Se dúvidas houvesse, a posição assumida pelo Secretário Regional da Educação, relativamente a um estudo académico realizado pela Doutora Liliana Rodrigues (aqui) vem provar que constitui um erro defender a tão reclamada "dupla tutela" para a Universidade da Madeira. Desde logo porque as universidades não são regionais, são do País e têm uma dimensão universal; depois, porque, seja a que título for, permitir a presença do governo regional na instituição universitária equivale assumir a sua governamentalização e a correspondente perda da autonomia universitária. Ademais, se um dos problemas que afecta a universidade da Madeira é de natureza financeira, ora, o governo, ao entrar nesse domínio, imporia as suas regras gestionárias e, a prazo, pedagógicas. Portanto, sou contra a dupla tutela. A Universidade é do País e, portanto, compete ao Estado responsabilizar-se pela negociação dos seus orçamentos.
E vem isto a propósito da forma e do tom das posições assumidas pelo Secretário da Educação no âmbito de tal investigação. Considerar um estudo académico, que tem uma orientação e uma metodologia científicas, de "absurdo", "pueril", "frívolo", "quixotesco", mais ainda, dizer a uma Doutorada que "crianças do pré-escolar" fariam melhor análise aos números do secundário e que, por isso, o estudo é "um zero à esquerda com muitos zeros à direita", é descer muito baixo, colocando em causa a instituição universitária e os seus doutorados. Parafraseando o meu Amigo Professor Manuel Sérgio, embora noutro contexto, eu diria que eles não têm medo dos professores mas de quem pensa.
A Secretaria da Educação ao reagir da forma como o fez acabou por denunciar, claramente, o estado em que se encontra a política educativa na Região. Se dúvidas houvesse, a questão ficou esclarecida.
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