Uma vez mais a questão JORNAL DA MADEIRA ficou a marinar. O documento, proposto pelo PS, baixou à comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, na Assembleia da República, para nova apreciação, por um prazo de 90 dias. Dizem que baixou à comissão especializada através de um "acordo de cavalheiro", isto é, entre vários partidos. Não entendo as razões para que não tivesse havido uma votação na generalidade. Parece que já estou a ver o filme: haverá, certamente, uma "derrapagem" nas datas, entretanto, meter-se-ão as férias de Verão e, lá para a próxima sessão legislativa, voltarão ao assunto. E, assim, o assunto tende a eternizar-se. É uma possibilidade a avaliar pelos comportamentos anteriores. É preciso que se tenha em atenção que este problema tem já muitos anos e quer pela via política, quer pela via empresarial, concretamente através das acções desenvolvidas pelo DIÁRIO, empresa interessada num mercado livre, concorrencial mas em igualdade de circunstâncias, todas as intervenções, inclusive, no domínio europeu, têm constituído um enervante marcar passo. Agora, foi apenas mais um. Parece que alguém tem medo de enfrentar a situação depois de tantos relatórios e chamadas de atenção de várias instituições com responsabilidades neste sector. Têm medo de quê?
Aliança Presidente do Governo/Bispo do Funchal |
Qual o receio e qual o medo de acabar com esta pouca-vergonha? Como sempre foi dito, não está em causa a instituição Jornal da Madeira, o seu estatuto editorial e a preservação dos postos de trabalho, mas sim o facto de ser detido em quase 100% do seu capital social por fundos da Região Autónoma da Madeira. Das duas, uma: ou devolvem à Diocese ou alienam por um euro. Sai mais barato aos cofres da Região. Eu e, certamente, milhares de madeirenses não queremos ser "sócios" daquele órgão de comunicação social; eu e milhares não queremos que dos nossos impostos mais de três milhões de euros anuais sejam canalizados para a defesa de um qualquer poder que, circunstancialmente, governe a Região; eu e milhares de madeirenses temos o democrático e livre direito de opção pela leitura da informação que se coaduna com os nossos princípios e valores; eu e milhares de madeirenses, temos o direito de estar contra um órgão de comunicação social sectário, onde apenas se pode ler o pensamento do governo ao não permitir a pluralidade de opiniões. Mais, eu e milhares de madeirenses certamente que não entendem como é possível aceitar, no espaço europeu cheio de regras, que uma empresa faça "dumping" comercial através da publicidade, o que corresponde a um claro desvirtuamento do mercado. Perante tudo isto, a questão que se coloca é a de saber o que se esconde por detrás deste quase eterno marcar passo? Obviamente que existe mais qualquer coisa que, sinceramente, não consigo descortinar. Que o Senhor Bispo D. António Carrilho não se mexa, percebo, ele que é o responsável pelo Estatuto Editorial, face à natureza e origem histórica do jornal, inicialmente, património da Diocese. Por aí percebo, porque em causa estão muitas dívidas e muitos subsídios a receber. Independentemente deste aspecto, certamente que existe mais qualquer coisa que bloqueia a possibilidade de um normal funcionamento do mercado. Têm medo de quê?
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Os governos sempre tiveram a tentação de controlar a comunicação social para impedir que o povo acorde de vez do sono profundo que está sujeito.E também desconfio que Jardim tenha na mão certos politicos com muitos "podres" e "esqueletos" no armário...
Quem no seu perfeito juízo, poderá sustentar a actual sustentabilidade,
do singular, do esquisito, do excêntrico caso que é o Jornal da Madeira?
Esta é mais uma das várias «singularidades» que fazem da Madeira, uma região fora do contexto normal do funcionamento de qualquer democracia.
O mais surpreendente é como tudo isto,passa «despercebido», sem que a nível do poder alguém confronte e exija a reposição da legalidade, usurpada no seu mais elementar funcionamento das instituições.
A anormalidade duma democracia «excêntrica» passou a ser normal, com a desresponsabilização e consentimento de quem foi eleito,precisamente para cumprir e aplicar a legalidade e normal funcionamento da instituições.
Abraço JV
Obrigado pelos vossos comentários.
Tal como escrevi, importante seria perceber as razões mais substantivas deste encolher de ombros.
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