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sábado, 19 de julho de 2008

ÁFRICA: PERDÃO DE DÍVIDAS E AS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO

Em abstracto, as declarações do Presidente do Governo Regional relativamente às relações com a República de Angola e, de resto, com os PALOP, poderão fazer algum sentido. Perdoar dívidas de valor superior a 700 milhões de euros quando Portugal passa por uma crise de grande complexidade, poderá, repito, ser chocante. E de facto é se não contextualizarmos o porquê do perdão. Mas isso o Presidente do Governo Regional, demagogicamente, não aborda. É incapaz de falar a verdade em toda a sua extensão. No fundo, diz o que, politicamente, lhe interessa, ignorando o resto. Porque sabe para que audiências fala.
Ora, a questão é a de saber se se trata de um leviano gasto ou de um investimento. Embora não dominando estas áreas, como cidadão atento, entendo que este perdão enquadra-se no campo do investimento. Os protocolos assumidos obviamente que visam contrapartidas e excelentes oportunidades de negócio e de criação de riqueza para as empresas nacionais.
E é preciso que se tenha em atenção, entre outros perdões, que em 2005, recordo, o G8 perdoou qualquer coisa como 40 mil milhões de dólares junto de dezoito países africanos. E hoje sabe-se que todos esses países estão em África com todo o seu poderio industrial e de serviços. A China perdoou, até ao final do último ano, a dívida de 33 países. O governo francês assinou em Maio passado um perdão de dívida à Guiné Conakry no valor de 54 milhões. Mas em Janeiro passado, o mesmo país tinha obtido a anulação de 180 milhões de dólares e a prorrogação do reembolso de 120 milhões de dólares americanos de dívidas. E como estes exemplos, existem muitos outros. Por isso, entendo que investir em África com inteligência e rigor, sobretudo nas antigas colónias portuguesas, deverá ser entendido como uma oportunidade. Ademais, Portugal tem a sétima maior comunidade de emigrantes no mundo e muitos deles começam a estar, novamente, em Angola e Moçambique.
Por isso, dizer que «nunca a Madeira, depois do 25 de Abril, foi vítima, foi objecto de tanta canalhice, como a que nos andam a fazer», porque «o primeiro-ministro de um país teso como Portugal, vai a Angola abrir linhas de crédito» constitui um discurso muito pouco sério. Como diria o Ricardo Araújo numa publicidade de Natal... o que tu queres sei eu!

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