É absolutamente legítimo que o PSD-M, principal partido da oposição na Câmara do Funchal, vote contra o orçamento apresentado. Durante vários anos, eu, enquanto vereador da oposição quando o PSD liderava a autarquia, também votei contra. É natural que assim aconteça quando estão opções políticas distintas.
Enquanto munícipe, o que me causa tristeza não é isso, é ter a consciência que o mesmo grupo político que faz hoje "trinta por uma linha", pedindo mais isto e aquilo, chamando a atenção e até mesmo denegrindo o trabalho dos eleitos, foi o mesmo que deixou a Câmara do Funchal endividada até ao céu da boca (mais de cem milhões de euros, o que impede um maior investimento); as zonas altas completamente desordenadas, por ausência de planeamento e opções seguras e integradas ao longo de 40 anos; suspendeu o PDM diversas vezes para viabilizar (eu diria melhor, branquear opções que poderiam conduzir à perda de mandato) e até um vice-presidente do governo (desconheço as razões substantivas) falou que seria bom acabar com as "negociatas" (ver notícia do DN em 30.05.2007), facto que deu origem a uma inspecção (?).
Ora bem, oposição sim, sem complexos, até porque outra é a composição da Assembleia Municipal, mas um pouco de MEMÓRIA e de DECORO seria bom na óptica, estou certo, da maioria dos munícipes. Quantas propostas foram apresentadas ao longo de quarenta anos e que foram chumbadas? Propostas que poderiam tornar o Funchal menos assimétrico, mais ordenado e socialmente mais coeso? Quantas? Está tudo em acta, portanto, votem contra, mas tenham memória no discurso político.
Ilustração: Google Imagens.
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