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domingo, 21 de outubro de 2012

NO REINO DA HIPOCRISIA


A hipocrisia tornou-se uma constante no exercício da política. Dir-se-á que sempre foi assim, que desde sempre a luta pelo acto transparente e honesto foi ensombrado pelo oportunismo! Certo. Todavia, o que hoje se assiste, em função de um quadro de falência do País, é a um provocador e impróprio jogo de sombras, perversamente organizado no sentido de tentar salvar a imagem de uma pureza que não existe. E então vêm com aquela historieta de embalar que seria muito mau para o País uma crise política. Falso. Completamente falso. Mais vale, atempadamente, um corte com esta triste realidade, do que prolongar e agravar o sofrimento de milhões de portugueses, quando é certo que a continuidade da receita proposta pelo governo, a avaliar pelos resultados do último ano, previsivelmente, repetir-se-ão e agravarão as já débeis condições de vida. Portanto, uma crise política só pode ser benéfica (...)
 
 
O CDS/PP vai votar, favoravelmente, o Orçamento de Estado. Sempre achei que outra coisa não viria a acontecer, essencialmente por dois motivos: primeiro, porque desejoso de algum poder, abandoná-lo constituiria um golpe nas convicções ideológicas e na onda de políticas de direita na Europa; segundo, porque denunciaria o contrato de coligação com o PSD com evidentes repercussões futuras no âmbito inter-partidário. Ao que o Dr. Paulo Portas nos poderia poupar era àquela gestão do silêncio para depois vir dizer que "(...) quando se quiser dizer outra coisa diz-se viabilizar, não se diz votar". Isto é, se bem interpretei, o CDS quer estar, mas não quer; quer o orçamento, mas não quer que o comprometa; quer estar a bem com o "deus" mercado especulador e de boas relações com o povo, tentando dizer, não dizendo, que não tem nada a ver com as loucuras do ministro Gaspar e do grupinho PSD liderado por Pedro Passos Coelho. Nada que seja para estranhar porque, infelizmente, a hipocrisia tornou-se uma constante no exercício da política.  Dir-se-á que sempre foi assim, que desde sempre a luta pelo acto transparente e honesto foi ensombrado pelo oportunismo! Certo. Todavia, o que hoje se assiste, em função de um quadro de falência do País, é a um provocador e impróprio jogo de sombras, perversamente organizado no sentido de tentar salvar a imagem de uma pureza que não existe. E então vêm com aquela historieta de embalar que seria muito mau para o País uma crise política. Falso. Completamente falso. Mais vale, atempadamente, um corte com esta triste realidade, do que prolongar e agravar o sofrimento de milhões de portugueses, quando é certo que a continuidade da receita proposta pelo governo, a avaliar pelos resultados do último ano, previsivelmente, repetir-se-ão e agravarão as já débeis condições de vida. Portanto, uma crise política só pode ser benéfica, venham, pois, eleições, rapidamente, que se discutam as causas e as consequências, que se afronte, com inteligência, os credores, que se os coloque numa situação de respeito e de responsabilidade  através de uma necessária renegociação da dívida de interesse bi-lateral. O que o País deve tem de ser pago, todavia, em prazo aceitável, que respeite milhões de homens e mulheres que em nada contribuíram para este descalabro. De resto, em Democracia, há sempre uma solução alternativa, há sempre um novo projecto, há sempre uma hipótese de inovação e de criatividade no quadro dos problemas.
Ilustração: Google Imagens.

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