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quinta-feira, 24 de julho de 2008

MÃOS LIMPAS... DE CARÁCTER PERMANENTE!

O pior para um cidadão investido nas altas funções de governante é a suspeita. A suspeita de desonestidade pelos actos de que são responsáveis. Mas também para um governado ter a sensação da eventual pouca honestidade de alguém, convenhamos que não é agradável. E a realidade é esta: ouve-se, fala-se deste e daquele e quando a história salta para o ambiente da Justiça, normalmente pedem-se provas, e tudo fica "em águas de bacalhau". Talvez porque uns têm receio de abrir a boca e dizerem o que sabem, outros, porque esta terra é pequena e tudo funciona à semelhança de um cesto de cerejas, vão aguentando desde que minimamente se safem. É uma lógica terrível. Pessoalmente, sinto-me desconfortável quando ouço e penso se eventualmente é verdade o que por aí me dizem.
Não se trata de boato, não se trata da tal inveja que o presidente do governo costuma falar, mas de fortunas que devem ser explicadas. Pelo menos algumas. Se foram construídas através do trabalho, da criatividade, da inovação e do risco, tudo muito bem. Se não foram, se as fortunas são conseguidas por meios pouco transparentes, obviamente, que a justiça deveria actuar. Só que não actua. Por ausência de meios legais, não sei, a verdade é que a imagem que resta é a de uma alegada impunidade.
Olhar para um governante ou qualquer cidadão com olhos enviesados de dúvida constitui, pelo menos para mim, uma situação deplorável. E neste aspecto, penso que não basta cruzar os dados do património ou a declaração entregue no Tribunal Constitucional. Em muitos casos é preciso ir muito mais longe e os próprios provarem as eventuais riquezas dentro e fora de portas. Implica investigação, saber se há dinheiros a circular por debaixo da mesa, se existem luvas, se existem lembranças colocadas em paraísos fiscais ou se a eventual riqueza é consequência legítima do trabalho. Simplesmente porque não é com 4 ou 5.000 euros por mês de vencimento que se alardeia riqueza.
Para acabar com as dúvidas faz falta uma operação mãos limpas mas de carácter permanente e a toda a sociedade. Porque qualquer cidadão, embora muitos defendam o contrário, deve ser o primeiro a justificar a origem da riqueza. Quem não deve não teme, diz a sabedoria popular.

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