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quinta-feira, 19 de junho de 2014

A PROPOSTA DE MÉNAGE DO PSD-MADEIRA


No plano meramente teórico, dificilmente o CDS/PP consentirá um "namoro" (político) com quem, desde sempre, foi tido como um parceiro rasca, ligado aos interesses da "Madeira-Velha", aos senhorios, aos colonos, aos ingleses e à Maçonaria, entre muitas outras e gravíssimas ofensas no plano individual dos seus dirigentes. Seria contranatura um casamento precedido de namoro parlamentar, uma clara falta de respeito por si próprio e um pontapé naquilo que diz ser o seu posicionamento filiado na doutrina social da Igreja. Juntar os trapinhos e entregar-se nos braços de quem faliu a Madeira, gerou desemprego e pobreza, parece-me arrepiante quanto à dignidade política. Mas, na política tudo é possível, pelas forças que se movem e pelas promessas "sinceras" de um "amor eterno" até que a "morte os separe".

Uma AUTONOMIA
que precisa de uma operação mamária!


É evidente que o CDS/PP está entre a espada e a parede. Daí, na óptica do seu líder, José Manuel Rodrigues, a proposta de uma ménage (moradia a três no significado original) porque "a sociedade madeirense está poluída por um ambiente de conflitualidade, radicalismo e agressividade trazido por agentes políticos" e, por isso, essa necessidade de um "ménage à trois", "inadiável" entre o seu partido, o PSD e PS na Madeira para ultrapassar a situação. 
Apesar das palavras de circunstância ditas boca fora, parece-me óbvio que José Manuel Rodrigues não está para aí voltado, por um lado, porque sabe que isso significaria trazer a raposa para dentro do galinheiro e, por outro, a população não veria com bons olhos uma vida de concubinato entre entes que se rejeitam, se ofendem e com longos anos de injúrias e difamações. Repito, alianças dessa natureza são contranaturas e espúrias. Digamos que José Manuel Rodrigues teve de fazer aquele número político, por duas razões: uma, eleitoralista, pois fica sempre bem falar de qualquer coisa que, pressupostamente, revele desprendimento, interesse pela Madeira e que o povo entenda; segundo, por razões de proximidade à coligação nacional. Ainda hoje, sem surpresa, José Manuel Rodrigues reconheceu que "Portugal precisa de uma profunda revisão da sua Constituição" porque a lei fundamental está "desadequada" e porque constitui um entrave à política do Governo da República. O meu Amigo de longa data José Manuel Rodrigues pareceu-me aquele "padre" de aldeia que dizia: "em verdade vos digo que não acredito no que digo". José Manuel Rodrigues disse e, certamente, bebeu água de seguida. Porque ele, inteligente que é, sabe que não é a Constituição que está em causa, mas quem não soube e não sabe governar. Sempre que o árbitro de futebol erra, e isso acontece tantas vezes, não vamos alterar as regras do jogo! José Manuel Rodrigues sabe que assim é e, portanto, quis passar a mão na coligação nacional e dar uma "esperança" ao pedido de namoro do PSD-M que, todos sabemos, vocifera contra a Constituição. 
Extraordinária foi, entretanto, a posição do Deputado Tranquada Gomes (PSD), depois de mil uma alterações ao Regimento da Assembleia, todas ou quase todas com a sua assinatura e sempre no sentido de coarctar a intervenção dos partidos da oposição, venha agora reconhecer que "hoje não basta um partido maioritário para resolver os problemas da Região" porque necessário se torna "um amplo consenso entre os partidos que podem ser alternativa". Isto é, andou anos a fio a "violar" (os textos, claro), a maltratar, por via disso, o debate político e agora, faz aquela declaração de amor, quase dizendo, queridos, eu passei um tempo conturbado, eu fazia sem saber porque fazia, perdoem-me, eu juro fidelidade! Eu estou num grupo onde fazemos terapia, estamos a exorcizar os nossos demónios, creiam que estamos a caminho da cura. Espantoso!
Para mim a situação é muito clara. Espero que o CDS/PP que diz ter "ideias claras" consiga perceber: primeiro, que uma coligação com o PSD-M, a probabilidade é de ambos se afundarem, porque se trata de uma reedição de uma coligação continental face à qual os madeirenses abobinam; segundo, quem foi e é o fulcro do problema, não pode ser elemento da solução; terceiro, que existem outras possibilidades, mais ou menos alargadas, que a humildade política, desde que prevaleça, poderá garantir futuro à Madeira. Finalmente, no que concerne ao PS-Madeira, enquanto partido fundamental, urge uma clarificação interna, devidamente estudada e que não afugente possíveis interessados em acabar com o jardinismo. 

Ilustração: Google Imagens.

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