Guia-se pela teoria e pelas convicções ideológicas e nunca se deu à paciência de colocar num prato da balança o somatório de todos os impostos, directos e indirectos pagos por todos nós e, no outro prato, as contrapartidas. Intencionalmente, esquece-se que os portugueses pagam TUDO desde que se levantam ao deitar. Pagam impostos em tudo, ao mesmo tempo que lhe roubam direitos conquistados com muito suor, sangue e lágrimas. Parece seguir a mesma cartilha do ditador: "Devo à Providência a graça de ser pobre" - não sei se o é, mas quer que todos o sejam (...) "Sei muito bem o que quero e para onde vou" (...) "Tudo pela Nação, nada contra a Nação" (...) "Ceder é perder. Formula-se uma política e há que executá-la rapidamente." Oh senhor Ministro, regresse ao sítio de onde veio e não ofenda nem os pobres nem a dita classe média! Já ultrapassou tudo o que seria admissível.
Desde ontem que ando a moer as palavras do ministro Vítor Gaspar. Começo a pressentir que o dito está a sair da casca. O verdadeiro Gaspar está muito para além do que apresenta. Por detrás das palavras mastigadas e lentas esconde-se um posicionamento ideológico que não se alicerça apenas na recuperação do País face aos acordos assumidos. Ele sabe de onde vem, ele sabe o que o leva a ali estar e domina, perfeitamente, o caminho para onde vai. Aquela capinha de académico competente está envolta em uma outra capinha política que preocupa. O semanário O Sol, de 29 de Dezembro de 2011, transcrevendo o Correio da Manhã, trouxe uma peça que aqui transcrevo:
"Entre conversas privadas e nas costas do ministro das Finanças, Vítor Gaspar é conhecido por alguns dos seus colegas como o novo "Salazarinho". O Correio da Manhã explica que esta alcunha nasceu do alegado perfil de "sovina", do percurso político e dos discursos de austeridade, que surgem como semelhanças entre este ministro das Finanças e Salazar quando teve a mesma pasta. Ambos foram professores universitários e ambos têm origens rurais e beirãs - Salazar nasceu em Santa Comba Dão e o pai de Vítor Gaspar é original de Manteigas, escreve o CM. Salazar exigiu controlo absoluto sobre as despesas e receitas de todos os ministérios durante o mandato nas Finanças, "tal como Vítor Gaspar tem feito desde que se tornou ministro", diz o Correio da Manhã, reforçando que o actual ministro conseguiu impor uma "ditadura financeira" a que todos, "até o primeiro-ministro», se têm de submeter. Tal como Salazar."
Não comento esta caracterização sobre a figura em causa, mas tem quase um ano e a prática tem vindo a demonstrar e a confirmar o que dele penso. Ontem, surgiu com mais uma daquelas frases polémicas e irritantes: disse que existe "um enorme desvio entre o que os portugueses acham que devem ter como funções do Estado e os impostos que estão dispostos a pagar". Ora, este homem, certamente, que nunca fez uma campanha eleitoral. Nunca entrou em becos e bairros e nunca entrou em casas com o odor e a cor da pobreza. Eu conheço o cheiro e a cor negra da pobreza, porque durante muito tempo andei por aí, visitei, escutei desabafos e procurei resposta aos porquês. Este ministro deve ser dos tais que não lê nem ouve a comunicação social, "raramente tem dúvidas e nunca se engana". Pior, guia-se pela teoria e pelas convicções ideológicas e nunca se deu à paciência de colocar num prato da balança o somatório de todos os impostos, directos e indirectos pagos por todos nós e, no outro prato, as contrapartidas. Intencionalmente, esquece-se que os portugueses pagam TUDO desde que se levantam ao deitar. Pagam impostos em tudo, ao mesmo tempo que lhe roubam direitos conquistados com muito suor, sangue e lágrimas. Parece seguir a mesma cartilha do ditador: "Devo à Providência a graça de ser pobre" - não sei se o é, mas quer que todos o sejam (...) "Sei muito bem o que quero e para onde vou" (...) "Tudo pela Nação, nada contra a Nação" (...) "Ceder é perder. Formula-se uma política e há que executá-la rapidamente."
Oh senhor Ministro, regresse ao sítio de onde veio e não ofenda nem os pobres nem a dita classe média! Já ultrapassou tudo o que seria admissível.
Ilustração: Google Imagens.
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