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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UMA TENTATIVA DE APAGÃO?


Parece que se está a dar um apagão na consciência e que, por razões profundas que não consigo descortinar, o disco rígido está a sofrer a acção de um violento vírus que impede o raciocínio lógico sobre os anos passados, sobre o cansaço da máquina e de todo o antiquado software que o sistema apresenta. E soltam-se ladainhas de entusiasmo como que a levá-lo ao colo, como se tratasse de um político imaculado, sem mancha, capaz de trazer consigo o novo e a mensagem de esperança.

Há qualquer coisa que me escapa no meio desta história. Questiono-me, se estou errado? Ou, então, se não estarei certo nos meus raciocínios e, com toda a humildade, os outros devem repensar os posicionamentos mais adequados. É que quando assisto a um intenso e, para mim, inexplicável frenesim em redor das "desassombradas" posições do Dr. Miguel Albuquerque, sobre as quais aqui tomei posição, fico meio pasmado com uma certa limitação da prática e do horizonte político que interessa à Madeira. Parece que se está a dar um apagão na consciência e que, por razões profundas que não consigo descortinar, o disco rígido está a sofrer a acção de um violento vírus que impede o raciocínio lógico sobre os anos passados, sobre o cansaço da máquina e de todo o antiquado software que o sistema apresenta. E soltam-se ladainhas de entusiasmo como que a levá-lo ao colo, como se tratasse de um político imaculado, sem mancha, capaz de trazer consigo o novo e a mensagem de esperança.
O Professor Marcelo Caetano
era a esperança!
Mas qual esperança?
Como é que é possível não parar, por momentos, para, serenamente, reflectir. É que nenhuma mudança se operacionaliza por dentro. As mudanças têm origem sempre no exterior, naqueles que não estão subordinados ao regime, directa ou indirectamente, naqueles que estudam, que têm pensamento acerca do futuro, naqueles que não estão enrolados na esfera das dependências. Esses movimentos do tipo "Evolução na Continuidade" (todos se lembram de Marcelo Caetano) não alteram nada, porque estão presos a compromissos, à rede que ajudaram a criar, à teia que ajudaram a tecer e, portanto, não lhes é possível assumir uma atitude de verdadeira mudança. Eu diria que estão presos ou reféns das normas e valores ideológicos, partidários e à lealdade para com certos princípios. Li, em  Katzenbach, que o atributo mais comum de um VLM (verdadeiro líder da mudança) é saber como alcançar altos padrões de desempenho através da alteração dos comportamentos e das competências das pessoas. Digamos que os VLM assumem um compromisso com a mudança, assente na coragem para desafiar as bases do poder e as normas, conseguem gerar a auto-motivação e a motivação dos outros e demonstram capacidade de iniciativa para se moverem para lá dos limites definidos. Aquele autor sublinha que, um líder “acaba por ser uma pessoa que pela sua palavra ou pelo seu exemplo pessoal, influencia os pensamentos, comportamentos e/ou sentimentos de um número significativo de pessoas”. E aqui, volto a questionar-me, que exemplo político nos deixa o Dr. Miguel Albuquerque depois de dezassete anos de Câmara Municipal do Funchal? Que influência deixa no comportamento e no pensamento estratégico desta cidade, até como pressuposto necessário para desafiar as bases do poder?
Katzenbach diz mais: que “todos os líderes devem construir e comunicar, convincentemente, uma história clara e persuasiva". Que história política é que o Dr. Miguel Albuquerque tem para contar? Do meu ponto de vista, com todo o respeito pessoal, a sua história política é a da frustração desta cidade, a da perda de capacidade de decisão, a da falta de confiança, a do sentimento de culpa, a do desconforto e insatisfação. Aquela sua entrevista, que reli, a determinado momento, pareceu-me patética, isto é, a mudança tem de acontecer mas com o Dr. Jardim à frente! O seu elogio apenas significa isso. Ora, não há mudança, mínima que seja, quando não se rompe com o passado, quando não se confronta, de peito aberto, o líder que, nas entrelinhas, denunciamos que está errado. Por aqui se prova, também, que a mudança nunca acontece por um "foguete" lançado do interior do sistema.
Bom, mas esta efervescência de alguns, pode trazer no seu recanto mais escondido, a ideia de queimá-lo em lume brando (a ele e a outros), de provocar, no interior do PSD, o rebentamento da panela de pressão, pela conflitualidade e pelos arranjos de grupos,  dando espaço a que a própria sociedade, com tempo de sobra até Outubro, possa olhar para opções muito mais sustentáveis e portadoras de futuro e que não passam pelo PSD. Se assim é, porventura existirá aqui uma certa e subtil inteligência,  em olhar para a Madeira e para o seu futuro de uma forma que nega a tal "Evolução na Continuidade". Se assim é, obviamente, que se abre uma janela de esperança. Só que, o Pai Natal já passou e, na minha idade, ficamos obrigados a esperar para ver. Entretanto, a "máfia boazinha" já deve ter entrado em campo!
Ilustração: Google Imagens.

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