Custa subir à tribuna da Assembleia para disparar, sem dó nem piedade, sobre a República e o Engº José Sócrates, mais custa ter agora que reler os textos e engoli-los em seco, como vulgarmente se diz.
Destaca o DN, a propósito do recente acordo para a reconstrução, assumido entre o governo da república e o da região autónoma da Madeira: "não estive atento às notícias. Não conheço os montantes em causa no acordo. Será melhor contactar a direcção do Grupo Parlamentar...". Este foi o resultado do inquérito feito aos deputados do PSD. Interessante, muito interessante. Isto é o que se chama engolir um elefante. Depois de meses e meses, anos, melhor dizendo, a bater forte e feio no Primeiro-Ministro, à mistura com o habitual azedume, as senhoras e os senhores deputados do PSD, tendo em memória tudo o que disseram, sentem-se, agora, visivelmente desconfortáveis. Eu compreendo-os, porque para além do exercício da política têm uma cara.
Se custa subir à tribuna da Assembleia para disparar, sem dó nem piedade, sobre a República e o Engº José Sócrates, mais custa ter agora que reler os textos e engoli-los em seco, como vulgarmente se diz. Não há volta a dar a esta situação. Confesso que também me sentiria embaraçado. É por isso que tenho muito cuidado na intervenção política. Não falo de pessoas e não as agrido, apenas discuto políticas e convicções.
Com o Engº José Sócrates em fundo, directa ou indirectamente, há caudais de ofensas à dignidade política e até ao seu bom nome. É que não foram, apenas, questões de divergência política, absolutamente normais em democracia. Foi muito mais do que isso. Agora, viu-se quem tem postura de Estado, quem assume responsabilidades e quem faz da humildade política uma bandeira. Era uma questão de tempo. E as senhoras e os senhores deputados do PSD sentiram isso, incorporaram esse desconforto e, portanto, nada mais natural do que a resposta, segundo o Diário, que deram ao jornalista... será melhor contactar a direcção do grupo parlamentar!
Nota:
Esta manhã, em conferência de líderes de grupos parlamentares, o PSD chumbou a proposta do PS que visava um debate, com carácter de urgência, sobre o "Desemprego na Madeira". Um drama que afecta 15.000 pessoas. Lamento esta decisão, por dois motivos: primeiro, porque se trata de um assunto muito sério, que afecta muitas famílias que estão a passar muito mal; segundo, a pergunta persiste, para que serve a Assembleia?
Ilustração: Google Imagens.
4 comentários:
Engolir em seco...
O Sr.Professor está muito bem acompanhado, hoje, no DN...
Embora, desagradavelmente, obrigado pelo seu comentário.
Sabe, eu não tenho nada de "engolir em seco". Tenho cerca de 40 anos de trabalho, por direito e com uma penalização, decidi aposentar-me. Defendo que o Estatuto político-Administrativo da Madeira há muito que deveria ter sido revisto e, se não foi, a culpa não é minha, é única e exclusivamente do PSD. Nunca fiz da política uma carreira, pelo que esta situação é apenas circunstancial e de alguns meses. Defendo que não deve haver subvenções vitalícias e que os Deputados e outros apenas devem receber um terço do seu vencimento enquanto aposentados. Se existe a obrigação de receberem por inteiro, meu Caro, pergunte ao PSD porque razões tal acontece. Não é com o meu voto, obviamente.
Sr. Deputado
Não tem sentido ser verdade o que afirma o Diário de Notícias de hoje.
Face ao seu posicionamento.
Então, ganha duas subvenções por inteiro?
Se é contra lute por isso. Mas primeiro, actue em conformidade. Entregue os 2/3 que usufrui a mais ao partido,faça como quiser. Mas ganhar duplamente e ficar quieto a usufruir, é desprimoroso para o chefe do grupo parlamentar do maior partido da oposição da Madeira. O presidente do Governo disse em tempos (quando se reformou) que só recebia 1/3 de uma das subvenções. Será que só o Sr. é que ganha duas vezes?
De qualquer forma, obrigado pelo seu comentário.
Remeto-o para a leitura de um post hoje publicado. Apenas uma nota: não é verdade que esteja quieto!
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