A história conta-se em poucos parágrafos. Os professores do Conservatório - Escola das Artes da Madeira decidiram paralisar no próximo dia 24 de Novembro. Fundamentalmente, em causa está a sua integração na carreira docente. Em Junho passado, o Sindicato de Professores da Madeira (SPM) apresentou à Secretaria Regional da Educação, as bases negociais para que tal integração fosse concretizada. Até Novembro, passados quase cinco meses de silêncio, os professores do Conservatório, uma significativa parte associados do SPM, resolveram dizer basta. Reunidos em Assembleia Geral decidiram-se pela greve de um dia. E o silêncio do secretário, perante esta manifestação dos professores, continuou!
Curiosamente, ou talvez não, dei ontem conta de uma reunião do Sindicato Democrático dos Professores, instituição próxima do PSD-M, com o secretário regional da Educação. E dessa reunião resultou, leio no DN-Madeira, que "a Secretaria Regional de Educação (SRE) mostra-se disponível para negociar a integração de todos os professores do Conservatório Escola das Artes da Madeira na Carreira Docente da Região Autónoma da Madeira, relativamente ao ensino público. (...) Aquele responsável (Dr. Gilberto Pita) adianta que, caso a negociação chegue a bom termo, “os professores do Conservatório vão ter o estabelecimento de condições de trabalho idênticas aos restantes professores, um regime de progressão em carreira idêntica e, portanto, vão ficar muito mais protegidos do que têm estado até aqui”.
Ora bem, o que se deduz desta declaração é que, no plano desta negociação (entre outras), o SPM, que dispõe de cerca de 3.000 associados, não conta para o secretário regional da Educação. Tudo indica que, com receio da greve, utilizou o "seu" sindicato para fazer eco de uma negociação que já deveria ter sido iniciada há cinco meses.
Não está aqui em causa os méritos de quem iniciou a luta dos professores do Conservatório (pois é público e notório), quem chegou primeiro e quem foi o último. Isso dou de barato, acima de tudo porque entendo que ambos os sindicatos são parceiros sociais. O que não pode e não deve um secretário, mesmo que partidário, é assumir a posição que assumiu, quando tem em seu poder as bases de uma negociação. Mandaria o bom senso, no quadro da isenção, escutar o SPM, os diversos sindicatos, ouvi-los ou pedir pareceres sobre esta questão e, depois, acertar uma transição correcta e justa. Privilegiar um sindicato em detrimento dos restantes é, politicamente, mau, muito mau!
Satisfeitos, e ainda bem, estão os professores do Conservatório. O secretário regional acabou por lhes dar razão. Embora com maioria significativa de sindicalizados no SPM, o que mais desejam é que o problema seja resolvido. E como sempre disseram e aprovaram na Assembleia Geral do SPM, o que atesta a sua boa-fé, se a secretaria, entretanto, abrisse espaço à negociação, a paralisação seria suspensa. Oxalá que sim. Porém, o secretário regional da Educação não se livra de uma censura, pois o seu procedimento envolve uma questão claramente ética. De onde deveria partir o exemplo, não partiu. Pergunto: que esperar da formação dos jovens perante exemplos pouco dignificantes com origem em um governante da Educação?
Ilustração: Google Imagens.
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