Cheira a ditadura legitimada pelo voto. Cheira a Senhorio face aos colonos. Cheira a nobreza, clero e o povo que se amanhe. Cheira a corrupção de princípios, de valores e gestão permanente das mentes. Já não há pachorra para os aturar, na sua "omnipresença" em tudo o que organismo público e privado, no seu ar de peito inchado, na forma arrogante como se comportam, naquele olhar de cima para baixo portador da verdade inquestionável.
Acabo de ler uma "carta do leitor", muito interessante, da autoria do Padre Martins Junior, subordinada ao título "4-44 Angola, Moçambique, Egito, Madeira". Vale a pena ler, à luz da História, dos actos dos Homens e das coincidências das datas. Deixo aqui um excerto que corresponde à parte final da carta:
"(...) Felizmente que neste 4 de Fevereiro, o Dia D, (da "Despedida") os egípcios reclamam a maravilhosa manhã do seu "25 de Abril", levantando na Praça da sua Liberdade, Tahrir; o pregão de uma vitória anunciada:"Vai-te embora Faraó, o nosso deus é o Sol". Com eles, os africanos já descobriram a síndrome dos 30 anos de poder:"Chega, vai-te embora!" É o Egipto, é o Iémen, é a Tunísia, outros virão. Trauteando a canção, diria Sérgio Godinho: "E a Madeira aqui tão perto". 4 de Fevereiro de múltiplos aniversários, um dia "fixe" para pensar em ser livre e ser pacífico!"
Tenho por assumido que há ventos de mudança um pouco por todo o lado. É sensível o seu crescimento. Pelas mais variadas razões, umas mais evidentes, que ressaltam aos olhos de qualquer pessoa que vive e sente os desequilíbrios sociais, outras, menos observáveis mas que lá se encontram, no domínio económico, geo-político, religioso, enfim, por uma extensa panóplia de factores, a verdade é que o Povo, sentindo que lhes estão a pisar os calos, como soe dizer-se, está a assumir que basta de espezinhamento e que deseja ver cumpridos os Direitos do Homem. A Europa dá sinais, ainda que ténues, dessa preocupação. Como escreveu o Dr. Mário Soares, no seu último artigo no DN-Lisboa, "a União Europeia, sem o desejar, está a mudar de paradigma de desenvolvimento".
Por razões diferentes, mas também preocupantes, a Madeira não pode manter um poder, praticamente centrado na mesma pessoa, já lá vão 35 anos. Cheira a ditadura legitimada pelo voto. Cheira a Senhorio face aos colonos. Cheira a nobreza, clero e o povo que se amanhe. Cheira a corrupção de princípios, de valores e gestão permanente das mentes.
Já não há pachorra para os aturar, na sua "omnipresença" em tudo o que organismo público e privado, no seu ar de peito inchado, na forma arrogante como se comportam, naquele olhar de cima para baixo portador da verdade inquestionável. Já não há pachorra para suportar a teia de interesses, os erros de governação, os erros estratégicos e as dívidas que afogam o presente e comprometem o futuro. Já não há pachorra para suportar a mentira, o disfarce político-carnavalesco, como se não fosse importante o agravamento da dívida, em 2009, em 37,6%, a qual, neste momento, é substancialmente superior. Não há pachorra ver uma população enganada, que não sabe onde está metida e que continua a carregar a cruz com uma quase infindável paciência. Só que a paciência também se esgota e lá vem o dia e temos um quadro egípcio pela frente! Há que evitá-lo com uma transição política rápida mas serena. Gostaria que assim fosse, porque o Mundo é feito de mudança - escreveu Camões.
Ilustração: Google Imagens.
8 comentários:
Pena que os ventos de mudança tenham cada vez menos o contribuito da força do nosso PS e que a vida interna do PS esteja a ser levada até ao PND que com arte e engenho tem sabido levar a água ao seu moinho, à custa de alguns socialistas ou pseudosocialistas. P.S.: Pode também para não haver pachorra para ouvir sempre as mesmas críticas da oposição. Sejam corajosos e apresentem factos, porque qualquer crítica tem uma origem e uma solução. A denúncia é a grande arma do Coelho... João Carlos, um militante atento :(
Obrigado pelo seu tão rápido comentário.
Todas as organizações apresentam problemas. Olhe o PSD como anda. E olhe para os demais. O problema é nós sabermos se há projecto ou não; se há pessoas ou não. Eu penso, meu Caro, que o problema reside aí. E neste aspecto, posso garantir que há pessoas e há projecto. Só não somos poder. Porque se fossemos esses pequenos problemas esbatiam-se, obviamente.
SR.Professor,por favor confirme-me se o Partido no Poder no Egipto e que sustenta o Mubarak,hà mais de 30 anos,não está filiado na Internacional Socialista,como o Partido Socialista Português que o Sr.Professor André Escórcio,mais o "grande socialista",ex-membro da Trilateral,amigo intimissimo de Frank Carluci e de Ceacescu ex-Presidenteda Roménia,amigo de peito do ex-presidente Reagan,e um fiel serventuário dos interesses americanos,ex-amigo do "grande democrata e patriota Angolano"Savimbi,rei da Jamba,de seu nome mário soares,são fieis militantes?
Obrigado pelo seu comentário.
Meu Caro, eu quero lá saber da lengalenga da Trilateral e quejandos. Eu guio-me pela minha consciência, pelos princípios e valores que integrei e nunca estive, não estou e nunca estarei ligado, directa ou indirectamente, a sociedades secretas e a interesses que ultrapassam a "carta de princípios" a partir da qual integro um partido.
Quero saber da minha terra e do seu futuro, em paz, com trabalho e com solidaridade.
Admiro a facilidade que o Sr.Professor tem em lavar as mãos.
Obrigado
Obrigado pelo seu comentário.
Eu lavo as mãos várias vezes ao dia, mas não as lavo, no sentido figurado e no plano político. Eu assumo as minhas responsabilidades e terá de convir que respeito, APENAS, as minhas convicções. Não respondo pelos eventuais erros dos outros.
Penso que se passa o mesmo com o meu Caro interlocutor.
Ainda vamos ver o Coelho a passear no Funchal, na campanha eleitoral, com uma galinha debaixo de um braço e o Serrão debaixo do outro.
Ganha de certeza.
Coelho a Presidente do Governo.
Meu Caro,
Fica clara a sua "veia" de humor. Mas, muito a sério... não se deve brincar com assuntos que são muito sérios.
A Madeira precisa de um novo rumo, de junte a credibilidade política à confiança que o Povo precisa de sentir.
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