Ora, sendo assim, perguntar-se-á, então, onde se situa o problema, em suma, onde devemos actuar para que os resultados possam melhorar de forma sustentável e consistente? Não devemos ficar pelas justificações de circunstância, que os programas actuais não são adequados ao tipo de prova de exame ou, então, "estes pequenos vêm mal preparados". No fundo, a lógica militar, onde o capitão descarrega no alferes, este no sargento, até chegar ao soldado, coitado, que paga as favas. O soldado, neste quadro, é o professor.
Os resultados das provas de exame do nono ano (2011) não constituíram, pelo menos para mim, surpresa. Nunca me deixei impressionar pela melhoria registada entre 2006 e 2009, com algumas oscilações de permeio. Tais melhorias devem-se a múltiplos factores circunstanciais que não os do conhecimento efectivo. E agora, esta nova queda, acima dos dez pontos percentuais, quer no Português (14%), quer na Matemática (9,7%) em relação às positivas do ano de 2010, acabou por denunciar, claramente, que o problema sempre foi muito mais profundo.
É evidente que, em 2005, quando soou a campainha de alarme, recordo que a Matemática apresentava, na altura, 29,3% de positivas, determinadas preocupações acabaram por resultar positivamente, ao ponto da disciplina de Português, em 2007, ter apresentado 86,4% de positivas e a Matemática, em 2008, 83,2% de positivas. Isto prova alguma melhoria resultante do esforço feito mas, atenção, os gráficos demonstram que as oscilações nos permitem a leitura da inconsistência do processo. Ora, sendo assim, perguntar-se-á, então, onde se situa o problema, em suma, onde devemos actuar para que os resultados possam melhorar de forma sustentável e consistente? Trata-se de questões fundamentais, simplesmente porque não devemos ficar pelas justificações de circunstância, que os programas actuais não são adequados ao tipo de prova de exame ou, então, "estes pequenos vêm mal preparados". No fundo, a lógica militar, onde o capitão descarrega no alferes, este no sargento, até chegar ao soldado, coitado, que paga as favas. O soldado, neste quadro, é o professor.
Ninguém quer saber da sociedade, das várias desestruturações, ninguém quer saber dos níveis de pobreza, quem deveria acaba por passar ao lado do desemprego como gato sobre brasas, não quer saber da (des)organização social, dos estados de solidão dos jovens, quem deveria, teimosa e acefalamente, continua a defender estabelecimentos de ensino maximizados, turmas construídas a régua e esquadro, burocracia que não serve para nada, projectos curriculares de turma muito bem elaborados para o senhor(a) inspector(a), mas que podem não ser verdadeiros na sua aplicação, quem deveria, continua a ignorar a autonomia pedagógica, inunda de papel e regras os docentes tornando-os, apenas, executores de tarefas, quem deveria não liberta as escolas para o conhecimento essencial em detrimento do acessório e quem deveria, de Educação pouco ou nada sabe. E se isto digo apenas é pela constatação de que não gostam e não querem ouvir ninguém. Estão lá, na sua torre de marfim, impenetráveis ao conhecimento existente para além dos seus muros ou "bunkers".
Não têm essa sensibilidade, de ver para além do horizonte visual e assim mastigam e mastigam na mais completa e enervante rotina. Perguntará o titular da pasta da Educação: mas o que tenho a ver com a sociedade e com os seus dramas? Respondo eu: e o governo, no seu conjunto, não compreenderá que é das medidas compaginadas entre todos que, a prazo, os resultados, não só na educação, mas em todos os outros sectores, poderão melhorar? Ora, o que verifico é a não existência de governo mas de um conjunto de personalidades com actividade individual ao jeito de... o meu está feito!
Um sistema educativo portador de futuro tem de procurar as causas, não pode ficar pela superfície. Leva mais tempo, é certo, mas gera futuro. Ouvi que iriam aumentar o número de horas semanis naquelas disciplinas. Ora, essa opção nada resolverá tal como face a uma ferida profunda e complexa não é com um penso rápido que se a cura.
Considero, por isso, que precisamos de uma nova mentalidade governativa (na Madeira) capaz de dar sentido, dar rumo, sabendo que esse caminho é difícil, esgotante, extremamente complexo e para muitos anos. Está nas mãos do povo acreditar nesse rumo. Ah, já gora, acreditar na capacidade dos professores.
Ilustração: Google Imagens.
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