definidas políticas que garantam a sustentabilidade das finanças públicas a médio prazo e deixar funcionar os estabilizadores automáticos. Se o crescimento da economia se revelar menor do que o esperado, o défice nominal será maior do que o objetivo inicialmente fixado, porque a receita dos impostos é inferior ao previsto e as despesas de apoio ao desemprego superiores. Assim, Blanchard conclui que"nem por isso se deve impor a adoção de medidas orçamentais adicionais, o que tornaria a situação ainda pior".
Devem ser definidas políticas que garantam a sustentabilidade das finanças públicas a médio prazo e deixar funcionar os estabilizadores automáticos. Se o crescimento da economia se revelar menor do que o esperado, o défice nominal será maior do que o objetivo inicialmente fixado, porque a receita dos impostos é inferior ao previsto e as despesas de apoio ao desemprego superiores. Assim, Blanchard conclui que"nem por isso se deve impor a adoção de medidas orçamentais adicionais, o que tornaria a situação ainda pior".
Diz o Presidente: "(...) Trata-se de um ensinamento elementar da política de estabilização, que eu próprio várias vezes tenho referido (...)". Ora, se tem referido não sei, não me ocorre. O que sei é que dos encontros semanais com o Primeiro-Ministro não tem resultado outra coisa se não a continuação das políticas de austeridade sobre outras já implementadas. E se agora se posicionou foi porque Christine Lagarde (FMI), estendendo a mão à palmatória, curvou-se perante a dura realidade dos povos e perante a possibilidade de, tarde ou cedo, o caminho da austeridade conduzir ao incumprimento da dívida. Dir-se-á, então, que a posição do Presidente vem tarde e a reboque, quando, muito antes até do próprio FMI, tantos analistas, baseados em indicadores económicos e financeiros, terem referido que o caminho da Troika seria o do desastre.
Mas a prova dos nove para o Presidente da República, em função do que assumiu no facebook, está por dias. Eu sempre quero ver se ele remeterá ou não o Orçamento de Estado para fiscalização preventiva pelo Tribunal Constitucional. Só tem essa saída que a dignidade política aconselha, agora sim, "por prudência". Aguardemos.
Ilustração: Google Imagens.
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