São cartazes não identificados no Porto Moniz e em Santa Cruz desrespeitando regras básicas da democracia. Obviamente que ninguém pode impedir de serem colocados, mas parece-me do mais elementar bom senso que se informe, que se indiquem os locais de afixação e que as entidades assumam a paternidade dos mesmos. O anonimado é intolerável. Se assim não acontecer, a propaganda política torna-se em selva de interesses! Esconder-se atrás da sebe com a mão de fora é coisa de gente menos inteligente. Qual é o problema em dar a cara por um cartaz que denuncia? O curioso é que, depois de retirados, aparecem a falar de ataque à democracia. Mas há mais. O coro terá tido um tenor: o Senhor secretário das Finanças, neste cheiro a proximidade de eleições autárquicas. O comunicado de ontem da secretaria é um lástima. Estou em crer que não terá sido ele o autor. Sempre tive uma opinião de uma pessoa mais técnica que política, mais sensata e reservada do que dada às lógicas da partidarite aguda. Até prova em contrário manterei esta posição. Alguém lhe enfiou este comunicado.
Foi feroz, insensato e a roçar o vómito político. Uma instituição, governo, que se atira à principal Câmara da Região, a uma autarquia que tem quase dois terços da população da Madeira, classificando-a de "incompetência" e que "(...) é tempo da Câmara Municipal do Funchal deixar de tentar distrair os munícipes, de deixar de opinar sobre matérias que extravasam claramente as suas competências e de perder tempo a arranjar bodes expiatórios para justificar a sua mais do que evidente incapacidade para resolver os problemas da Cidade, e começar a preocupar-se em melhorar a qualidade de vida dos funchalenses e a responder às suas solicitações e necessidades" e que, neste quadro, bem poderiam "começar por resolver o problema da salubridade e da limpeza das ruas do Funchal. Os munícipes e os milhares de turistas que nos visitam ficariam agradecidos", ora quem assim se atira, assume-se, paradoxalmente, como figura imaculada, sem qualquer mancha, quando, por exemplo, é também da sua responsabilidade a dupla e dura austeridade que todos os madeirenses e portosantenses continuam a pagar. Sabendo ele as razões que aí conduziram. Neste, repito, paradoxo, sinceramente, não acredito que o comunicado tenha a assinatura do secretário das Finanças, quando ele conhece, melhor que ninguém desde há muitos anos, o que foi e é o processo CUBA LIVRE, com milhares de facturas não reportadas às instâncias superiores, conhece quanto estamos a pagar de impostos à conta da dívida da Região, domina, certamente, as questões do desemprego, da pobreza e da emigração forçada devido a actos políticos tresloucados. Isto para dizer que, quando alguém aborda a incompetência dos outros, tem o dever de fazer duas perguntas: primeira, frente ao espelho...haverá alguém mais incompetente do que eu?; segunda, olhando para o telhado... será que ele é de vidro?
Pois é, julgo eu, se no processo de elaboração de uma candidatura, seja ela para que obra for, algum aspecto está menos bem estruturado, em desacordo com as regras estipuladas, do meu ponto de vista, manda a inteligência no quadro de bem servir as populações, que as duas instituições, neste caso governo e câmara, reúnam e acertem as alterações aos conteúdos. Tão fácil. Não é metendo na gaveta ou deixando o marfim correr. Os madeirenses e portosantenses não querem saber se o governo é PSD e a Câmara liderada pelo PS e outros partidos. Eles querem é que o problema, neste caso, da ETAR seja resolvido, não só por razões de salubridade, mas também para que a Europa não caia, uma vez mais, em cima. E desta vez, julgo eu, não será meiga. Desde o tempo do Dr. Miguel Albuquerque que este problema está por resolver. Não só esta ETAR, mas muitas outras que não funcionam na plenitude ou as que foram prometidas e não concretizadas.
De onde se conclui que o Senhor secretário das Finanças, Dr. Rui Gonçalves, conhece e bem tantas incompetências, tantos espelhos que deformam e tantos telhados de vidro que por aí andam. Por exemplo, aquela pedrinha no sapato dos contratos-programa de quatro milhões de Euros de obras apresentadas pela autarquia do Funchal e ainda não assumidos pelo governo. Por que será que antes apoiavam e agora são negados ou ficam ali a marinar? Cheira a eleições, não é? Resolva. Mais nada...
Ilustração: Google Imagens.
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