Senhor Director Regional, Dr. Carlos Andrade, por favor, não brinque com assuntos que são muito sérios. A propósito da colocação de professores disparou: "(...) em comparação, na Europa é um professor para 15 alunos. No continente é um para 12. E na Madeira é um para 7 (...)". Sinceramente, não esperava tamanha demagogia, até porque tenho o Dr. Carlos Andrade em muita consideração. Mas aqui, saliento, estou a discutir política. E neste âmbito aquela declaração coloca, certamente, direcções executivas, professores e encarregados de educação com vontade de vociferar. Simplesmente porque não é verdade. Quando se diz que, na Madeira, a relação é de um professor para sete alunos, a leitura imediata que qualquer pessoa faz é que, afinal, temos uma rácio fantástica. E não é verdade.
Se as contas do director regional são a de uma simples divisão do número total de alunos pelo número total de professores, é natural que seja de um para sete. Só que, entre outras situações, e são muitas, há seiscentos professores destacados ou requisitados que, portanto, não estão ao serviço da docência. Apenas fazem parte do sistema. Que fique claro, há turmas, muitas, de 25, 30 e mais alunos. Ou é necessário deixar aqui exemplos? Nem no ensino particular é assim, onde a Região distribui 25 milhões de euros anuais!
Mas há mais. Com uma rácio de um para sete, questiona-se, então, quais as razões de tanto insucesso e de tanto abandono? Ah, a questão social... pois, é verdade que constitui um dos factores determinantes no sucesso e que, neste aspecto, com pobreza, desemprego e emigração está feito o "cocktail" que tem conduzido milhares de alunos à retenção e, posteriormente, ao abandono. Mas esse é um problema que o governo tem de resolver a montante e de uma forma estrutural. Nada tem a ver com a rácio apontada.
Finalmente, admitamos que o governo está a falar a verdade, que a rácio é de um para sete. Então, pergunto, que tipo de organização e de pensamento estratégico a Madeira dispõe relativamente ao sistema educativo para que, genericamente, salvo raras excepções, a Região se encontre em arrepiantes lugares nas estatísticas nacionais? Não bate a bota com a perdigota.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário