Segui uma parte do debate na Assembleia da República sobre o Orçamento de Estado para 2017. Circunscrevo-me, portanto, àquilo que escutei. Uma decepção a oposição ao governo. Destaco duas conclusões: primeira, que os deputados do PSD e do CDS se esqueceram de quanto o povo foi sacrificado entre 2011/2015, após a terrível crise iniciada em 2008/2009. Sinto a existência de um apagão na memória sobre a duríssima austeridade que, afinal, não serviu para nada. A dívida, em percentagem do PIB, não regressou para um patamar "aceitável", pelo contrário disparou, a pobreza acentuou-se e a emigração foi o destino de muitos milhares; segunda, perante uma relativa melhoria das condições de vida das pessoas, através de políticas de pendor social, os deputados do PSD/CDS denunciaram incómodo, um sentimento de quem não gosta de ver o seu semelhante um pouco mais atenuado nas angústias do dia-a-dia. Fiquei com o sentimento que a austeridade nos outros é bem-vinda, desde que alguns estejam bem ou muito bem!
Se ser oposição é isto, cuja proposta essencial assenta na austeridade e no sacrifício, meus senhores, vou ali e já volto. Não estou aqui com o meu posicionamento partidário, estou, sim, com os factos que os indicadores me trazem. Um défice que ficará este ano abaixo dos 2,5%, a recuperação dos salários e do rendimento disponível das famílias (pouco, é certo, mas é um passo), uma melhor atenção aos pensionistas, menos desempregados e maior oferta de emprego, a melhoria do abono às crianças, o rendimento social de inserção, ainda que ténue, um melhor orçamento para a educação e saúde, enfim, aspectos que estou a citar de cor, parece-me que incomodam a oposição. É o resultado de uma maioria de esquerda, pois bem, que mal há nisso? Pessoalmente, o que me interessa é saber se as pessoas estão melhores, embora distantes do desejável. O resto é treta.
Ilustração: Google Imagens.
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