Uma das interrogações que há muito me acompanha é se esta velha Europa está interessada em políticas de esquerda ou se quer apenas manter as aparências de alguma bondade ditada pela consciência social. É que não basta dizer por todo o sítio que tudo quanto estamos a atravessar é consequência da crise financeira. Há mais crise para além da financeira. Há crise de princípios e de valores que se arrastam desde há muito.
Não podemos ignorar que a esquerda política subscreveu este modelo que conduziu ao descalabro. A esquerda política, romanticamente, secundarizou os princípios que sustentam as políticas do bem-estar social, deslumbrou-se com o deus mercado, favoreceu o enriquecimento de uma minoria à custa da bondade do crédito e do ter antes do ser. Distraída, ou talvez não, a esquerda ajudou os trabalhadores a baterem palmas a um conjunto de situações que acabaram por os levar para um beco de difícil saída. Sucessivamente, com paciência de santo, os senhores da aldeia global, aqueles que definem o que comer, o que vestir e até em quem votar, perante os inebriantes aplausos, foram sacando direitos, foram levando a água ao seu moinho e hoje, impunemente, estão ao largo a ver uma Europa com vinte milhões de desempregados.
Neste jogo de aparências, de uma vaca de aparente alimento sem fim, ganhou quem já tinha poder e perdeu uma esmagadora maioria edificada sob pantanosos terrenos económicos.
A questão que coloco, quando se sabe que não há receitas para a actual crise, é se esta nossa Europa estará na disposição de rever posicionamentos que não se filiem, apenas, na política do subsídio remediador, ou se deseja caminhar no sentido de um sistema que garanta estabilidade, confiança, liberdade e respeito por todos, no sentido da existência de mais justiça que direitos.
Não me parece tarefa fácil quando vejo Obama sentado no G 20 mas sem ter ao seu lado a verdadeira Europa. Ele terá ali a Senhora Merkel, Sarcozy, Berlusconi e Brown mas a Europa é muito mais do que isso. O problema que hoje se coloca à Europa (e ao mundo) não é apenas o de injectar milhões na economia mas o de saber como é que, politicamente, se corrigem os erros do passado, não apenas os erros de supervisão financeira, mas os erros ideológicos que conduzam a novos equilíbrios, à paz social e ao desenvolvimento.
A questão que coloco, quando se sabe que não há receitas para a actual crise, é se esta nossa Europa estará na disposição de rever posicionamentos que não se filiem, apenas, na política do subsídio remediador, ou se deseja caminhar no sentido de um sistema que garanta estabilidade, confiança, liberdade e respeito por todos, no sentido da existência de mais justiça que direitos.
Não me parece tarefa fácil quando vejo Obama sentado no G 20 mas sem ter ao seu lado a verdadeira Europa. Ele terá ali a Senhora Merkel, Sarcozy, Berlusconi e Brown mas a Europa é muito mais do que isso. O problema que hoje se coloca à Europa (e ao mundo) não é apenas o de injectar milhões na economia mas o de saber como é que, politicamente, se corrigem os erros do passado, não apenas os erros de supervisão financeira, mas os erros ideológicos que conduzam a novos equilíbrios, à paz social e ao desenvolvimento.
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