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sábado, 5 de outubro de 2013

CUIDADO, O JARDINISMO ESTÁ MORIBUNDO MAS NÃO MORREU


Quando, nas redes sociais, se lêem palavras como o regresso da democracia e da liberdade parece-me significativo! Considero ter sido o maior crime político cometido pela estrutura liderada pelo Dr. Jardim. Muito pior que a dívida pública. Trata-se de um crime, não sei se no contexto jurídico, mas crime no sentido literal da palavra. Porque condicionou, gerou um ambiente não de terror, mas de limitação da liberdade. E onde não há liberdade responsável cresce o despotismo. Onde a liberdade é condicionada, é limitada a criatividade, a inovação e o desenvolvimento, porque o déspota não gosta da existência de outras vozes para além da oficialmente determinada. Este sub-regime da democracia ou esta ditadurazinha travestida de democracia formal, limitou a escola, os professores, a cidadania, a discussão séria, contextualizada e responsável daquilo que é a essência da res publica, colocou empresários em sufoco constante e em silêncio, não vá ser pior, ao ponto de ficarem pregadas no tecto milhares de facturas. Os indicadores andam por aí disponíveis para quem quiser analisá-los sem qualquer pontinha de partidarite aguda! Foram 37 anos a cimentar a estrada que lhe interessou, inclusive, a do livre pensamento. Só que tudo tem um fim. Na vida política, coisa que ele não consegue perceber, não há nem pode haver gratidão. Até porque qualquer investimento tem origem nos impostos de todos nós. Quando há gratidão existe submissão, dependência e servilismo. Os políticos candidatam-se, de forma livre, para cumprirem um programa balizado no tempo. Findo o prazo devem regressar à sua profissão e ao seu local de trabalho. Ponto final. O problema é que ele quis fazer, fez e faz do exercício da política a sua profissão e da Quinta Vigia o seu local de trabalho. Cresceu e envelheceu ali. Ali morreu, politicamente. É lamentável quando um político subverte os princípios norteadores da democracia, compromete o futuro e que se deixa afundar no pântano que criou, perdendo a noção do tempo do seu tempo. Entretanto, sobre o cadáver político já voam aves. Que se entretenham. O povo, esse, certamente, seguirá o seu caminho soberano, alheio a disputas internas, porque descobriu que a sociedade é muito mais que um partido, um homem ou um conjunto de homens movidos por interesses comuns e que ultrapassam os programas com os quais se candidataram.


Eis passada a primeira de muitas semanas para sentir a democracia e a concomitante liberdade. Cruzei-me, ontem, em um supermercado, com um meu antigo aluno. Há muito não falávamos. Abraçou-me e disse: "finalmente". Finalmente o quê, questionei-o. "Posso falar", foi a resposta. Retorqui: oh meu amigo, desde o 25 de Abril que se pode falar sem o medo de ser preso! Justificou-se: sabe, eu falava em casa, mas no trabalho não, tampouco em alguns ambientes. Disse-lhe, meio a brincar, meio a sério, porque o "senhor governo" andava por perto, não é? Exacto, respondeu-me, criaram um ambiente que acabei por ter cuidado com o que dizia. Tinha um certo medo. E continuou: 7-4 colocou essa gente à tabela, já não é como eles querem que seja. Eles agora é que andam em silêncio! Pouco depois despedimo-nos mas, a caminho de casa, por entre o trânsito, fiquei a pensar naquela conversa e nos "pides" do nosso tempo. Não porque aquele sentimento constituísse novidade, mas há momentos que nos obrigam a reflectir com maior sensibilidade. Quando, nas redes sociais, se lêem palavras como o regresso da democracia e da liberdade parece-me significativo!
Ora, considero que esse foi o maior crime político cometido por esta estrutura liderada pelo Dr. Jardim. Muito pior que a dívida pública gerada pela megalomania das opções. Trata-se de um crime, não sei se no contexto jurídico, mas crime no sentido literal da palavra. Porque condicionou, gerou um ambiente não de terror, mas de subtil limitação da liberdade. E onde não há liberdade responsável cresce o despotismo. Onde a liberdade é condicionada, é limitada a criatividade, a inovação e o desenvolvimento, porque o déspota não gosta da existência de outras vozes para além da oficialmente determinada. Este sub-regime da democracia ou esta ditadurazinha travestida de democracia, limitou a escola, os professores, a cidadania, a discussão séria, contextualizada e responsável daquilo que é a essência da res publica, colocou empresários em sufoco constante e em silêncio, não vá ser pior, ao ponto de ficarem pregadas no tecto milhares de facturas, fez alastrar, pior que um polvo, os braços do poder, às câmaras, juntas, casas do povo, associativismo, e quando o estratego pressentiu que o chão lhe fugia, logo se sobrepôs com a ameaça e com a ofensa em cima de um qualquer palco, a solo, sem qualquer contraditório. Que o digam os jornalistas que não se curvaram e que foram ofendidos e que o digam tantos que militaram de forma séria e incisiva nos fóruns institucionais de debate que deveria ser democrático. Por isso entendo que este foi um crime contra a sociedade e contra o futuro colectivo. Os indicadores andam por aí disponíveis para quem quiser analisá-los sem qualquer pontinha de partidarite aguda!
Foram 37 anos a cimentar a estrada que lhe interessou, inclusive, a do livre pensamento. Só que tudo tem um fim. Na vida política, coisa que ele não consegue perceber, não há nem pode haver gratidão. Até porque qualquer investimento tem origem nos impostos de todos nós. Quando há gratidão existe submissão, dependência e servilismo. Os políticos candidatam-se, de forma livre, para cumprirem um programa balizado no tempo. Findo o prazo devem regressar à sua profissão e ao seu local de trabalho. Ponto final. O problema é que ele quis fazer, fez e faz do exercício da política a sua profissão e da Quinta Vigia o seu local de trabalho. Cresceu e envelheceu ali. Ali morreu, politicamente. É lamentável quando um político subverte os princípios norteadores da democracia, compromete o futuro e que se deixa afundar no pântano que criou, perdendo a noção do tempo do seu tempo. Entretanto, sobre o cadáver político já voam aves. Que se entretenham. O povo, esse, certamente, seguirá o seu caminho soberano, alheio a disputas internas, porque descobriu que a sociedade é muito mais que um partido, um homem ou um conjunto de homens movidos por interesses comuns que ultrapassam os programas com os quais se candidataram.
Mas, cuidado, 7-4 significa alguma coisa mas não significa tudo. O jardinismo está moribundo, mas não morreu. Foi atingido severamente, mas mantém uma rede de influências, de prestadores de serviços e sobretudo de gente, com muito dinheiro que tudo fará para reconquistar o poder perdido. O polvo tem longos braços e poderosas ventosas. Cresceu ao longo de 37 anos, foi cuidadosamente alimentado e tem uma enorme capacidade de largar tinta para camuflar-se. E vai fazê-lo, com cuidado, é certo, porque o mar está muito agitado, mas vai, com toda a certeza, em função do síndrome do poder, lutar contra a maré, porque está em causa a sua sobrevivência. Cuidado, porque a esperança de hoje pode tornar-se em mais um pesado. Torna-se, por isso, necessária uma serena conjugação de esforços, conjugando o que une as oposições em detrimento do que as desune no plano ideológico. Consolidada a democracia e erradicado o jardinismo, então sim, poderá ser tempo de cada um ir à sua vida. Por agora, não!
Ilustração: google Imagens.

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