Pois bem, jovens da minha terra, digo eu agora, aconselho-vos a seguirem uma imagem que retive de uma aula de um Catedrático que muito estimo: dizia ele, no meio de uma sessão magistral, metaforicamente, façam sempre como o "homem do aspirador". Quando todos sopravam para retirar a poeira, ele experimentou fazer o movimento contrário, de sucção. Descobriu o aspirador e ficou rico. No intervalo, alguém pediu para contextualizar a metáfora. Riu-se e disse: não perceberam, pois vejam sempre, pelo outro lado, os problemas e os dados contextuais.
Pela rádio, ouvi o Presidente do Governo Regional numa alocução à Juventude do seu partido. No meio do trânsito fui escutando aquele longo tempo de antena, a partir do qual, os editores do "portugalex" tinham muito por explorar de forma divertida. A parte que segui estava toda embrulhada em um regresso ao passado, à tal "Madeira Velha", uma vez mais, aos ingleses, aos intermediários, aos monopólios, à escola que não existia e à morte por ausência de cuidados de saúde. E então, dizia o narrador, "nós transformámos" e vocês, jovens, têm o dever de pregar, de fazer a "pedagogia", de fazer lembrar tempos idos às pessoas e mais, porque "não é justo" que nos penalizem, certamente, no próximo acto eleitoral. Lembrem-se que esta "comunicação social" não é capaz de fazer isso!
Pois bem, jovens da minha terra, digo eu agora, aconselho-vos a seguirem uma imagem que retive de uma aula de um Catedrático que muito estimo: dizia ele, no meio de uma sessão magistral, metaforicamente, façam sempre como o "homem do aspirador".
Quando todos sopravam para retirar a poeira, ele experimentou fazer o movimento contrário, de sucção. Descobriu o aspirador e ficou rico. No intervalo, alguém pediu-lhe para contextualizar a metáfora. Riu-se e disse: não perceberam (?), pois vejam sempre, pelo outro lado, os problemas e os dados contextuais. Tem mais interesse e aprendemos.
É isso mesmo, o conselho que dou, se me permitem, é realizarem um exercício de análise aquele discurso, vendo o outro lado das palavras ditas, e então, certamente, que inúmeras questões levantarão. Desde logo, não havia um Portugal Velho, ditatorial, liderado, durante 48 anos por um fascista? Então não havia em todo o espaço continental, "ilhas adjacentes" e ultramar os ingleses e outros, os intermediários, os monopolistas, a falta de escolas e de cuidados de saúde? E já agora, quem nesse tempo, no Voz da Madeira, escrevia e defendia teses pela manutenção do ultramar e, em geral, pela manutenção do regime? E sobre a transformação, então todo o Portugal não se transformou, de Norte a Sul? E isso, por lá, foi à custa de algum homem providencial, ou conseguiu-se o crescimento e o desenvolvimento através da Democracia, do trabalho dos portugueses e dos contributos da União Europeia?
São perguntas legítimas e porventura importantes. Ora, a PEDAGOGIA assenta também no questionamento, na interrogação e, já agora, no exercício que leve os jovens a perceber que razões sustentaram as obras construídas na Região, que não servem para nada, e que motivos justificam terem de pagar, no futuro, investimentos que não pediram? Pedagogia é questionar a monumental dívida pública. Questionar e esclarecer aquilo que se esconde por detrás das palavras e que comprometem o futuro. Pedagogia é perceber quais as razões para tanta pobreza e tanto desemprego. Pedagogia é perceber se os dramas ficam a dever-se a essa "maldita" Constituição? É que, o que parece, pode não ser! E, como li, há muitos anos, pela positiva, de um autor cujo nome não me ocorre: "o mais alto ensinamento do "mestre" não está no que diz mas no que não diz". Vão, por isso, à procura do que ele não disse. Certamente que se afastarão desse "mestre".
E quanto à Comunicação Social, penso que é preciso ter muito desplante para acusar a comunicação social de favorecer a oposição. Ainda hoje, no DN-Madeira, vem uma peça onde a Entidade Reguladora da Comunicação Social, perante uma queixa apresentada pelo PSD, assume que no Telejornal motivo da queixa, das nove peças informativas, sete tinham como protagonistas membros do PSD e do Governo e as restantes do PS (1) e do PCP (1). Fica claro que o vosso "mestre" deseja uma só voz, um só pensamento para poder continuar a ser o gestor das mentes. E que eu saiba, os jovens não estão para aí virados.
Os jovens devem tratar de questionar-se sobre os 4 milhões anuais entregues de bandeja ao Jornal da Madeira destinados à propaganda, questionar toda história que envolveu a nomeação do novo quadro administrador e gestor da RTP/RDP, questionar, após leitura atenta aos documentos existentes (tenho-os em mão), sobre os sectários critérios de atribuição da publicidade institucional, questionar-se sobre o funcionamento das rádios locais, enfim, a Juventude tem muito por onde estudar e questionar para que não sejam apenas seguidores de uma mensagem. Até os gatinhos, passados uns dias após o nascimento, abrem os olhos. E por aqui fico.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Meu caro André.
Ao ler o seu texto, lembrei-me do andar do carangueijo. Anda sempre de marcha atrás. Será que essa carapaça de cágado, quererá que a juventude faça marcha à ré? Ainda não lhe bastou o susto? Hoje, recebi um e-mail dum conterrâneo em que mostrava os cargos desempenhados pela família jardinista. Acredito que seja verdade, mas é sinistro. Nunca pensei que houvesse tanto job for de boys.
Aproveito para lamentar o sucedido no Seixal.
Um abraço de amizade.
Obrigado pelo seu comentário.
Eu acrescentaria que tudo isto parece transportar o sinal do desespero. No mar, os aflitos, agarram-se a qualquer coisa. Em terra e na política, quando a aflição chega, tendem a encontrar suportes para a continuidade. Neste caso, a Juventude, serve de bóia. É a minha leitura.
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