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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DAS "VIDAS À DERIVA", AO ASSALTO À TELEVISÃO, PASSANDO PELOS SILÊNCIOS CÚMPLICES


Os tais senhores também andam por aqui, passeiam-se há muitos anos na Região. Estão identificados, governam e governam-se. Parecendo "perdidos a velas e a remos", retomam um novo fôlego e toca a controlar o resto da comunicação social. "Serviço Público" independente e capaz de ir ao fundo das questões, isso não, pensam. Isso constituiria colocar em xeque muitos interesses e, sobretudo, abrir os olhos a muita gente. Importante, para além do Jornal da Madeira, é tomar de assalto a televisão, colocar lá quem bem querem e entendem, fazendo da comunicação social os grandes "gestores das mentes" da próxima fase política. Tudo com o aval de Lisboa, com o enervante silêncio do Presidente da República, mas tudo no prosseguimento desse controlo da sociedade que interessa a uns quantos, também aqui, nesta região, aos tais que se estão nas tintas para o desemprego de milhares desde que aumentem a sua riqueza por via directa ou indirecta.


"Vidas à deriva" é o excelente título atribuído pela jornalista Raquel Gonçalves a uma peça sobre aqueles que caíram no desemprego. O texto começa assim: "A frase é de Andreia, educadora de infância no desemprego deste Setembro do ano passado. Com duas filhas para criar praticamente sozinha, diz que já não faz planos. Vive um dia de cada vez, mas não esconde o calafrio daquela data exacta no calendário em que vai terminar o subsídio de desemprego". O quadro arrepia. Basta cerrar os olhos e interiorizar uma situação de desemprego face às despesas de todos os meses; interiorizar que existem filhos, habitação, alimentação, educação, saúde, água, energia, comunicações, televisão, vestuário e calçado, enfim, uma montanha de facturas que vão caindo e não ter possibilidades de equilibrar a balança; interiorizar a penosidade de uma situação desta natureza face à esperança criada e sonhos de uma vida com alguma felicidade; interiorizar a tortura psicológica de depender de outros, pais, avós, vizinhos e instituições de solidariedade social. Basta apenas isto, para nos situarmos na dor que muita gente sente. Gente que não viveu acima das suas possibilidades, mas que os senhores do mundo, assim querendo, atiraram-os, subtilmente, para o inferno da vida. Aqueles têm direito à carne, a toda a carne, os outros que se amanhem com os ossos, se houver! Um dia, estou certo, esta crise será explicada à luz da História, não a história que alguns nos querem contar ou fazer crer, mas uma outra que narrará a monumental, "inteligente" mas perversa engrenagem em que todos caímos. Ofereceram doces, muitos doces, criaram uma atmosfera de facilidades ao mesmo tempo que, matreiramente, foram retirando direitos, um aqui outro acolá, e o povo, melhor dizendo, os trabalhadores, pouco desconfiados, foram aplaudindo, não conseguiram ver longe, ao ponto de hoje estarem claramente encostados à parede. Os tais senhores, como nunca aconteceu, têm, de facto, a faca e o queijo na mão. Hoje, desesperadamente, milhares lutam pela sobrevivência, têm medo do amanhã e, apavorados, calam-se.
Os tais senhores também andam por aqui, passeiam-se há muitos anos na Região. Estão identificados, governam e governam-se. Parecendo "perdidos a velas e a remos", retomam um novo fôlego e toca a controlar o resto da comunicação social. "Serviço Público" independente e capaz de ir ao fundo das questões, isso não, pensam. Isso constituiria colocar em xeque muitos interesses e, sobretudo, abrir os olhos a muita gente. Importante, para além do Jornal da Madeira, é tomar de assalto a televisão, colocar lá quem bem querem e entendem, fazendo da comunicação social os grandes "gestores das mentes" da próxima fase política. Tudo com o aval de Lisboa, com o enervante silêncio do Presidente da República, mas tudo no prosseguimento desse controlo da sociedade que interessa a uns quantos, também aqui, nesta região, aos tais que se estão nas tintas para o desemprego de milhares desde que aumentem a sua riqueza por via directa ou indirecta. 
Ainda no passado dia 06 de Fevereiro aqui escrevi: "oxalá não tenha o Dr. Alberto feito a Ponte para que o "serviço público" seja entregue de mão beijada a quem diz o querer isento, objectivo e de qualidade, todavia à sua maneira, à maneira do Jornal da Madeira". Pelo que corre na praça, Alberto da Ponte (RTP) já terá feito o acordo com Alberto João (PSD). Deveria explicá-lo, urgentemente, na Assembleia Legislativa. São mais sete milhões, diz-se, e uns quantos despedidos! De uma assentada, a ver vamos, serão quatro milhões para o JM, mais sete para a RTP e, enquanto isto, pasme-se, as autarquias da Região apresentam uma média de 379 dias para pagar uma factura. Mas a do Porto Santo leva 864 dias! Como as empresas não suportam prazos desta natureza, as falências vão continuar a acontecer e o desemprego a aumentar. Mas o poder, esse, continuará nas mãos dos senhores que "roubam" embora vestidos a rigor. Esta próxima fase é, indiscutivelmente, a da "gestão das mentes".
É por isto e muito mais, Senhor Bispo António Carrilho, quero eu lá saber da "fé e oração" (a propósito da resignação do Papa Bento XVI), quando há tanta gente a passar mal. Mexa-se, denuncie através da Palavra, toda esta pouca-vergonha. No silêncio será cúmplice da pobreza e da desgraça das famílias.
Ilustração: Google Imagens.

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