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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ANO ZERO E MICRO-CLUBES!


O sistema desportivo não tem ponta por onde se pegue. Uma morte há muito anunciada, mas sempre adiada pelos políticos deste governo que sabem tanto disto como eu sei de ski alpino ou de dragagem de areias! Mas, há dias, ouvi um dos senhores da praça falar de ano zero, isto é, este ano não há subsídios para ninguém. Bom, só se está a contar com o ovo europeu no rabinho da dita e os outros que se virem! Porém, o ovo, como sói dizer-se, pode atravessar. Ouvi aquela do ano zero e fiquei atónito com tamanha insensatez, como se, depois de 32 anos de substanciais e crescentes apoios ao associativismo, de um momento para o outro fosse natural pará-los de forma abrupta. Até nos medicamentos há uma fase de desmame!

 
Que todo o sistema está em colapso, ninguém parece duvidar. Umas equipas dão falta de comparência porque não há dinheiro para as ligações aéreas, outras têm salários em atraso de muitos meses, outras, ainda, desistem da competição nacional, públicas ameaças de não cumprimento do pagamento dos salários, parte das piscinas encerradas, técnicos licenciados a receber a pouco mais de três euros à hora, passivos elevadíssimos e fora de controlo, contratos-programa assumidos e não cumpridos, processos em Tribunal envolvendo dirigentes, pedidos de demissão do secretário regional da Educação, enfim, o sistema não tem ponta por onde se pegue. Uma morte há muito anunciada, mas sempre adiada pelos políticos deste governo que sabem tanto disto como eu sei de ski alpino ou de dragagem de areias!
Mas, há dias, ouvi um dos senhores da praça falar de ano zero, isto é, este ano não há subsídios para ninguém e ponto final! Bom, só se o dito senhor está a contar com o ovo europeu no rabinho da dita e os outros que se virem! Porém, o ovo, como sói dizer-se, pode atravessar. Ontem, o ovo ficou pelo caminho. Ouvi aquela do ano zero e fiquei atónito com tamanha insensatez, como se, depois de 32 anos de substanciais e crescentes apoios ao associativismo, de um momento para o outro fosse natural pará-los de forma abrupta. Até nos medicamentos há uma fase de desmame!
O mais interessante e, porventura importante, é que o Partido Socialista (já aqui o referi em um outro momento, mas penso que convirá recordar), em 2007 e em 2010 apresentou, na Assembleia Legislativa da Madeira, um Projecto de Decreto Legislativo Regional, o qual concedia um tempo de adaptação a um novo regime. No documento de 2010, chumbado pela maioria do PSD, no que concerne ao financiamento, no ponto 5 do artigo 58º, sublinhava: (...) "No âmbito da aplicação do número anterior, considerando a necessidade de um período de adaptação ao novo regime, estipula-se a data de 1 de Janeiro de 2013 para a entrada em vigor desta disposição". Significa isto que todo o associativismo dispunha de uma parte do ano económico de 2010 e os anos de 2011 e 2012 para estudarem processos de adaptação. Hoje, certamente, estaria a Região com menos esse problema. E vem aí um senhor e fala de ano zero.
O disparate não conhece limites. Já não sei quem, mas ouvi algures, um outro senhor falar de micro-clubes. Um conceito estranho, pois o que deve existir é o CLUBE. E o clube pode ter maior ou menor grandeza mobilizadora. Há os mais ecléticos, os destinados aos sócios e há os que se dedicam, em exclusivo, a uma modalidade desportiva. Mas isto conduz a um outro pressuposto: deve um clube, com implicações no sistema desportivo (federado) ter muitos praticantes? Trata-se de uma pergunta óbvia. Defendo que não. O clube, no segmento federado, deve buscar a qualidade e nunca a quantidade. A quantidade deve pertencer ao sector educativo (desporto escolar) e nunca ao clube. Só que isso pressupõe um outro sentido organizacional do desporto na escola e a reconversão da Educação Física na Educação Desportiva Curricular. Mas essa é outra história. Portanto, esse conceito de micro-clube não faz sentido. Entre 1976 e 1980 foram produzidos vários documentos sobre esta matéria, de aconselhamento para a existência de clubes continuadores da actividade escolar, veículos de cultura física e clubes especialistas. Há vários casos na Madeira de clubes que seguiram esse princípio. Outros, porém, criaram várias secções desportivas e hoje estão a braços com responsabilidades que não conseguem, de todo, suportar. Será que o autor da expressão micro-clube quereria situar o seu pensamento na existência de poucas modalidades por clube? Dou o benefício da dúvida, mas em circunstância alguma se poderá designar por micro-clube. Esse conceito não existe, até porque, como exemplo, o micro-clube Amigos do Basquetebol é grande, muito grande na sua actividade.
Ilustração: Google Imagens.

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