Adsense

segunda-feira, 14 de julho de 2008

VERGONHA REGIONAL: 114.000 JOVENS (TOTAL ACUMULADO) SEM O ENSINO SECUNDÁRIO ENTRE 1997/2004

Publicou, hoje, o DN-Madeira, um excelente trabalho que reflecte o essencial de uma investigação em Educação, levada a cabo pela Drª Liliana Rodrigues. Dos dados vindos a público faço a seguinte leitura política:
O estudo concretiza, cientificamente, aquilo que vários indicadores já prognosticavam e que têm sido motivo de preocupação e de divulgação por parte do Grupo Parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da Madeira e que neste espaço temos vindo a dar conta.Desse estudo fica clara a falência da política educativa da responsabilidade dos secretários do PSD que lideraram este processo ao longo de 32 anos. Tal responsabilidade não pode, em circunstância alguma ser imputada ao Ministério da Educação mas a quem liderou o processo organizativo, gestionário e administrativo do sistema educativo.
É preciso que a sociedade assuma que esta Secretaria da Educação há muito que está esgotada e que os resultados espelham diversas incapacidades. Desde logo, a principal, que tem a ver com as políticas integradas de envolvimento de múltiplas instituições em função de um objectivo comum. Tal como há dias referi, mais do que atacar, isoladamente, um ou outro problema, muitas vezes de forma reactiva, a solução sempre esteve: nas políticas de família, nas políticas de trabalho, emprego e de justa remuneração, num tecido empresarial forte gerador de empregos estáveis e nas políticas de acompanhamento social. E isto o PSD e toda a população deverá ter consciência que não depende de Lisboa. Depende, exclusivamente, das políticas regionais.
Mas se a montante do sistema colocam-se aquelas preocupações, a jusante, outras não menos importantes justificam o insucesso, pois também não depende de Lisboa um novo e mais lato conceito de autonomia dos estabelecimentos de ensino, a desburocratização do sistema libertando os professores para melhor pensarem a escola no seu todo, a diferenciação pedagógica entre escolas, uma nova arquitectura dos espaços escolares, a substancial redução do número de alunos por escola e de alunos por turma, o aumento da oferta de cursos profissionalizantes concordantes com as necessidades do mercado, uma melhor e mais consistente acção social escolar, uma melhor formação docente inicial, contínua e especializada e, finalmente, a disponibilidade para saber ouvir e negociar as centenas de propostas em vários dossiês, oriundas dos partidos da oposição e dos parceiros sociais.
Por outro lado, se olharmos para a matriz orientadora do Sistema Educativo damos conta que ela pouco ou nada se alterou. E nada fizeram por alterá-la. A matriz é a da Sociedade Industrial e, portanto, esta Escola que está desenhada nas vertentes organizativa, curricular e programática, não pode dar resposta aos actuais e diversos contextos e exigências que a sociedade coloca. Há aqui, globalmente, uma clara disfunção entre as bases das estruturas económica, social e cultural e da Escola. Dir-se-á que o sistema educativo não interage com os outros sistemas, decorrendo daí que a Escola se apresente bloqueada na sua interacção com a sociedade. Cada um está para seu canto cumprindo rotineiras tarefas desarticuladas de um projecto comum. O resultado é o desastre que os números da investigação confirmam.
A Madeira vai pagar muito caro estas incapacidades governamentais. É uma vergonha regional, numa terra dotada de Autonomia Política e Administrativa, em sete anos, 114.000 jovens (total acumulado, por anos) terem ficado sem o ensino secundário. Só 29% dos jovens concluíram o Secundário, quando a média europeia é de cerca de 55%.
Já não há paciência para tanta demagogia e para tanta incompetência. Demitam-se.
Finalmente, parabéns Drª Liliana Rodrigues não só pelo trabalho académico mas porque está a prestar um relevante serviço à Madeira.

Sem comentários: