Muitos dizem que isto não vai bem. À boca pequena, de forma fugidia, aqueles com quem me cruzo no dia-a-dia, reforçam a ideia que isto vai dar para o torto. Desancam no governo regional, na sua inoperacionalidade e nos erros que estão a ser cometidos, na patente desorientação que se verifica em importantes pastas da governação, no desvio das atenções para fait-divers que nada adiantam, na perigosíssima fuga para a frente em termos de modelo de desenvolvimento, ora bem, o sentimento que fico desses encontros fortuitos é que muitos sentem que a estabilidade da Madeira e a sua própria Autonomia estão a correr graves riscos e que, se nunca houve, agora, pior ainda, vive-se no desencanto da ausência de soluções.
Mas o curioso desta situação, até pela consideração que tenho por algumas dessas pessoas, é que muitos continuam a preferir viver neste pântano, amorfos e sem capacidade de dizer em alto e bom som que esta política já deu tudo quanto tinha a dar. Há uma certa cobardia à mistura com algum egoísmo o que é gerador de um indisfarçável medo em assumir um qualquer acto de cidadania. Apesar de tudo, evidentemente que as compreendo, quando compagino o que elas pensam, com a vida profissional e familiar e, ainda, com o cerco antidemocrático (de subtil perseguição e exclusão) que está montado. Eu sei o que custa nesta Região ter uma opinião diferente. Mas, ao mesmo tempo que as compreendo, já não as aceito quando tecem comentários pouco abonatórios ao trabalho da Oposição política. Aí, alto e parem o baile da hipocrisia. Porque toda a oposição merece respeito pelos 32 anos de assídua luta, respeito pela apresentação de milhares de propostas, respeito pelas ofensas de que foram alvo, respeito pelos prejuízos profissionais e pelo "apartheid" social a que muitos foram e são votados. E a História, um dia, reflectirá isso mesmo. Se alguém não tem coluna de plastina convenhamos, meus caros, que são aqueles que, num quadro extremamente adverso, dão voz aos que não têm voz.
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